A Assembleia da República aprovou ontem dois votos de pesar pela morte de Álvaro Cunhal e Vasco Gonçalves, mas as bancadas do PSD e do CDS/PP recusaram votar os elogios ao percurso e qualidades políticas do líder histórico do PCP e do antigo primeiro-ministro. PS, PCP, BE e Verdes foram suficientes para aprovar os votos na totalidade, mas aquelas duas bancadas apenas votaram favoravelmente a parte respeitante ao pesar pela morte e envio de condolências às respectivas famílias.
"A luta continua. Cunhal continuará a viver nos nossos corações", afirmou, em tom sentido, Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP, cargo que Álvaro Cunhal ocupou durante 31 anos. Jaime Gama, presidente da AR, falou num "referencial de esperança" e o ministro Santos Silva "num dos construtores da democracia portuguesa".
Ainda à esquerda, Alberto Martins sublinhou o facto de ter "morrido um grande português", Louçã prestou homenagem ao homem que deu "um contributo ímpar para a história portuguesa do século XX" e Heloísa Apolónia lembrou a convivência entre PCP e Verdes para salientar o "profundo respeito pelas diferenças" de Álvaro Cunhal.
Miguel Macedo, do PSD, disse que o seu partido "não acompanha os elogios políticos" ao histórico comunista, enquanto Nuno Melo falou em "visão errada do mundo que não era a nossa". No final, as duas bancadas abstiveram-se. Ao lado de PSD e CDS esteve ainda um socialista, Ricardo Gonçalves.
Já o voto de pesar pela morte do general Vasco Gonçalves, primeiro-ministro de quatro dos seis Governos provisórios entre 1974 e 1976, dividiu ainda mais as bancadas parlamentares. Neste caso, PSD e CDS votaram mesmo contra as referências elogiosas ao percurso do general. Do outro lado, uma vez mais, PS, PCP, BE e Verdes.
Marques Júnior, do PS, falou num "grande patriota" e na "generosidade da sua acção política". Agostinho Lopes usou um tom mais sentido "Tu foste homem inteiro. Tu, companheiro Vasco. Não choraremos bastante este homem bom e generoso". Heloísa Apolónia, do PEV, classificou-o como um "engenheiro da justiça social" e Luís Fazenda realçou o "homem frontal e patriota".
Também o Governo, pelo ministro Santos Silva, realçou que "a democracia faz-se da pluralidade de todos nós", para criticar a recusa das bancadas à direita em votar favoravelmente o documento.
sexta-feira, junho 17, 2005
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2 comentários:
Mas é que não fizeram mesmo! Por vontade deles ainda se vivia em 24 de Abril de 1974!...
Ah...mas tu não percebes mesmo nada: então tu não sabes que eles eram os democratas do Estado Novo? Os que têm idade para isso, claro...
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