sábado, agosto 06, 2005

Hiroshima



O Japão assinala hoje os 60 anos da explosão da bomba atómica em Hiroxima, que matou 120 mil pessoas, destruiu esta cidade do Sul do país e levou à capitulação nipónica na II Guerra Mundial. Tóquio aproveitou a data para pedir a eliminação completa das armas nucleares através de um projecto de resolução que irá apresentar na ONU.Para assinalar esta data, o Governo japonês reviu a minuta que entrega anualmente desde 1994, simplificando o texto e sublinhando a prioridade de restabelecer a confiança no Tratado de não Proliferação Nuclear. O céu de Hiroxima encheu-se ontem com dez mil balões em forma de pomba com mensagens de paz de membros do Greenpeace, em homenagem aos que morreram no bombardeamento. Voluntários japoneses e estrangeiros, entre eles familiares das vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA, realizaram a "marcha da pedra". Na sua peregrinação de 600 quilómetros, estes voluntários levaram de Nagasáqui a Hiroxima uma estela em pedra de 700 quilos em homenagem a "todos os civis desconhecidos mortos na guerra"."Nós, americanos, pedimos perdão pelas atrocidades de 6 e 9 de Agosto cometidas contra os habitantes de Hiroxima e Nagasáqui", disse Andrea LeBlanc, cujo marido morreu no segundo avião que explodiu contra as Torres Gémeas.Hoje recorda-se um acontecimento que 60 anos depois "continua a destruir o corpo e o coração das suas vítimas", explicou Sunao Tsuboi, um dos últimos hibakusha, como são conhecidos os sobreviventes de Hiroxima.Muitos deles afirmam ter sido vítimas duplas dos americanos e dos seus próprios compatriotas, pela incompreensão de que foram alvo depois da catástrofe. Naquela altura acreditava-se que a radiação era contagiosa e, por isso, as vítimas da explosão nuclear foram discriminadas. teses. Apesar de terem passado 60 anos, a decisão do presidente Harry Truman de usar bombas atómicas em Hiroxima e Nagasáqui ainda deixa os historiadores divididos entre os que falam de uma genial decisão militar e os que a apelidam de crime contra a humanidade.A tese tradicional defende que Truman, uma vez na posse da bomba nuclear, não tinha outra opção senão usá-la contra os japoneses.Segundo cálculos contemporâneos, perto de 250 mil soldados aliados poderiam ter morrido em caso de invasão do Japão, um número demasiado pesado numa guerra que já durava há seis anos.Mesmo em 1945, os responsáveis americanos estavam divididos sobre o recurso à bomba atómica. Sete cientistas do Projecto Manhattan pediram que fosse dada uma hipótese aos japoneses de capitular.O ex-presidente Herbert Hoover intercedeu junto de Truman para prometer aos japoneses que poderiam manter o imperador se o Japão capitulasse. No entanto, para Peter Kuznick, historiador da American University, em Washington, os bombardeamentos de Hiroxima e Nagasáqui são "crimes contra a humanidade".Segundo Kuznick, a Administração Truman não tomou a decisão em função dos cálculos de baixas numa possível invasão, mas porque queria acabar com a guerra antes que a União Soviética pudesse participar na invasão do Japão, o que teria provocado problemas geopolíticos na Ásia do pós-guerra. O professor Tsuyoshi Hasegawa, da Universidade da Califórnia, defende igualmente esta tese, dizendo que a entrada da URSS na guerra do Pacífico teria sido o factor decisivo para o bombardeamento de Hiroxima e Nagasáqui.

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