(...) Alguém disse na televisão que estamos a assistir ao maior desastre natural da História americana. Não é exacto. Salvo situações de guerra, como Hiroxima ou Nagasáqui, os estragos e as consequências da passagem do Katrina pela Louisiana, o Alabama e o Mississipi, representam o maior desastre urbano da História, americana ou outra. Não vale a pena iludir a realidade: o que está a acontecer em New Orleans é mais devastador que o 11 de Setembro. Mário Rui Carvalho, repórter de imagem da CBS, e testemunha no terreno, foi claro: «New Orleans, como cidade, acabou.» Com a cidade à mercê de gangs, e a polícia militar com ordem para matar, e milhares de pessoas ainda encurraladas em sótãos e telhados, e 300 mil habitantes a aguardar evacuação, mais a fome (só ontem chegaram mantimentos e medicamentos em larga escala) e a insalubridade, não se pode falar de desastre natural. Como lembra o repórter da CBS: «As pessoas foram deixadas a morrer nas auto-estradas. Não é uma figura de estilo, as pessoas morreram a tentar fugir.» Isto será tudo menos natural.
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segunda-feira, setembro 05, 2005
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