sexta-feira, maio 20, 2005

Exotismo marroquino no coração do Alentejo

Jogos de panos e cores, de música e teatro, de gastronomia e fantoches, transformam as ruas numa verdadeira cidade do mundo.

O 3.º Festival Islâmico de Mértola está de "portas abertas", com um programa recheado até domingo. O souk (mercado de rua) exibe um mundo diferente em pleno Alentejo profundo, confrontando as gentes de cá com outros cheiros, sabores e melodias, e obrigando a vila, banhada pelo Guadiana, a viajar até um passado bem distante.

O centro histórico está "invadido" por 150 expositores. O núcleo duro pertence à comunidade islâmica espanhola. E ambos justificam que o festival de Mértola, que se realiza de dois em dois anos, "já seja um marco" pela projecção alcançada nas primeiras edições, "pelo que vamos querer estar sempre presentes", garante um dos comerciantes, para quem o maior encanto são as ruas estreitas e íngremes.

"É algo de extraordinário que faz mesmo parte da nossa cultura e das nossas gentes", sustenta, enquanto tira roupas de um saco para venda. "São kamiss e djellaba", explica, garantindo que há mais países representados no certame.

Duas tendas ao lado, apresenta um vizinho marroquino virado para as tatuagens e caligrafia. Mais abaixo, um expositor turco exibe artesanato e peças ligadas aos rituais talismânicos. Não sabe se o tema é apreciado em Portugal, porque é a primeira vez que se desloca a estas paragens, mas assume que o seu intuito está mais virado para a vertente promocional.

Olhando para o cimo da rua, salta à vista o jogo de cores proporcionado pelos panos com que os comerciantes filtram o sol. Um cenário deslumbrante, mesmo ao meio-dia, que faz com que a ala antiga de Mértola se confunda com uma autêntica cidade do Norte de África, carregada de exotismo e animação. Durante a noite, o encanto prossegue.

Aliás, hoje, o programa promete ao pôr-do-sol começa a "Noite de Dikra", estando agendado um espectáculo de música e dança oriental com os Oojami. Mas a festa, porque é disso que se trata, não pára, com recurso a animação de rua em locais estratégicos, dia e noite. Música, poesia, teatro ou fantoches vão estar em permanente actividade.

É claro que também a gastronomia marca uma presença de vulto, tendo os cozinheiros dos restaurantes locais investido em cursos de cozinha marroquina, para que nada falhe. De resto, não foi tempo perdido apenas para o festival, porque esta gastronomia é muito apreciada na região e pode vigorar em qualquer época do ano.

(DN online)











MARROCOS - FOTOS DE BRUNO BARBEY

Sem comentários:

Arquivo do blogue