quarta-feira, abril 05, 2006

A "Pirataria" - II

comentários e reacções

Purple escreveu:

Ora muito bem dito.
Levem-me a mim, também, que saco música. Levem-me a mim. Prendam-me, porque multas não pagarei. Ponham-me lá dentro e deixem ficar cá fora os assassinos, os traficantes e os violadores porque é em mim que reside todo o mal da sociedade.

Prendam-me!

Prendam-me porque eu, vil demónio, prejudico os autores, porque ouço a música deles sem a pagar. Como ouviria num qualquer rádio, se as rádios por cá passassem mais vezes BOA música
. Prendam-me porque eu saco álbums que raramente encontro em lojas em Portugal e porque para pagar taxa alfandegária me bastou uma vez. Prendam-me porque o meu primeiro álbum dos dEUS é um CD-R da BASF. E o meu primeiro álbum dos Gomez e dos Dresden Dolls também. Prendam-me porque, claramente, os prejudiquei, mesmo tendo adquirido depois a sua discografia completa e ido assistir aos seus concertos em Portugal. Eu não mereço a liberdade! Prendam-me porque guardo uma música ao invés de apenas a ouvir legalmente, em sites, e com a mesma qualidade, como a posso ouvir no pandora.com ou no last.fm... Prendam-me porque eu, mãos largas como sou, permito que outros ouçam a mesma música que eu gosto. Prendam-me de uma vez por todas antes que eu conheça mais música que as nossas rádios de merda não passam e as nossas lojas não vendem. Prendam-me, metam-me na prisão e deitem a chave fora, porque a culpa é minha. A culpa do poder de compra de um português não lhe permitir comprar o mesmo número de CDs que um Norueguês pode comprar. Porque a culpa é minha, de um CD ser considerado um artigo de luxo e ter um imposto como tal. Prendam-me, porque eu sou daqueles que justifica a ínfima taxa que a SPA cobra por cada suporte virgem (seja CD, DVD, K7, papel branco) partindo do pressuposto que tal suporte será utilizado para fazer pirataria. Prendam-me. Sou mau. Sou má pessoa. Sou eu que dou royalties de merda aos artistas, mesmo que depois, gostando, pague 30 ou 40 Euros para ir ver um concerto deles. Prendam-me, porque sou eu, confesso, que deixei de comprar os cds originais da Ágata, dos Diapasão, do Nel Monteiro, do Iran Costa, e do raio que o parta. Sou má pessoa, confesso!


gohan escreveu:

Eu confesso-me culpado. Sou culpado de tirar música da internet para a ouvir as vezes que possa. Sou culpado de não comprar as músicas em lojas online que só permitem 10 cópias e cada vez que formato o pc, gasto 2 dessas cópias, quando a 10 for feita, a música já não pode ser ouvida.Sou culpado por ter 20 cds no meu pc e só ter comprado 5 deles, pelos quais paguei 18 euros por cada um.
Sou culpado de ir aos concertos de artistas que conheci na internet. Sou culpado de dar dinheiro aos músicos nos concertos e não comprar os seus cds porque só gosto de 2 ou 3 músicas.Sou culpado de ouvir música sem pagar à industria fonográfica para os seus dirigentes comprarem aviões, barcos, férias na patagónia, etc etc etc. Sou culpado por não pagar para as empresas explorarem os artistas até ao osso e depois os largarem no mundo para ver se eles sobrevivem sozinhos. Se sobreviverem então vão-lhe oferecer mais uns cêntimos por cada cd vendido.Disto tudo confesso-me culpado. E ainda me considero culpado por adquirir cds/dvds virgens pelos quais pago o valor e uma taxa para o que vou gravar neles (já supondo que vou usá-los para a pirataria) e, os quais, são fabricados em fábricas das mesmas empresas fonográficas que dizem que os piratas são o "cancro da sociedade". Os lucros deles continuam em valores ao bom estilo de bancos. Eles não perdem nada. Quem perde são os artistas. Mas são estas empresas que se queixam e depois puxam os artistas para este mundo. Quando os artistas sabem que 35% dos que vão aos seus concertos pagarem o bilhete, nunca compraram um cd deles. Mas estão ali a vê-los cantar. Estão ali a apoiá-los.

Boss, do renas e veados propõe:

A campanha de intimidação da indústria fonográfica portuguesa está pelo menos a resultar junto dos jornalistas. "Roubam"? Sem umas aspas sequer? Notar ainda que a esmagadora maioria dos mp3 a circular na net não poderiam nunca ser adquiridos legalmente pois ninguém os vendia. Alguém comprava um cd, transformava o seu conteúdo em mp3 e partilhava-o gratuitamente na net - era, é, este o sistema. Chamar "roubo" a isto é no mínimo abusivo e insultuoso para as pessoas. (...) Resta ainda saber quantas leis não serão violadas para que a indústria fonográfica tenha acesso aos dados privados dos internautas e às informações sobre as suas alegadas acções on-line. Da minha parte iniciei um boicote total à indústria fonográfica, i.e., nem um tostão em cds ou mp3 pagos enquanto persistir esta campanha de intimidação e insulto a quem ouve música. Ouve-se o que já se tem e para as novidades há a rádio (apesar dela própria estar "manipulada" pelos interesses da referida indústria).

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