Os três genes do sistema HLA que serviram ao grupo de investigação da Universidade da Madeira para traçar o perfil genético da população portuguesa do continente desempenham um papel fundamental na resposta do sistema imunitário contra as agressões de agentes patogénicos ou outros.
São esses genes que codificam - ou seja, dão a instrução para a produção - um grupo de proteínas muito particular que tem por missão reconhecer os elementos estranhos ao organismo, ou seja, os potenciais agressores. Essas pequenas estruturas proteicas implantam-se depois na parte externa das membranas das células e funcionam como sensores.
"É por isso que a caracterização destes três genes na população é importante para a área dos transplantes de órgãos ou tecidos", diz o investigador Hélder Spínola do Laboratório de Genética Humana da Universidade da Madeira e principal autor do estudo. E explica "Quando um doente de leucemia, por exemplo, precisa de um transplante de medula óssea, só pode recebê-lo de alguém compatível a esse nível, para que não haja rejeição e o tratamento possa ter o efeito desejado, que é a cura".
O conhecimento sobre as diferentes formas que cada um destes os genes assume (e são muitas possíveis) permite, justamente, perceber essa compatibilidade.
"Com esta nova caracterização da população portuguesa no território continental, dá-se mais um passo nesta área", explica o investigador, sublinhando que isso "torna possível calcular com mais rigor quais os tecidos ou órgãos compatíveis que são mais fáceis ou mais difíceis de encontrar para um determinado doente".
Não se encerra aqui, no entanto, o capítulo das repercussões destes três genes na saúde. "Há determinadas formas destes genes HLA que estão ligadas a certas doenças, como algumas doenças auto-imunes [em que o sistema imunitário se volta contra o próprio organismo, porque não o reconhece como tal], como algumas afecções reumatóides", nota o investigador.
Uma dessas doenças é a espondilite anquilosante, uma doença inflamatória de tipo reumatóide, que está associada a uma forma específica do gene HLA-B, que é a B27, embora haja também outros genes envolvidos. Para avaliar melhor esta relação, o grupo da Madeira está a desenvolver um estudo genético com pessoas que têm esta doença na Ilha Terceira, nos Açores, em colaboração com o hospital de Angra. Outro projecto em perspectiva, depois da caracterização genética da população da Madeira, é estabelecer ali um registo regional de dadores para transplantes.
(DN Online)
terça-feira, maio 17, 2005
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