António Damásio, neurologista português e um dos maiores especialistas mundiais nos mecanismos de funcionamento do cérebro, foi ontem galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias da Investigação Científica e Técnica 2005. A distinção, anunciada ontem, em Oviedo, pelo júri, visa reconhecer a contribuição dos estudos do especialista na luta contra "doenças como Parkinson e Alzheimer que, pela sua gravidade e extensão, tanto preocupam a humanidade".
Considerado um dos pais das teorias sobre o "cérebro emocional" - com recurso a técnicas de imagem que revelaram novos aspectos sobre o papel das emoções nas diferentes funções cognitivas -, Damásio foi escolhido entre 58 candidaturas de 23 países diferentes, entre os quais a Espanha, a Alemanha, os EUA, a Suécia ou o Reino Unido. Outro dos nomeados era o físico espanhol Juan Ignacio Santurian, e havia ainda uma candidatura conjunta dos biólogos Peter Lawrence e Ginés Morata.
O nome do neurologista português, cuja candidatura teve o apoio da Sociedade Espanhola de Neurologia, foi escolhido tendo em conta os seus estudos "essenciais" para a "compreensão do funcionamento das áreas cerebrais onde estão envolvidas a tomada de decisões e a conduta". Investigações vistas como "decisivas para o conhecimento das bases cerebrais da linguagem e da memória" e da influência do cérebro na "elaboração dos sentimentos". A pesar na decisão do júri, presidido por Rodriguez- -Villanueva, está ainda o trabalho de divulgação de Damásio, que tem contribuído para aproximar "as neurociências à sociedade".
Actualmente director do Departamento de Neurologia da Universidade de Iowa, nos EUA -onde criou, com a sua mulher, Hanna Damásio, um laboratório de investigação cognitiva - o cientista nasceu na capital portuguesa, em 1944. Doutorado em Medicina pela Universidade de Lisboa, passou pelo Aphasia Research Center de Boston, nos EUA, antes de regressar ao Departamento de Neurologia do Hospital Universitário de Lisboa. Hoje, é também professor no Instituto Salk de La Jolla, na Califórnia.
Além de inúmeros artigos científicos, o neurologista é autor de obras como O Erro de Descartes Emoção, Razão e o Cérebro Humano, Ao Encontro de Espinosa ou ainda The Person within the mental self. Membro do Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências (EUA) e da Academia Americana das Artes e Ciências, o investigador pertence ainda à Academia Europeia das Artes e Ciências e à Real Academia de Medicina da Bélgica.
Segundo o comunicado da Fundação Príncipe das Astúrias, responsável pela atribuição do galardão, o prémio consiste na atribuição de 50 mil euros, assim como na oferta da reprodução de uma estatueta desenhada por Joan Miró.
quinta-feira, junho 23, 2005
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