segunda-feira, agosto 08, 2005

E que tal uma queixa por descriminação?

No hospital de Santa Maria, internamento das urgências obstétricas, estão muito avançados para a época: as grávidas têm direito a apoio do marido, parceiro, namorado, em horário de visita muito alargado, caso tenham marido, parceiro, namorado. Se forem grávidas em produção independente, lésbicas com inseminação artificial, se o marido estiver em missão no Iraque, se o parceiro trabalhar em Inglaterra na apanha do morango, se o namorado tiver dado de frosques, já não precisam de apoio algum e, portanto, nada de irmãs, mães, amigas. Desenrasquem-se sozinhas, porque passarinha não entra.
Irmãos, primos, tios, avós, se assumirem o papel do macho responsável pela obra, podem permanecer. Ninguém confirma identidades. Interessa é ser homem. Até pode ser travesti
. Se tem o selo, pertence ao clube dos eleitos.
E que bom é estar na enfermaria, de perna aberta, respondendo às questões íntimas postas pela senhora enfermeira, que depois efectua a muda dos pensos e nos mostra a arrastadeira, e tudo e mais alguma coisa - isto, para poupar pormenores - enquanto os marmanjos amolecidos, em "apoio" às camas do lado, os quais não conhecemos de lado nenhum, e pedimos a Deus que nunca no-los dê a conhecer!, ouvem a data da nossa última menstruação, ficam a saber se somos certas, quantas vezes por dia vamos à casa-de-banho, e tudo e mais alguma coisa - isto, para poupar pormenores.
Este é o mundo que observo: perfeito!

visto em 'O mundo perfeito'

http://omundoperfeito.blogspot.com/

Lê-se e custa a acreditar. Quero dizer, custaria a acreditar se não estivessemos em Portugal. Um país em que, há poucos anos, duas irmãs se viram 'em palpos de aranha' para comprarem casa juntas. Parece que por serem duas mulheres, não podiam...
Quando é que estes casos começam a chegar às instâncias competentes, nacionais e europeias, acompanhados das respectivas queixas de descriminação?

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