A promoção de Portugal como o país da mão-de-obra barata feita pelo ministro da Economia nada tem de novo, há décadas que os políticos deste país o fazem. O mesmo não se pode dizer de o ministro ter acrescentado que os trabalhadores portugueses além de ganharem pouco são mansos, mas não me parece que as palavra do ministro mereçam muita atenção, trata-se de uma figura anedótica da governação portuguesa, todos os governos têm os seus bobos, em vez de questionarmos Sócrates pelas suas políticas vamos batendo no bobo da corte.
Mas é muito grave que um governo supostamente de esquerda estruture os seus projectos num modelo económico assente em salários miseráveis, quando um membro do governo diz as potenciais investidores estrangeiros que venham para Portugal porque cá os salários são baixos está a partir do pressuposto de que essa realidade é para manter, as decisões dos investidores são adoptadas tendo em conta cenários que vão para além do longo prazo.
Isso significa que Sócrates e o seu governo ainda não entenderam que enquanto este país apostar na mão-de-obra barata não sairá do círculo vicioso do subdesenvolvimento, passadas décadas a economia portuguesa ainda não conseguiu romper com o modelo económico herdado do salazarismo. Quando Pinho garante aos empresários chineses que os trabalhadores portugueses são mansos está, afinal, a dizer que a democracia e o discurso político de Sócrates conseguiu a paz social, algo que a ditadura não conseguiu com meios policiais.
O ministro Manuel Pinho deveria demitir-se, não por aquilo que disse mas por o dizer de uma forma que fez de nós idiotas. Que ganhamos mal todos sabemos, mas um ministro ir para a China dizer que somos mansos já é demais.
a ler n'o Jumento
sábado, fevereiro 03, 2007
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