Desculpe se o matei: foi sem querer...
Ao terror acéfalo dos bombistas, sucede-se a paranóia neurótica da polícia inglesa.
Estou convencido que aquilo que aconteceu com o cidadão brasileiro poderia ter acontecido com qualquer outro. Bastaria para tanto que, nas palavras da polícia inglesa, andasse de casaco grosso num dia de calor. Calor para os londrinos, claro, não para alguém habituado ao clima tropical. Seria talvez suficiente que uns tipos à paisana corressem aos berros atrás dele, para que se assustasse receando algum episódio de xenofobia.
Depois, receando que fosse um bombista suicida, alveja-se com oito tiros: não sou perito em bombas, mas tenho a impressão que disparar sobre um eventual bombista num local cheio de gente, não será grande receita.
Terá ainda, nos termos das explicações da polícia, saído de um bloco de apartamentos sob suspeita e vigilância. Então porque não o interpelaram logo à saída de casa?
Foi uma precipitação da polícia londrina, contrastante com a tão propalada fleuma.
Que estão submetidos a uma enorme pressão compreende-se, sobretudo quando descobrem que de muito pouco lhes serve o controle quase delirante que fazem nos aeroportos, dado que o perigo convive com eles. Quando concluem que uma câmara de vigilância em cada esquina não é suficiente para evitar ataques hediondos.
Não se compreende que atirem a matar sobre o primeiro indivíduo que lhes pareça suspeito.
Fica aqui um conjunto de recomendações para quem nos próximos tempos visitar Londres.
1º Se alguém vos berrar qualquer coisa, mesmo que não percebam o que diz, parem: vale mais ser assaltado, levar um enxerto de pancada de uns hooligans do que ser baleado.
2º Mesmo que tenham frio, não se esqueçam que para os londrinos o nosso Outono é Verão, por isso andem de T-shirt, camisa, etc. e, se não resistirem ao frio, candidatem-se a abrir falência deslocando-se num dos exorbitantemente caros táxis londrinos, mas de metro nunca com um casaco.
3º Uma boa solução para contornar todos estes problemas será pintarem-se de loiros ou disfarçarem-se de punks: ficarão então uns londrinos perfeitos. Se estiverem dispostos a apanhar uma bebedeira na noite de Picadilly, então o disfarce estará completo.
Se nada disto resultar, fiquem tranquilos que, depois de mortos, a polícia inglesa pede-vos desculpa. Pelo menos são bem educados: desculpe se o matei, sim?
visto 'Votem nas putas, que nos filhos não resultou'
quarta-feira, julho 27, 2005
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2 comentários:
Como cidadã brasileira fiquei indignada pelo fato ocorrido. Posso compreender que a morte do rapaz brasileiro está inserido em um contexto da violência global, gerada pela ganância de uns, como resposta de outros. Ele foi mais uma vítima.
Mas, não consigo aceitar o despreparo e a imprudência da polícia inglesa, considerada de primeiro mundo. Pior ainda, tentando se justificar em vão para a família do jovem e para o seu país aquele crime covarde e de extermínio. Transformaram o episódio em uma morte equivocada e lamentável com explicações sem fundamentos.
O fato é que a polícia falhou em serviço e não reconheceu sua culpa grave. Pois, há muita pompa e arrogância para tal atitude. E no vácuo, a maioria dos ingleses, conforme o resultado de uma pesquisa de opinião divulgada na mídia, aprovaram como politicamente correta a atitude da polícia devido as circunstâncias.
Na verdade, este comportamento aprovado é mais primitivo do que aqueles encontrados em nossas aldeias indígenas brasileiras. Com certeza, o jovem brasileiro foi classificado como um ser de terceiro mundo, retratado como “Zé Carioca”, personagem de revistinha em quadrinhos de do Walt Disney , que rotulou o carioca como um papagaio malandro, avesso ao trabalho, que curte sol, samba, mulata e futebol. Mas , se for perguntar aos jovens estudantes londrinos em Oxford o nome da capital brasileira, muitos responderão que é Buenos Aires.
No entanto, aquele brasileiro executado sem prévia defesa levava sério a sua vida. Tanto que deixou para trás sua família e sua cultura, para melhorar seu padrão social sem maiores perspectivas no Brasil. Era apenas um jovem eletricista e a Inglaterra foi o país que ele escolheu para mudar o seu destino. Na certa, ele jamais imaginou o que se sucederia.
E se um jovem ingles que morasse no Rio de Janeiro fosse morto por motivos circunstancias da violência gerada em nossas terras, como ser executado entre balas perdidas nos confrontos de traficantes e policiais nas favelas do Rio de Janeiro? Outra vítima inocente de um equívoco? Quantas vítimas existirão ainda mais?
Yes, nós temos banana! Mas não somos terroristas.
Como cidadã brasileira fiquei indignada pelo fato ocorrido. Posso compreender que a morte do rapaz brasileiro está inserido em um contexto da violência global, gerada pela ganância de uns, como resposta de outros. Ele foi mais uma vítima.
Mas, não consigo aceitar o despreparo e a imprudência da polícia inglesa, considerada de primeiro mundo. Pior ainda, tentando se justificar em vão para a família do jovem e para o seu país aquele crime covarde e de extermínio. Transformaram o episódio em uma morte equivocada e lamentável com explicações sem fundamentos.
O fato é que a polícia falhou em serviço e não reconheceu sua culpa grave. Pois, há muita pompa e arrogância para tal atitude. E no vácuo, a maioria dos ingleses, conforme o resultado de uma pesquisa de opinião divulgada na mídia, aprovaram como politicamente correta a atitude da polícia devido as circunstâncias.
Na verdade, este comportamento aprovado é mais primitivo do que aqueles encontrados em nossas aldeias indígenas brasileiras. Com certeza, o jovem brasileiro foi classificado como um ser de terceiro mundo, retratado como “Zé Carioca”, personagem de revistinha em quadrinhos de do Walt Disney , que rotulou o carioca como um papagaio malandro, avesso ao trabalho, que curte sol, samba, mulata e futebol. Mas , se for perguntar aos jovens estudantes londrinos em Oxford o nome da capital brasileira, muitos responderão que é Buenos Aires.
No entanto, aquele brasileiro executado sem prévia defesa levava sério a sua vida. Tanto que deixou para trás sua família e sua cultura, para melhorar seu padrão social sem maiores perspectivas no Brasil. Era apenas um jovem eletricista e a Inglaterra foi o país que ele escolheu para mudar o seu destino. Na certa, ele jamais imaginou o que se sucederia.
E se um jovem ingles que morasse no Rio de Janeiro fosse morto por motivos circunstancias da violência gerada em nossas terras, como ser executado entre balas perdidas nos confrontos de traficantes e policiais nas favelas do Rio de Janeiro? Outra vítima inocente de um equívoco? Quantas vítimas existirão ainda mais?
Yes, nós temos banana! Mas não somos terroristas.
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