segunda-feira, junho 13, 2005

ATÉ AMANHÃ, CAMARADAS...

Morreu Álvaro Cunhal

Álvaro Cunhal faleceu esta segunda-feira de madrugada, aos 91 anos. A morte do líder histórico dos comunistas, que liderou o seu partido de 1961 a 1992, foi anunciada pelo PCP «com profunda mágoa e emoção».


Cunhal liderou o Partido Comunista de 1961 a 1992, tendo passado 11 anos na prisão, tendo ficado conhecido pela fuga espectacular do Forte de Peniche a 3 de Janeiro de 1960.


Em comunicado, o Comité Central acrescenta que a melhor maneira de homenagear Cunhal é a de «prosseguir a luta que ele travou até aos últimos dias de vida, sempre com confiança no futuro, pelos interesses e direitos dos trabalhadores, por uma sociedade de liberdade e democracia».


Álvaro Barreirinhas Cunhal nasceu a 10 de Novembro de 1913 tendo, 17 anos depois, decidido que queria ser comunista.

Filiou-se no PCP em 1931, cinco anos mais tarde entrou para o Comité Central do partido, tendo sido preso pela primeira vez em 1937 no Aljube e em Peniche.

Em 1940, foi escoltado pela polícia até à Faculdade onde apresentou uma tese sobre o aborto e a sua despenalização a qual foi classificada com 19 valores.

No ano seguinte, passou à clandestinidade, tendo em 1947 posto novamente o partido de pé. Em 1949, é preso sendo então condenado a quatro anos de prisão a que se seguirão oito anos de degredo.

Depois da fuga da prisão de Peniche, é eleito secretário-geral do partido. Em 1964 publicou «Rumo à Vitória», cujas teses perduram no núcleo duro do PCP.

Regressou a Portugal cinco dias após o 25 de Abril, tendo sido eleito como deputado entre 1975 e 1992. Em 1982, tornou-se membro do Conselho de Estado, abandonando este posto dez anos depois quando saiu da liderança do PCP.

Para além da sua vida, que se confundiu com o PCP, Álvaro Cunhal notabilizou-se ainda pelos desenhos que fez na prisão, bem como pela sua obra literária, quase toda sob o pseudónimo de Manuel Tiago.

Sob este pseudónimo, escreveu entre outros «Até Amanhã Camaradas», «Cinco Dias e Cinco Noites», «Estela de Seis Pontas» e «A Casa de Eulália».


(desenho de Álvaro Cunhal)

2 comentários:

Anónimo disse...

Estou triste, Mafaldinha, muito triste... Perdeu-se um dos maiores políticos do século vinte, fiel aos seus ideais e sempre coerente com ele próprio o que já de si é algo que poucas vezes se vê nos dias de hoje. E deve de ter morrido com uma certa amargura por ver que todas as injustiças sociais contra as quais combateu uma vida inteira estão mais injustas que nunca. E não me esqueço de Vasco Gonçalves, pessoa a quem devemos o décimo terceiro mês e o salário mínimo. Duas pessoas íntegras e apaixonadas pelos seus ideais como há poucas.

Anónimo disse...

A coerência e a fidelidade aos ideais são coisas raras nos dias que correm. Desapareceram duas figuras incontornáveis na nossa história; concorde-se ou não com o seu percurso político, merecem todo o respeito enquanto pessoas que lutaram por aquilo em que acreditavam.

Arquivo do blogue