Um texto excepcional, no controversamaresia.blogspot.com:
"lá vem a história do aborto
e já se cheira a polémica à distância.
Assim sendo, e porque nunca é demais repeti-lo: sim, sou a favor da despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às doze semanas. Sim, sou ainda mais a favor da mesma, incondicionalmente, desde que fui mãe. Aliás, custa-me a aceitar que uma mãe que goste dos seus filhos, não o seja, também, incondiconalmente. Vou mais longe: não só sou a favor do aborto, mas sou, ainda, a favor da esterilização forçada em situações limite, como no caso das drogadas com sida que se prostituem e engravidam sistematicamente. Sou a favor da prisão efectiva para pais, e encarregados de educação em geral, que maltratam os filhos, que os põem na mendicidade, que os usam como arremesso aquando do divórcio, que os deixam nos infantários até às oito da noite, que nunca lhes cozinham uma refeição e os alimentam a hamburgueres e batatas fritas de pacote, que não vão a uma reunião no colégio, que nunca lhes deram um banho, uma papa, um biberão, nem lhes cortaram um bife aos bocadinhos.
Sou a favor do aborto quando a mulher é mulher, adulta e responsável, tenha ou não dinheiro, e quando é uma miúda novinha, aterrorizada ou iludida, quando não quer ou não sabe se quer, e também quando a mulher é mãe de um, dois, três, dez, quando está cansada, quando é doente, quando fez mal as contas, quando o pai não quer ser pai, quando acha que não iria resultar, quando se quer dedicar por inteiro ao trabalho, quando não gosta de crianças, quando o relógio biológico não lhe bate nem por nada, quando, quando, QUANDO.
Informação? Educação sexual? Sim, sempre. A prevenção é o caminho e a responsabilização, fundamental. Quantos menos abortos consentidos, melhor, que o trauma que acarretam, pá, só nós é que sabemos, que ninguém os faz por gosto ou como contracepção (os que dizem que sim, são pura e simplesmente, imbecis).
Mas, na urgência desse desgoverno carnal entre dois seres humanos que é a cópula, uma coisa muito animal, por vezes irreflectida e nem sempre desejada (e muitas vezes não planeada), descuidos e azares, acontecem. E estar o resto das vidas (das nossas e das deles) a pagar por isso, é demasiado cruel. É estupidamente cruel. Pronto."
sábado, julho 02, 2005
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