A grande "novidade" (...) com honras de 1ª página, é o facto de termos o telefone fixo mais caro da UE (mais do dobro).
Mas quem é que ainda não sabia disto?
Pois, se eu quiser saber como anda a minha tia-avó, só pago 1 cêntimo por minuto... tenho é que a acordar a meio da noite, mas isso é apenas um pormenor. A PT é amiga, e como vou matar a senhora do coração, poupo na mensalidade do lar!(...)
Também temos a Internet 5 vezes mais cara (e provavelmente com 5 vezes menos qualidade). Pagamos os megazitos disponíveis a peso de ouro e qualquer medidor on-line nos dirá que nem a um terço da velocidade contratada navegamos... mas isso é apenas um pormenor.
Se reclamamos, é claro que a culpa é do nosso equipamento. (...)
no 'Pandora's Box'
quarta-feira, julho 27, 2005
Argumentos da treta
As críticas a Soares
Ou há qualquer coisa que me escapa nas objecções que se levantam à candidatura de Mário Soares ou, na verdade, não existe nenhum problema. Alegam que a idade de Soares é demasiado avançada. Será avançada. Estatisticamente, já há uns anos que nem por cá deveria continuar a andar. Mas vai andando, activo e lúcido. Quanto a isso ninguém quererá fazer vingar tese contrária. E se mantém a lucidez, não vejo como se possa dizer que a sua idade é demasiado avançada. Nem vejo como se possa estabelecer o que é uma idade demasiado avançada. Ou uma pessoa mantém as suas faculdades ou não. Ponto final. É verdade que na sua idade há maior probabilidade de ter problemas de saúde que o impossibilitem de desempenhar o cargo e que a CRP não prevê a destituição de funções por esse motivo. Mas a CRP, que é uma boa constituição, ao contrário do que muitas vezes se ouve, não se preocupou com a idade máxima dos presidentes por boas razões. Nomeadamente, porque, em última análise, ter esse factor em consideração lançar-nos-ia num trajecto semi-inquisitorial quanto aos comportamentos de risco dos candidatos. Se é lícito equacionar a idade, também é lícito equacionar o tabagismo, a alimentação, o comportamento sexual, etc., etc. Da mesma forma, se não faz sentido equacionar estes comportamentos, também não fará equacionar a idade como factor determinante do desempenho.
A outra objecção que levantam contra Soares é o facto de representar uma imagem do passado. Ora, com um pequeno esforço de memória recordamos que Soares saiu da vida política nacional precisamente ao mesmo tempo que Cavaco. Em rigor, até um pouco depois. Nenhum representa, nesse sentido, mais passado do que o outro. Aliás, em termos de actividade recente, menos relacionada com os interesses de uma eventual candidatura, Soares tem-se mostrado muito mais interventivo que Cavaco.
Neste esforço de querer dar por expirado o prazo de validade de Mário Soares, querem mesmo colar o espaço de acção do ex-presidente quase exclusivamente à revolução de Abril. Esta tentativa constitui uma dupla falácia. Nem o espaço de acção de Soares se esgotou na revolução ou nos seus episódios posteriores nem a sua actuação, nessas alturas, evidenciou qualquer extremismo político. De resto, qualquer simpatizante dos partidos à esquerda do PS não hesitará em tecer duras críticas a Soares e, até, em apelidá-lo de contra-revolucionário. O que sobressai das primeiras acusações é, mais uma vez, uma vontade mal disfarçada de querer dar por terminadas as conquistas políticas e sociais que a revolução trouxe. Pretende-se menosprezar o valor dos que, antes e depois de 1974, lutaram pela implantação da democracia, uma vez que esta não correspondeu, e provavelmente ainda não corresponde, aos seus anseios económicos ultra-liberais. Mas a realidade é bem diferente. As acções anti-fascistas que culminaram no 25 de Abril e na posterior instauração da democracia não se esgotaram nesses dias. Tudo o que agora somos a elas se deve. E, se alguma razão de queixa temos, é em relação aos tiques que nos sobraram de 48 anos de ditadura.
O último reparo que igualmente fazem a Soares é a sua provável actuação como Presidente. Imaginam-no demasiado interventivo, talvez mesmo um foco de instabilidade. É previsível que Soares não tenha muitas razões para os calculismos políticos que caracterizam a actuação de quem depende das reeleições. É sabido que possui ideias que o distanciam da corrente política de onde provém o governo de José Sócrates. Também é praticamente garantido que assumirá um papel mais activo que Sampaio. Mas daí a querer transformá-lo em foco de instabilidade vai um salto gigantesco. Muito mais distante esteve Soares dos governos de Cavaco, também com maioria absoluta, e não foi por isso que se registou qualquer instabilidade. Nem sequer se pode dizer que as relações institucionais tenham sido afectadas. Não se pode recusar a sapiência e o pragmatismo políticos que Soares possui, coisas que vêm com a experiência e com a argúcia. É difícil imaginar Soares a criar mais problemas a um governo PS do que a um governo PSD. Não é descabido que continue a operar nos bastidores políticos, como todos fazem, para defender os seus interesses, sobretudo dentro do PS. Contudo, não há que recear mais de Soares do que de qualquer outro político nestas condições, sob pena de se cair numa ingenuidade gritante.
Ao falarmos destas questões já nos estamos a aproximar de uma discussão política mais razoável. Deixamos o campo da geriatria amadora e da reacção contra Abril para passarmos a discutir princípios e expectativas de desempenho mais palpáveis. Quem não quer voltar a ver Mário Soares na presidência que critique o que há para criticar: que é muito de esquerda, que não é suficientemente de esquerda, que tem uma visão errada do direito internacional, etc. Criticá-lo porque tem mais de oitenta anos, lutou contra a ditadura e esteve ligado ao pós-25 de Abril, isso não.
visto no 'Viva Espanha'
Ou há qualquer coisa que me escapa nas objecções que se levantam à candidatura de Mário Soares ou, na verdade, não existe nenhum problema. Alegam que a idade de Soares é demasiado avançada. Será avançada. Estatisticamente, já há uns anos que nem por cá deveria continuar a andar. Mas vai andando, activo e lúcido. Quanto a isso ninguém quererá fazer vingar tese contrária. E se mantém a lucidez, não vejo como se possa dizer que a sua idade é demasiado avançada. Nem vejo como se possa estabelecer o que é uma idade demasiado avançada. Ou uma pessoa mantém as suas faculdades ou não. Ponto final. É verdade que na sua idade há maior probabilidade de ter problemas de saúde que o impossibilitem de desempenhar o cargo e que a CRP não prevê a destituição de funções por esse motivo. Mas a CRP, que é uma boa constituição, ao contrário do que muitas vezes se ouve, não se preocupou com a idade máxima dos presidentes por boas razões. Nomeadamente, porque, em última análise, ter esse factor em consideração lançar-nos-ia num trajecto semi-inquisitorial quanto aos comportamentos de risco dos candidatos. Se é lícito equacionar a idade, também é lícito equacionar o tabagismo, a alimentação, o comportamento sexual, etc., etc. Da mesma forma, se não faz sentido equacionar estes comportamentos, também não fará equacionar a idade como factor determinante do desempenho.
A outra objecção que levantam contra Soares é o facto de representar uma imagem do passado. Ora, com um pequeno esforço de memória recordamos que Soares saiu da vida política nacional precisamente ao mesmo tempo que Cavaco. Em rigor, até um pouco depois. Nenhum representa, nesse sentido, mais passado do que o outro. Aliás, em termos de actividade recente, menos relacionada com os interesses de uma eventual candidatura, Soares tem-se mostrado muito mais interventivo que Cavaco.
Neste esforço de querer dar por expirado o prazo de validade de Mário Soares, querem mesmo colar o espaço de acção do ex-presidente quase exclusivamente à revolução de Abril. Esta tentativa constitui uma dupla falácia. Nem o espaço de acção de Soares se esgotou na revolução ou nos seus episódios posteriores nem a sua actuação, nessas alturas, evidenciou qualquer extremismo político. De resto, qualquer simpatizante dos partidos à esquerda do PS não hesitará em tecer duras críticas a Soares e, até, em apelidá-lo de contra-revolucionário. O que sobressai das primeiras acusações é, mais uma vez, uma vontade mal disfarçada de querer dar por terminadas as conquistas políticas e sociais que a revolução trouxe. Pretende-se menosprezar o valor dos que, antes e depois de 1974, lutaram pela implantação da democracia, uma vez que esta não correspondeu, e provavelmente ainda não corresponde, aos seus anseios económicos ultra-liberais. Mas a realidade é bem diferente. As acções anti-fascistas que culminaram no 25 de Abril e na posterior instauração da democracia não se esgotaram nesses dias. Tudo o que agora somos a elas se deve. E, se alguma razão de queixa temos, é em relação aos tiques que nos sobraram de 48 anos de ditadura.
O último reparo que igualmente fazem a Soares é a sua provável actuação como Presidente. Imaginam-no demasiado interventivo, talvez mesmo um foco de instabilidade. É previsível que Soares não tenha muitas razões para os calculismos políticos que caracterizam a actuação de quem depende das reeleições. É sabido que possui ideias que o distanciam da corrente política de onde provém o governo de José Sócrates. Também é praticamente garantido que assumirá um papel mais activo que Sampaio. Mas daí a querer transformá-lo em foco de instabilidade vai um salto gigantesco. Muito mais distante esteve Soares dos governos de Cavaco, também com maioria absoluta, e não foi por isso que se registou qualquer instabilidade. Nem sequer se pode dizer que as relações institucionais tenham sido afectadas. Não se pode recusar a sapiência e o pragmatismo políticos que Soares possui, coisas que vêm com a experiência e com a argúcia. É difícil imaginar Soares a criar mais problemas a um governo PS do que a um governo PSD. Não é descabido que continue a operar nos bastidores políticos, como todos fazem, para defender os seus interesses, sobretudo dentro do PS. Contudo, não há que recear mais de Soares do que de qualquer outro político nestas condições, sob pena de se cair numa ingenuidade gritante.
Ao falarmos destas questões já nos estamos a aproximar de uma discussão política mais razoável. Deixamos o campo da geriatria amadora e da reacção contra Abril para passarmos a discutir princípios e expectativas de desempenho mais palpáveis. Quem não quer voltar a ver Mário Soares na presidência que critique o que há para criticar: que é muito de esquerda, que não é suficientemente de esquerda, que tem uma visão errada do direito internacional, etc. Criticá-lo porque tem mais de oitenta anos, lutou contra a ditadura e esteve ligado ao pós-25 de Abril, isso não.
visto no 'Viva Espanha'
Ainda sobre o terrorismo de Londres
Desculpe se o matei: foi sem querer...
Ao terror acéfalo dos bombistas, sucede-se a paranóia neurótica da polícia inglesa.
Estou convencido que aquilo que aconteceu com o cidadão brasileiro poderia ter acontecido com qualquer outro. Bastaria para tanto que, nas palavras da polícia inglesa, andasse de casaco grosso num dia de calor. Calor para os londrinos, claro, não para alguém habituado ao clima tropical. Seria talvez suficiente que uns tipos à paisana corressem aos berros atrás dele, para que se assustasse receando algum episódio de xenofobia.
Depois, receando que fosse um bombista suicida, alveja-se com oito tiros: não sou perito em bombas, mas tenho a impressão que disparar sobre um eventual bombista num local cheio de gente, não será grande receita.
Terá ainda, nos termos das explicações da polícia, saído de um bloco de apartamentos sob suspeita e vigilância. Então porque não o interpelaram logo à saída de casa?
Foi uma precipitação da polícia londrina, contrastante com a tão propalada fleuma.
Que estão submetidos a uma enorme pressão compreende-se, sobretudo quando descobrem que de muito pouco lhes serve o controle quase delirante que fazem nos aeroportos, dado que o perigo convive com eles. Quando concluem que uma câmara de vigilância em cada esquina não é suficiente para evitar ataques hediondos.
Não se compreende que atirem a matar sobre o primeiro indivíduo que lhes pareça suspeito.
Fica aqui um conjunto de recomendações para quem nos próximos tempos visitar Londres.
1º Se alguém vos berrar qualquer coisa, mesmo que não percebam o que diz, parem: vale mais ser assaltado, levar um enxerto de pancada de uns hooligans do que ser baleado.
2º Mesmo que tenham frio, não se esqueçam que para os londrinos o nosso Outono é Verão, por isso andem de T-shirt, camisa, etc. e, se não resistirem ao frio, candidatem-se a abrir falência deslocando-se num dos exorbitantemente caros táxis londrinos, mas de metro nunca com um casaco.
3º Uma boa solução para contornar todos estes problemas será pintarem-se de loiros ou disfarçarem-se de punks: ficarão então uns londrinos perfeitos. Se estiverem dispostos a apanhar uma bebedeira na noite de Picadilly, então o disfarce estará completo.
Se nada disto resultar, fiquem tranquilos que, depois de mortos, a polícia inglesa pede-vos desculpa. Pelo menos são bem educados: desculpe se o matei, sim?
visto 'Votem nas putas, que nos filhos não resultou'
Ao terror acéfalo dos bombistas, sucede-se a paranóia neurótica da polícia inglesa.
Estou convencido que aquilo que aconteceu com o cidadão brasileiro poderia ter acontecido com qualquer outro. Bastaria para tanto que, nas palavras da polícia inglesa, andasse de casaco grosso num dia de calor. Calor para os londrinos, claro, não para alguém habituado ao clima tropical. Seria talvez suficiente que uns tipos à paisana corressem aos berros atrás dele, para que se assustasse receando algum episódio de xenofobia.
Depois, receando que fosse um bombista suicida, alveja-se com oito tiros: não sou perito em bombas, mas tenho a impressão que disparar sobre um eventual bombista num local cheio de gente, não será grande receita.
Terá ainda, nos termos das explicações da polícia, saído de um bloco de apartamentos sob suspeita e vigilância. Então porque não o interpelaram logo à saída de casa?
Foi uma precipitação da polícia londrina, contrastante com a tão propalada fleuma.
Que estão submetidos a uma enorme pressão compreende-se, sobretudo quando descobrem que de muito pouco lhes serve o controle quase delirante que fazem nos aeroportos, dado que o perigo convive com eles. Quando concluem que uma câmara de vigilância em cada esquina não é suficiente para evitar ataques hediondos.
Não se compreende que atirem a matar sobre o primeiro indivíduo que lhes pareça suspeito.
Fica aqui um conjunto de recomendações para quem nos próximos tempos visitar Londres.
1º Se alguém vos berrar qualquer coisa, mesmo que não percebam o que diz, parem: vale mais ser assaltado, levar um enxerto de pancada de uns hooligans do que ser baleado.
2º Mesmo que tenham frio, não se esqueçam que para os londrinos o nosso Outono é Verão, por isso andem de T-shirt, camisa, etc. e, se não resistirem ao frio, candidatem-se a abrir falência deslocando-se num dos exorbitantemente caros táxis londrinos, mas de metro nunca com um casaco.
3º Uma boa solução para contornar todos estes problemas será pintarem-se de loiros ou disfarçarem-se de punks: ficarão então uns londrinos perfeitos. Se estiverem dispostos a apanhar uma bebedeira na noite de Picadilly, então o disfarce estará completo.
Se nada disto resultar, fiquem tranquilos que, depois de mortos, a polícia inglesa pede-vos desculpa. Pelo menos são bem educados: desculpe se o matei, sim?
visto 'Votem nas putas, que nos filhos não resultou'
Burroso
"Um espectáculo de terror político"
Artigo do "Financial Times" arrasa liderança de Durão Barroso na Comissão Europeia
27.07.2005 - 11h24 PUBLICO.PT
Um artigo publicado no jornal "Financial Times" acusa Durão Barroso de falta de liderança na presidência da Comissão Europeia. O jornal cita vários líderes europeus e até membros da equipa do ex-primeiro-ministro português, que pedem mais acção no desempenho do cargo.
De acordo com o artigo, assinado pelo jornalista George Parker, o presidente da Comissão Europeia foi instado pelo chanceler alemão, Gerhard Schroeder, a alterar a forma como está a conduzir o executivo comunitário, durante um encontro num hotel em Aachen.
Segundo uma fonte não identificada pelo jornal, Schroeder pediu a Barroso que "mostre capacidade de liderança" e que faça frente ao primeiro-ministro britânico enquanto este presidir à União Europeia, já que Tony Blair tem como objectivo "destroçar a Europa". Durão Barroso terá então respondido que não abrirá mão de trabalhar em conjunto com Tony Blair.
O "Financial Times" afirma que as críticas à liderança de Barroso partem também do Parlamento Europeu e do interior da sua própria equipa, que o descrevem como "uma figura remota" que "não conseguiu dominar a máquina de Bruxelas".
O comissário europeu do Comércio, o britânico Peter Mandelson, afirmou durante um discurso proferido na semana passada, em Bruxelas, que "neste Outono a Comissão terá de ser ousada".
Depois de classificar os 12 meses da presidência Barroso como "um espectáculo de terror político", o artigo do "Financial Times" descreve algumas das situações que considera mais demonstrativas da alegada falta de liderança do ex-primeiro-ministro português: a escolha do italiano Rocco Buttiglione para comissário da Justiça; as suas férias a bordo do iate do milionário grego Spiros Latsis; e a posição em relação ao resultado dos referendos sobre a Constituição europeia em França e na Holanda - o jornal diz mesmo que o Presidente francês, Jacques Chirac, aconselhou Barroso a não se manifestar publicamente sobre o referendo em França -.
Apesar das críticas, o "Financial Times" admite que o trabalho de Durão Barroso está mais dificultado pelo facto de ter sido o primeiro presidente eleito sem o total apoio de França e da Alemanha.
"Ele entende o seu papel de forma diferente da visão paternalista da Comissão Europeia no passado", afirma um dos membros da sua equipa que o "Financial Times" também não identifica. "Se ele consegue trabalhar com os nossos amigos britânicos, tanto melhor", considera a mesma fonte.
(Público on-line)
Artigo do "Financial Times" arrasa liderança de Durão Barroso na Comissão Europeia
27.07.2005 - 11h24 PUBLICO.PT
Um artigo publicado no jornal "Financial Times" acusa Durão Barroso de falta de liderança na presidência da Comissão Europeia. O jornal cita vários líderes europeus e até membros da equipa do ex-primeiro-ministro português, que pedem mais acção no desempenho do cargo.
De acordo com o artigo, assinado pelo jornalista George Parker, o presidente da Comissão Europeia foi instado pelo chanceler alemão, Gerhard Schroeder, a alterar a forma como está a conduzir o executivo comunitário, durante um encontro num hotel em Aachen.
Segundo uma fonte não identificada pelo jornal, Schroeder pediu a Barroso que "mostre capacidade de liderança" e que faça frente ao primeiro-ministro britânico enquanto este presidir à União Europeia, já que Tony Blair tem como objectivo "destroçar a Europa". Durão Barroso terá então respondido que não abrirá mão de trabalhar em conjunto com Tony Blair.
O "Financial Times" afirma que as críticas à liderança de Barroso partem também do Parlamento Europeu e do interior da sua própria equipa, que o descrevem como "uma figura remota" que "não conseguiu dominar a máquina de Bruxelas".
O comissário europeu do Comércio, o britânico Peter Mandelson, afirmou durante um discurso proferido na semana passada, em Bruxelas, que "neste Outono a Comissão terá de ser ousada".
Depois de classificar os 12 meses da presidência Barroso como "um espectáculo de terror político", o artigo do "Financial Times" descreve algumas das situações que considera mais demonstrativas da alegada falta de liderança do ex-primeiro-ministro português: a escolha do italiano Rocco Buttiglione para comissário da Justiça; as suas férias a bordo do iate do milionário grego Spiros Latsis; e a posição em relação ao resultado dos referendos sobre a Constituição europeia em França e na Holanda - o jornal diz mesmo que o Presidente francês, Jacques Chirac, aconselhou Barroso a não se manifestar publicamente sobre o referendo em França -.
Apesar das críticas, o "Financial Times" admite que o trabalho de Durão Barroso está mais dificultado pelo facto de ter sido o primeiro presidente eleito sem o total apoio de França e da Alemanha.
"Ele entende o seu papel de forma diferente da visão paternalista da Comissão Europeia no passado", afirma um dos membros da sua equipa que o "Financial Times" também não identifica. "Se ele consegue trabalhar com os nossos amigos britânicos, tanto melhor", considera a mesma fonte.
(Público on-line)
segunda-feira, julho 25, 2005
Praga, Florença, Paris...
A colecção O Escritor e a Cidade (publicado originalmente na inglesa Bloomsbury) tem um conceito simples convidar um autor conhecido para redigir um livrinho sobre uma cidade da sua predilecção: a cidade em que vive, geralmente, mas também outra que conheça e ame. Não são roteiros de viagem: são percursos pessoais pelos espaços e pelos tempos destas capitais do mundo, nos quais encontramos sobretudo os temas e obsessão de cada escritor. Já foram publicados em tradução portuguesa Paris, os Passeios de um Flâneur (Edmund White), Florença, um Caso Delicado (David Leavitt) e agora Imagens de Praga (John Bainville). E também há um Rio de Janeiro , pelo brasileiro Ruy Castro, biógrafo de Garrincha e Nelson Rodrigues. O irlandês Bainville, que nasceu em 1945 e publicou, entre outros, O Livro da Confissão (1989), traça um retrato da mais bela cidade da Europa Central, com a sua história acidentada, de Rodolfo II a Havel, e os seus magníficos escritores, como Kafka, Seifert ou Kundera. E junta algumas impressões ou memórias pessoais "Quando era mais novo, pensava que para conhecermos genuinamente um lugar tínhamos de nos apaixonar lá. Quantas cidades pareceram estender-se diante de mim nos contornos do corpo da amada. Solipsismo. Há tantas Pragas quantos olhos para a olharem - mais: uma infinidade de Pragas. Confuso e subitamente sorumbático, retomo o caminho para o hotel. A geada transformou o meu rosto em vidro."
Não conheço o Rio. No meu top, entre as cidades mencionadas estão, em primeiro lugar Praga, depois Florença, e só depois Paris.
Não conheço o Rio. No meu top, entre as cidades mencionadas estão, em primeiro lugar Praga, depois Florença, e só depois Paris.
Pois...
A OTA E O RAMALZINHO
Sou dos que consideram precipitado o projecto do novo aeroporto da OTA porque ainda ninguém me convenceu da bondade da decisão. A entrevista que o ministro das Obras Públicas deu ontem ao Expresso, um amontoado de lugares-comuns, revela o grau de leviandade da coisa. Perguntado sobre a ligação do futuro aeroporto a Lisboa, Mário Lino respondeu: «A linha do Norte está quadruplicada até Alverca. Há que prolongá-la até ao nó de Vila Franca de Xira — que já está nos planos, não é feito agora por causa da OTA — e depois é fazer um ramalzinho de poucos quilómetros para ir para lá. Fica uma linha dedicada com um vaivém de quinze em quinze minutos, vai para lá e vem para cá, não tem problema nenhum. E existe a A1, a A8, o IC21...» Portanto, um ramalzinho. A gente lê e pasma. Afinal, nos três mil milhões de euros previstos para o novo complexo aeroportuário, dos quais 650 milhões só para estudos de engenharia, expropriações e preparação de terrenos, não está incluído o custo de uma nova e indispensável auto-estrada, ficando a ligação ferroviária por conta do tal ramalzinho para Vila Franca de Xira. Só por anedota. O ministro tem um currículo heterodoxo: depois da licenciatura no Instituto Superior Técnico, foi para a Universidade do Colorado (USA), aí obtendo o grau de mestre em Hidrologia e Recursos Hídricos; foi presidente do conselho de administração das editoras Caminho e Avante; leccionou engenharia sanitária na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e, até 2002, ocupou o cargo de presidente do grupo Águas de Portugal. Sem esgotar a folha de serviços, técnicos e políticos, isto dá a medida da versatilidade. Nada contra. Entendo que um ministro é um decisor político, responsável por um gabinete que se presume tecnicamente qualificado, interagindo directamente com os directores-gerais do «seu» ministério. Ninguém exige dele que domine o vasto mundo da aviação comercial. Porém, tendo a obrigação de defender politicamente essa opção, terá de fazê-lo com argumentos técnicos irrefutáveis. Quando vemos que considera exequível ligar Lisboa ao novo aeroporto através das actuais ligações rodoviárias, percebemos até que ponto está desfasado da realidade. Ir pela A1 ou pela A8...? Eu não sei como vai ser em 2015, mas sei que já hoje, entre Lisboa e o Carregado, extensa área que abrange Alverca e Vila Franca de Xira, a A1 tem uma densidade de tráfego próxima da saturação. Certo, estas coisas não se vêem lá de cima (do gabinete e do avião), mas, se Mário Lino não vê, os seus assessores têm de ver. A simples ideia de um ramalzinho para o tal vaivém entre o aeroporto e Vila Franca de Xira, com o ser esdrúxula, suscita um problema: uma vez «despejados», os passageiros fazem o quê? Esperam pelo comboio que vem do Porto? Não é preciso ser especialista para perceber que «a OTA», já hoje, mas daqui a dez anos por maioria de razão, obriga a uma nova auto-estrada (com um valor de portagem que seja dissuasor da sua eventual utilização como itinerário alternativo), e um ramal ferroviário directo, não obrigatoriamente TGV, mas necessariamente de alta velocidade. É preciso saber se os três mil milhões de euros vão ser enterrados no meio de nenhures, ou se «a OTA» vai ser, de facto, o aeroporto «de Lisboa». Mais depressa o aeroporto de Badajoz, em ritmo acelerado de expansão, servirá de placa giratória... Todos sabemos que a discussão em torno da OTA começou nos anos 1960, tendo sido considerada «estabilizada» em 1973. O dossiê ficou em stand by por causa do 25 de Abril, até que Guterres o colocou de novo em agenda. Desaparecido Guterres, o PSD e Durão Barroso caucionaram (com ligeira dilação de prazo) o projecto, Santana idem, e agora outra vez o PS, por decisão de Sócrates, com nova prorrogação. Consenso alargado, portanto. A esse respeito, o discurso farisaico do PPD-PSD e do CDS-PP é um triste sintoma dos nossos hábitos políticos. Uma coisa é exigir a divulgação dos estudos de oportunidade, viabilização e eficácia, porque obras de tal monta não se fazem à revelia da sociedade, outra bem diferente bancar a virgem surpreendida com o elefante branco. Construir um grande aeroporto internacional, ou, nas palavras do ministro, «uma plataforma de grande mobilidade», implica cativar investimento privado para actividades económicas associadas a tais estruturas: hotéis (a Portela prescinde deles porque há oferta variada e de qualidade a 10 minutos de carro); agências de viagem e rent-a-car; comércio de todo o tipo, com e sem taxas; cafés, bares e restaurantes; health clubs; táxis de gama alta; autocarros rápidos; terminal rodoviário; «aldeia» para equipas de turno; uma clínica bem equipada (a Portela nem de uma farmácia dispõe...), capela para serviços religiosos; etc. O que é que vai ser feito para colocar «a OTA» na rota das companhias de longo curso? E com que argumentos? É que a partir da Portela não é possível fazer voos directos para inúmeros destinos: Japão, China, Hong Kong, Havaí, Nova-Zelândia, Austrália, Tailândia, Indonésia, Índia, Paquistão, Turquia, Egipto, Quénia, Madagáscar, Grécia, Finlândia, México, Chile, Argentina, Canárias, Gibraltar, Mónaco, Córsega, Sicília, Malta, etc. (estou a falar de voos regulares; os charters de Verão não contam). A única cidade dos Estados Unidos com voo directo a partir da Portela é Nova Iorque. As conexões para Chicago, São Francisco, L.A., Miami, etc., são feitas a partir de NY. Para o resto do mundo vai-se forçosamente através de Londres, Frankfurt, Amesterdão, Paris, Madrid e, quem diria?, Palma de Maiorca. A Portela é um anacronismo. Deve atingir este ano os 11 milhões de passageiros, plafond irrelevante em termos europeus, se pensarmos que Málaga, que tem uma área metropolitana equivalente à do Porto, atingiu 15 milhões o ano passado. Madrid vai nos 40 milhões. A Portela, nas actuais condições, aguenta mais três ou quatro anos. Para aguentar mais dez necessita de 450 milhões de euros de investimento. Nunca deixará de ser um aeroporto paroquial: porque está entalado na cidade, porque a procura é residual. A defesa de um novo aeroporto, um aeroporto a sério, é sedutora. Resta saber em que termos. Por exemplo, não vale agitar o espantalho dos novos Airbus A380, com capacidade para mais de 600 passageiros, os quais, pela logística inerente à sua envergadura, e óbvias razões de mercado, vão, a partir de 2006, servir quatro, e para já apenas quatro, cidades europeias: Londres (Heathrow), Amesterdão (Schiphol), Paris (Charles de Gaulle) e Frankfurt, embora a cidade alemã esteja dependente de uma pista adicional cuja construção foi embargada pelos tribunais. Ou seja, aeroportos com tráfego anual superior a 100 milhões de passageiros. Madrid quer entrar no lote com o argumento dos fluxos para a América latina, mas se calhar quem leva a palma é Palma de Maiorca, cujo volume de tráfego é superior ao de Paris. Isto para dizer que o argumento do A380 não colhe. É preciso divulgar estas coisas para percebermos do que falamos quando falamos de «uma plataforma de grande mobilidade». Era bom que os especialistas viessem explicar. Quando o governo diz que o Estado «apenas» comparticipa com 30% dos custos, está a dizer o quê? São 30% de três mil milhões de euros? Nesse caso, seriam 900 milhões de euros. Mas não deve ser exactamente assim, pois só para estudos de engenharia, expropriações e preparação de terrenos, são necessários 650 milhões de euros. E os privados não vão estudar e preparar terrenos, nem fazer expropriações. Os privados, na melhor das hipóteses, vão contruir, e depois gerir a estrutura aeroportuária e actividades correlatas. Portanto, é de prever que os 30% do Estado sejam sobre os 2,350 mil milhões de euros remanescentes, o que dá a módica quantia de 705 milhões de euros. Assim sendo, a factura final corresponderia a 1,605 mil milhões de euros: 650+705 milhões de euros. Isto, claro, mantendo as actuais acessibilidades (sonho de uma noite de Verão). O facto, é que ainda ninguém contabilizou o custo de uma nova auto-estrada e de um ramal ferroviário directo. Para quê? Um ramalzinho não é mesmo uma graça?
posted by Eduardo Pitta em 'da literatura'
Sou dos que consideram precipitado o projecto do novo aeroporto da OTA porque ainda ninguém me convenceu da bondade da decisão. A entrevista que o ministro das Obras Públicas deu ontem ao Expresso, um amontoado de lugares-comuns, revela o grau de leviandade da coisa. Perguntado sobre a ligação do futuro aeroporto a Lisboa, Mário Lino respondeu: «A linha do Norte está quadruplicada até Alverca. Há que prolongá-la até ao nó de Vila Franca de Xira — que já está nos planos, não é feito agora por causa da OTA — e depois é fazer um ramalzinho de poucos quilómetros para ir para lá. Fica uma linha dedicada com um vaivém de quinze em quinze minutos, vai para lá e vem para cá, não tem problema nenhum. E existe a A1, a A8, o IC21...» Portanto, um ramalzinho. A gente lê e pasma. Afinal, nos três mil milhões de euros previstos para o novo complexo aeroportuário, dos quais 650 milhões só para estudos de engenharia, expropriações e preparação de terrenos, não está incluído o custo de uma nova e indispensável auto-estrada, ficando a ligação ferroviária por conta do tal ramalzinho para Vila Franca de Xira. Só por anedota. O ministro tem um currículo heterodoxo: depois da licenciatura no Instituto Superior Técnico, foi para a Universidade do Colorado (USA), aí obtendo o grau de mestre em Hidrologia e Recursos Hídricos; foi presidente do conselho de administração das editoras Caminho e Avante; leccionou engenharia sanitária na Universidade Eduardo Mondlane (Maputo) e, até 2002, ocupou o cargo de presidente do grupo Águas de Portugal. Sem esgotar a folha de serviços, técnicos e políticos, isto dá a medida da versatilidade. Nada contra. Entendo que um ministro é um decisor político, responsável por um gabinete que se presume tecnicamente qualificado, interagindo directamente com os directores-gerais do «seu» ministério. Ninguém exige dele que domine o vasto mundo da aviação comercial. Porém, tendo a obrigação de defender politicamente essa opção, terá de fazê-lo com argumentos técnicos irrefutáveis. Quando vemos que considera exequível ligar Lisboa ao novo aeroporto através das actuais ligações rodoviárias, percebemos até que ponto está desfasado da realidade. Ir pela A1 ou pela A8...? Eu não sei como vai ser em 2015, mas sei que já hoje, entre Lisboa e o Carregado, extensa área que abrange Alverca e Vila Franca de Xira, a A1 tem uma densidade de tráfego próxima da saturação. Certo, estas coisas não se vêem lá de cima (do gabinete e do avião), mas, se Mário Lino não vê, os seus assessores têm de ver. A simples ideia de um ramalzinho para o tal vaivém entre o aeroporto e Vila Franca de Xira, com o ser esdrúxula, suscita um problema: uma vez «despejados», os passageiros fazem o quê? Esperam pelo comboio que vem do Porto? Não é preciso ser especialista para perceber que «a OTA», já hoje, mas daqui a dez anos por maioria de razão, obriga a uma nova auto-estrada (com um valor de portagem que seja dissuasor da sua eventual utilização como itinerário alternativo), e um ramal ferroviário directo, não obrigatoriamente TGV, mas necessariamente de alta velocidade. É preciso saber se os três mil milhões de euros vão ser enterrados no meio de nenhures, ou se «a OTA» vai ser, de facto, o aeroporto «de Lisboa». Mais depressa o aeroporto de Badajoz, em ritmo acelerado de expansão, servirá de placa giratória... Todos sabemos que a discussão em torno da OTA começou nos anos 1960, tendo sido considerada «estabilizada» em 1973. O dossiê ficou em stand by por causa do 25 de Abril, até que Guterres o colocou de novo em agenda. Desaparecido Guterres, o PSD e Durão Barroso caucionaram (com ligeira dilação de prazo) o projecto, Santana idem, e agora outra vez o PS, por decisão de Sócrates, com nova prorrogação. Consenso alargado, portanto. A esse respeito, o discurso farisaico do PPD-PSD e do CDS-PP é um triste sintoma dos nossos hábitos políticos. Uma coisa é exigir a divulgação dos estudos de oportunidade, viabilização e eficácia, porque obras de tal monta não se fazem à revelia da sociedade, outra bem diferente bancar a virgem surpreendida com o elefante branco. Construir um grande aeroporto internacional, ou, nas palavras do ministro, «uma plataforma de grande mobilidade», implica cativar investimento privado para actividades económicas associadas a tais estruturas: hotéis (a Portela prescinde deles porque há oferta variada e de qualidade a 10 minutos de carro); agências de viagem e rent-a-car; comércio de todo o tipo, com e sem taxas; cafés, bares e restaurantes; health clubs; táxis de gama alta; autocarros rápidos; terminal rodoviário; «aldeia» para equipas de turno; uma clínica bem equipada (a Portela nem de uma farmácia dispõe...), capela para serviços religiosos; etc. O que é que vai ser feito para colocar «a OTA» na rota das companhias de longo curso? E com que argumentos? É que a partir da Portela não é possível fazer voos directos para inúmeros destinos: Japão, China, Hong Kong, Havaí, Nova-Zelândia, Austrália, Tailândia, Indonésia, Índia, Paquistão, Turquia, Egipto, Quénia, Madagáscar, Grécia, Finlândia, México, Chile, Argentina, Canárias, Gibraltar, Mónaco, Córsega, Sicília, Malta, etc. (estou a falar de voos regulares; os charters de Verão não contam). A única cidade dos Estados Unidos com voo directo a partir da Portela é Nova Iorque. As conexões para Chicago, São Francisco, L.A., Miami, etc., são feitas a partir de NY. Para o resto do mundo vai-se forçosamente através de Londres, Frankfurt, Amesterdão, Paris, Madrid e, quem diria?, Palma de Maiorca. A Portela é um anacronismo. Deve atingir este ano os 11 milhões de passageiros, plafond irrelevante em termos europeus, se pensarmos que Málaga, que tem uma área metropolitana equivalente à do Porto, atingiu 15 milhões o ano passado. Madrid vai nos 40 milhões. A Portela, nas actuais condições, aguenta mais três ou quatro anos. Para aguentar mais dez necessita de 450 milhões de euros de investimento. Nunca deixará de ser um aeroporto paroquial: porque está entalado na cidade, porque a procura é residual. A defesa de um novo aeroporto, um aeroporto a sério, é sedutora. Resta saber em que termos. Por exemplo, não vale agitar o espantalho dos novos Airbus A380, com capacidade para mais de 600 passageiros, os quais, pela logística inerente à sua envergadura, e óbvias razões de mercado, vão, a partir de 2006, servir quatro, e para já apenas quatro, cidades europeias: Londres (Heathrow), Amesterdão (Schiphol), Paris (Charles de Gaulle) e Frankfurt, embora a cidade alemã esteja dependente de uma pista adicional cuja construção foi embargada pelos tribunais. Ou seja, aeroportos com tráfego anual superior a 100 milhões de passageiros. Madrid quer entrar no lote com o argumento dos fluxos para a América latina, mas se calhar quem leva a palma é Palma de Maiorca, cujo volume de tráfego é superior ao de Paris. Isto para dizer que o argumento do A380 não colhe. É preciso divulgar estas coisas para percebermos do que falamos quando falamos de «uma plataforma de grande mobilidade». Era bom que os especialistas viessem explicar. Quando o governo diz que o Estado «apenas» comparticipa com 30% dos custos, está a dizer o quê? São 30% de três mil milhões de euros? Nesse caso, seriam 900 milhões de euros. Mas não deve ser exactamente assim, pois só para estudos de engenharia, expropriações e preparação de terrenos, são necessários 650 milhões de euros. E os privados não vão estudar e preparar terrenos, nem fazer expropriações. Os privados, na melhor das hipóteses, vão contruir, e depois gerir a estrutura aeroportuária e actividades correlatas. Portanto, é de prever que os 30% do Estado sejam sobre os 2,350 mil milhões de euros remanescentes, o que dá a módica quantia de 705 milhões de euros. Assim sendo, a factura final corresponderia a 1,605 mil milhões de euros: 650+705 milhões de euros. Isto, claro, mantendo as actuais acessibilidades (sonho de uma noite de Verão). O facto, é que ainda ninguém contabilizou o custo de uma nova auto-estrada e de um ramal ferroviário directo. Para quê? Um ramalzinho não é mesmo uma graça?
posted by Eduardo Pitta em 'da literatura'
domingo, julho 24, 2005
História Natural
“O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo.
O que há é pouca gente para dar por isso”
Álvaro de Campos
'Após a expansão quinhentista e um pouco à semelhança de outras nações europeias com tradições igualmente expansionistas, foram reunidas em Portugal vastas colecções de história natural (minerais, fósseis, plantas, animais) que constituem um património riquíssimo e único. Acima de tudo, fazem parte da nossa memória colectiva. O mesmo se passa com as colecções actuais, que mesmo antes de fazerem parte da história, nos fornecem informações preciosas sobre o que ainda temos e o que podemos fazer para continuarmos a tê-lo.
Em Portugal, as colecções de história natural alojam-se tradicionalmente em museus associados a instituições universitárias onde são ministrados cursos ligados às ciências naturais. De facto, nunca existiu um verdadeiro museu nacional de história natural (embora exista um com esse nome que depende da Universidade de Lisboa), independente destas instituições e com uma missão própria, como acontece na maioria dos países europeus.
O desinvestimento nestas áreas tem sido tal, que muitas das colecções estão em grave risco de perda total, por total falta de manutenção e por falta de preparação dos decisores directos no que respeita às medidas a tomar. Situações anedóticas de exemplares deitados para o lixo, ou literalmente comidos pela traça são infelizmente frequentes.
Numa época em que as questões relativas à biodiversidade começam a ter um tratamento sério e a ser alvo de uma preocupação real incluída nas políticas europeias, julgo estarmos por cá em franca regressão. Acredito que só com uma redefinição de políticas concretas de âmbito nacional, seja possível pôr termo a esta sangria desenfreada a que passivamente assistimos.
Se é verdade que com a democratização das novas tecnologias, o conceito tradicional de museu, no que à parte de exposições públicas diz respeito, necessita de uma reavaliação, muitos passos já foram dados nesse sentido um pouco por toda a parte. Neste campo não é necessário ser inovador. Apenas imitar os melhores. Eles certamente não se importarão. Os museus de história natural de Londres, Nova Iorque ou Madrid não deixaram de ter visitantes… Ao mesmo tempo, estas instituições são o albergo de muitas sociedades científicas, que reúnem um manancial humano de conhecimento demasiado precioso para ser desprezado.
Em muitos países europeus, os museus de história natural estão ligados a uma instituição estatal de investigação (por exemplo o CNRS em França, o CNR em Itália, ou o CSIC em Espanha). Creio que o que mais se assemelha a tal organismo em Portugal é a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, embora com muito menos valências. No quadro orgânico que conheço, penso que a solução para o problema passa pela criação de uma rede de museus de história natural que por si só adquira o estatuto de laboratório associado, sendo para isso definidas as competências e as valências de cada unidade. Só deste modo é que programas internacionais como a “GBIF - Sistema de informação da Biodiversidade Global” ou a “Iniciativa Global sobre Taxonomía” promovida pela Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, terão no nosso país um interlocutor forte e abrangente, podendo tirar proveito dos projectos que surgem.
Está também por fazer um levantamento rigoroso de todas as instituições públicas e privadas que reúnem um espólio de história natural merecedor de atenção especial. Sem isso, será muito difícil definir as principais linhas de actuação com vista à preservação do património encontrado.
Cuidar das colecções de história natural é cuidar da nossa memória colectiva. Se não nos passa pela cabeça deixar ao abandono os escritos de Fernão Lopes, a Custódia de Belém, ou a Bíblia dos Jerónimos, por que razão é que permitimos que isso se passe com as colecções de história natural?'
(Gonçalo Calado no 'Conta-Natura')
(Fotos de Franclim Ferreira)
O que há é pouca gente para dar por isso”
Álvaro de Campos
'Após a expansão quinhentista e um pouco à semelhança de outras nações europeias com tradições igualmente expansionistas, foram reunidas em Portugal vastas colecções de história natural (minerais, fósseis, plantas, animais) que constituem um património riquíssimo e único. Acima de tudo, fazem parte da nossa memória colectiva. O mesmo se passa com as colecções actuais, que mesmo antes de fazerem parte da história, nos fornecem informações preciosas sobre o que ainda temos e o que podemos fazer para continuarmos a tê-lo.
Em Portugal, as colecções de história natural alojam-se tradicionalmente em museus associados a instituições universitárias onde são ministrados cursos ligados às ciências naturais. De facto, nunca existiu um verdadeiro museu nacional de história natural (embora exista um com esse nome que depende da Universidade de Lisboa), independente destas instituições e com uma missão própria, como acontece na maioria dos países europeus.
O desinvestimento nestas áreas tem sido tal, que muitas das colecções estão em grave risco de perda total, por total falta de manutenção e por falta de preparação dos decisores directos no que respeita às medidas a tomar. Situações anedóticas de exemplares deitados para o lixo, ou literalmente comidos pela traça são infelizmente frequentes.
Numa época em que as questões relativas à biodiversidade começam a ter um tratamento sério e a ser alvo de uma preocupação real incluída nas políticas europeias, julgo estarmos por cá em franca regressão. Acredito que só com uma redefinição de políticas concretas de âmbito nacional, seja possível pôr termo a esta sangria desenfreada a que passivamente assistimos.
Se é verdade que com a democratização das novas tecnologias, o conceito tradicional de museu, no que à parte de exposições públicas diz respeito, necessita de uma reavaliação, muitos passos já foram dados nesse sentido um pouco por toda a parte. Neste campo não é necessário ser inovador. Apenas imitar os melhores. Eles certamente não se importarão. Os museus de história natural de Londres, Nova Iorque ou Madrid não deixaram de ter visitantes… Ao mesmo tempo, estas instituições são o albergo de muitas sociedades científicas, que reúnem um manancial humano de conhecimento demasiado precioso para ser desprezado.
Em muitos países europeus, os museus de história natural estão ligados a uma instituição estatal de investigação (por exemplo o CNRS em França, o CNR em Itália, ou o CSIC em Espanha). Creio que o que mais se assemelha a tal organismo em Portugal é a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, embora com muito menos valências. No quadro orgânico que conheço, penso que a solução para o problema passa pela criação de uma rede de museus de história natural que por si só adquira o estatuto de laboratório associado, sendo para isso definidas as competências e as valências de cada unidade. Só deste modo é que programas internacionais como a “GBIF - Sistema de informação da Biodiversidade Global” ou a “Iniciativa Global sobre Taxonomía” promovida pela Convenção da Diversidade Biológica das Nações Unidas, terão no nosso país um interlocutor forte e abrangente, podendo tirar proveito dos projectos que surgem.
Está também por fazer um levantamento rigoroso de todas as instituições públicas e privadas que reúnem um espólio de história natural merecedor de atenção especial. Sem isso, será muito difícil definir as principais linhas de actuação com vista à preservação do património encontrado.
Cuidar das colecções de história natural é cuidar da nossa memória colectiva. Se não nos passa pela cabeça deixar ao abandono os escritos de Fernão Lopes, a Custódia de Belém, ou a Bíblia dos Jerónimos, por que razão é que permitimos que isso se passe com as colecções de história natural?'
(Gonçalo Calado no 'Conta-Natura')
(Fotos de Franclim Ferreira)
Terror
(ontem) um "presumível" bombista suicida foi abatido pela polícia britânica. Na estação de Stockwell os passageiros foram evacuados e o pânico instalou-se. O presumível terrorista será agora investigado (depois de devidamente batido) para a polícia "provar" por A mais B que o homem que transportava um embrulho suspeito era, de facto, um suicida que transportava uma bomba e assim possam dormir descansados e em paz com as suas consciências.
O pânico instalou-se em Londres, qualquer individuo que entre numa qualquer estação de metro ou autocarro empunhando um "package" que seja considerado suspeito é um alvo a abater. Se for muçulmano, usar barba, tez mais morena e, que por azar tenha ido ao sapateiro buscar os sapatos que na véspera tinha posto a arranjar, o melhor é deslocar-se a pé.
A polícia em Londres já não pergunta, executa. Este é o mundo em que vivemos.
Primeiro abate-se depois pergunta-se, as justificações virão a seguir, ninguém pense que um alvo abatido será alguma vez considerado inocente, nem a verdade reposta.O sr. Bush e o sr. Tony Blair sabem que assim é.
visto n'A outra face do espelho'
O pânico instalou-se em Londres, qualquer individuo que entre numa qualquer estação de metro ou autocarro empunhando um "package" que seja considerado suspeito é um alvo a abater. Se for muçulmano, usar barba, tez mais morena e, que por azar tenha ido ao sapateiro buscar os sapatos que na véspera tinha posto a arranjar, o melhor é deslocar-se a pé.
A polícia em Londres já não pergunta, executa. Este é o mundo em que vivemos.
Primeiro abate-se depois pergunta-se, as justificações virão a seguir, ninguém pense que um alvo abatido será alguma vez considerado inocente, nem a verdade reposta.O sr. Bush e o sr. Tony Blair sabem que assim é.
visto n'A outra face do espelho'
Bons ventos de Espanha
Um magnífico artigo do escritor Mário Vargas Llosa, no DNA sobre os casamentos gay em Espanha. Tão bom que merece destaques.
"Esta medida é um acto de justiça, que reconhece o direito dos cidadãos a escolher a sua opção sexual no exercício da sua soberania, sem serem discriminados por isso, e que reconhece aos casais homossexuais o mesmo direito de se unirem e constituírem família e terem descendência que as leis reconhecem aos casais heterosexuais"
"Todas as sondagens são inequívocas: quase dois terços dos espanhóis aprovam o casamento gay,e, apesar desta aprovação diminuir um pouco na adopção de crianças pelos casais homossexuais, também este aspecto é validado por uma maioria.Bom indício que a democracia criou raízes em Espanha e de que, por mais injuriada que seja da boca para fora, a cultura liberal vai impregnando pouco a pouco a sociedade espanhola"
"Um preconceito idêntico (ao dos casamentos) sustenta que as crianças adoptadas por casais homossexuais sofrerão e terão uma formação deficiente e anómala, já que uma criança para ser "normal" necessita de um pai e uma mãe, não de dois pais e duas mães. A esta afirmação dogmática e sem o menor sustento psicológico respondeu Edurne Uriarte da melhor forma possível: uma criança necessita é de amor e não de abstracção".
visto na 'Grande Loja dos Trezentos'
(Angie Buckley)
"Esta medida é um acto de justiça, que reconhece o direito dos cidadãos a escolher a sua opção sexual no exercício da sua soberania, sem serem discriminados por isso, e que reconhece aos casais homossexuais o mesmo direito de se unirem e constituírem família e terem descendência que as leis reconhecem aos casais heterosexuais"
"Todas as sondagens são inequívocas: quase dois terços dos espanhóis aprovam o casamento gay,e, apesar desta aprovação diminuir um pouco na adopção de crianças pelos casais homossexuais, também este aspecto é validado por uma maioria.Bom indício que a democracia criou raízes em Espanha e de que, por mais injuriada que seja da boca para fora, a cultura liberal vai impregnando pouco a pouco a sociedade espanhola"
"Um preconceito idêntico (ao dos casamentos) sustenta que as crianças adoptadas por casais homossexuais sofrerão e terão uma formação deficiente e anómala, já que uma criança para ser "normal" necessita de um pai e uma mãe, não de dois pais e duas mães. A esta afirmação dogmática e sem o menor sustento psicológico respondeu Edurne Uriarte da melhor forma possível: uma criança necessita é de amor e não de abstracção".
visto na 'Grande Loja dos Trezentos'
(Angie Buckley)
sábado, julho 23, 2005
Carlos Paredes
Faz hoje precisamente um ano que Carlos Paredes fechou os olhos pela última vez. Tinha 79 anos, a maior parte deles passados com o corpo curvado sobre a guitarra portuguesa, da qual foi o seu executante maior.
Entretanto, anteontem, numa sucursal do Millenium BCP na Rua do Ouro, em Lisboa, foi inaugurada a exposição "Arte para Carlos Paredes".
Trata-se de mais uma homenagem ao guitarrista. E exibe obras de 11 conceituados artistas contemporâneos. A saber Júlio Pomar, Álvaro Lapa, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, João Abel Manta, Pedro Cabrita Reis, Pedro Proença, Rogério Ribeiro, Rui Sanches, Sara Maia e Miguel Palma. A exposição está patente até ao dia 4 de Agosto, podendo ser visitada entre as 8.30 e as 15.30 horas.
Os eventuais interessados poderão, se assim o desejarem, comprar serigrafias das obras expostas.Em quantidade limitada a 10 unidades cada uma, o preço é unico - 500 euros.
Segundo o MilleniumBCP, uma percentagem do valor das vendas será revertida a favor do projecto Movimentos Perpétuos, de forma a promover os "recursos necessários para investigar e recolher material espalhado por várias instituições nacionais e estrangeiras, tratar informaticamente o seu espólio, permitir a construção de caixas expositoras com caracteríticas adequadas à conservação das suas guitarras e criar e manter um site".
"Este foi um ano em que houve uma certa tranquilidade nesse aspecto", disse, ao JN, ontem, Luísa Amaro, viúva do músico, referindo-se às homenagens de que tem sido alvo nos últimos anos.
Optando por não falar sobre a exposição porque ainda não pôde visitá-la, Luísa Amaro destacou e elogiou a recente inauguração do Auditório Municipal Carlos Paredes, em Vila Nova de Paiva, "um teatro muito bonito como nem sequer temos em Lisboa".
Mas ainda houve mais. Cidades como Coimbra e Tavira homenagearam o músico ao atribuir o seu nome a ruas, entre outras iniciativas. Para além disso, Luísa Amaro frisou ainda o facto de os alunos da Escola Secundária Carlos Paredes, em Santo António dos Cavaleiros, terem feito um hino dedicado ao maior guitarrista português de sempre "Um hino lindíssimo".
Com algum atraso relativamente à data prevista, está a edição de um DVD da autoria do realizador Edgar Pêra.
O artista que, em Fevereiro passado, participou num "Cine- concerto tributo a Carlos Paredes", ao lado de músicos como os Dead Combo, Tó Trips (antigo guitarista e vocalista da banda Lulu Blind), Nuno Rebelo, João Lima e Jean Marc-Dercle, está ainda a retocar os últimos pormenores da sua produção.
Entretanto, hoje, a partir das 22 horas, o Cine-Teatro de Alcobaça vai ser cenário de mais uma homenagem.
Trata-se d e um concerto intitulado «Tributo a Carlos Paredes», pelo quarteto de saxofones Artemsax, o trio de Artur Caldeira e Paulo Soares.
Ainda há bilhetes para o concerto ao preço único de 10 euros.
- Estudo para retrato de Carlos Paredes", de Júlio Pomar, é uma das obras que pode ser vista na exposição -
(JN online)
Entretanto, anteontem, numa sucursal do Millenium BCP na Rua do Ouro, em Lisboa, foi inaugurada a exposição "Arte para Carlos Paredes".
Trata-se de mais uma homenagem ao guitarrista. E exibe obras de 11 conceituados artistas contemporâneos. A saber Júlio Pomar, Álvaro Lapa, Ana Hatherly, Ângelo de Sousa, João Abel Manta, Pedro Cabrita Reis, Pedro Proença, Rogério Ribeiro, Rui Sanches, Sara Maia e Miguel Palma. A exposição está patente até ao dia 4 de Agosto, podendo ser visitada entre as 8.30 e as 15.30 horas.
Os eventuais interessados poderão, se assim o desejarem, comprar serigrafias das obras expostas.Em quantidade limitada a 10 unidades cada uma, o preço é unico - 500 euros.
Segundo o MilleniumBCP, uma percentagem do valor das vendas será revertida a favor do projecto Movimentos Perpétuos, de forma a promover os "recursos necessários para investigar e recolher material espalhado por várias instituições nacionais e estrangeiras, tratar informaticamente o seu espólio, permitir a construção de caixas expositoras com caracteríticas adequadas à conservação das suas guitarras e criar e manter um site".
"Este foi um ano em que houve uma certa tranquilidade nesse aspecto", disse, ao JN, ontem, Luísa Amaro, viúva do músico, referindo-se às homenagens de que tem sido alvo nos últimos anos.
Optando por não falar sobre a exposição porque ainda não pôde visitá-la, Luísa Amaro destacou e elogiou a recente inauguração do Auditório Municipal Carlos Paredes, em Vila Nova de Paiva, "um teatro muito bonito como nem sequer temos em Lisboa".
Mas ainda houve mais. Cidades como Coimbra e Tavira homenagearam o músico ao atribuir o seu nome a ruas, entre outras iniciativas. Para além disso, Luísa Amaro frisou ainda o facto de os alunos da Escola Secundária Carlos Paredes, em Santo António dos Cavaleiros, terem feito um hino dedicado ao maior guitarrista português de sempre "Um hino lindíssimo".
Com algum atraso relativamente à data prevista, está a edição de um DVD da autoria do realizador Edgar Pêra.
O artista que, em Fevereiro passado, participou num "Cine- concerto tributo a Carlos Paredes", ao lado de músicos como os Dead Combo, Tó Trips (antigo guitarista e vocalista da banda Lulu Blind), Nuno Rebelo, João Lima e Jean Marc-Dercle, está ainda a retocar os últimos pormenores da sua produção.
Entretanto, hoje, a partir das 22 horas, o Cine-Teatro de Alcobaça vai ser cenário de mais uma homenagem.
Trata-se d e um concerto intitulado «Tributo a Carlos Paredes», pelo quarteto de saxofones Artemsax, o trio de Artur Caldeira e Paulo Soares.
Ainda há bilhetes para o concerto ao preço único de 10 euros.
- Estudo para retrato de Carlos Paredes", de Júlio Pomar, é uma das obras que pode ser vista na exposição -
(JN online)
Há sempre alguém que nos diz tem cuidado...
'A eleição presidencial é muito mais importante do que se imagina.
O regime semi-presidencialista, pelo andar da nação, se uma certa pessoa que penso ganhar as eleições, pode virar o regime e transformá-lo em presidencialista. Mesmo que do ponto de vista formal se mantenha o semi-presidencialismo, basta trabalhar no sentido de colocar no Governo quem mais favorece as pretensões de governar o país a partir de Belém.
Bastam dois passos. Primeiro, ganhar as presidenciais. Segundo, derrubar este Governo e convocar, lá para 2007, quando a credibilidade deste executivo estiver completamente nas ruas da amargura, eleições. Depois, é o regresso do modelo e dos rostos do passado.
Um Presidente que delineia e um Primeiro-Ministro que segue o indicado por Belém.
É uma década garantida. Belém ordena e São Bento acata e executa.
Como a Fazenda pública está, com a apologia que muitos fabricaram ao longo dos últimos anos de credibilizar a personalidade na área da Fazenda, que hoje parece intocável a sua sapiência em matéria de contas públicas, só falta uma onda de gente sair à rua e gritar pelo salvador da pátria. Pena que se esqueçam dos valores da época.
O regresso do passado está ao virar da esquina.'
Post de CMC no 'Tugir'
O regime semi-presidencialista, pelo andar da nação, se uma certa pessoa que penso ganhar as eleições, pode virar o regime e transformá-lo em presidencialista. Mesmo que do ponto de vista formal se mantenha o semi-presidencialismo, basta trabalhar no sentido de colocar no Governo quem mais favorece as pretensões de governar o país a partir de Belém.
Bastam dois passos. Primeiro, ganhar as presidenciais. Segundo, derrubar este Governo e convocar, lá para 2007, quando a credibilidade deste executivo estiver completamente nas ruas da amargura, eleições. Depois, é o regresso do modelo e dos rostos do passado.
Um Presidente que delineia e um Primeiro-Ministro que segue o indicado por Belém.
É uma década garantida. Belém ordena e São Bento acata e executa.
Como a Fazenda pública está, com a apologia que muitos fabricaram ao longo dos últimos anos de credibilizar a personalidade na área da Fazenda, que hoje parece intocável a sua sapiência em matéria de contas públicas, só falta uma onda de gente sair à rua e gritar pelo salvador da pátria. Pena que se esqueçam dos valores da época.
O regresso do passado está ao virar da esquina.'
Post de CMC no 'Tugir'
sexta-feira, julho 22, 2005
O fogo
Em Setembro esquecemos o fogo e o cheiro da terra queimada.
Em Outubro a chuva já levou a cinza.
Em Novembro apercebemo-nos de que já não encontramos a árvore onde escrevemos a canivete o nome do nosso primeiro amor.
Em Dezembro decoramos a sala com um pequeno pinheiro de plástico.
E então em Junho do ano seguinte os dias voltam a ser mais curtos e o fumo cobre-nos o corpo, entranha-se na roupa, tolhe-nos a visão.
in 'Na morte de Solvstag'
(Debbie Caffery)
Em Outubro a chuva já levou a cinza.
Em Novembro apercebemo-nos de que já não encontramos a árvore onde escrevemos a canivete o nome do nosso primeiro amor.
Em Dezembro decoramos a sala com um pequeno pinheiro de plástico.
E então em Junho do ano seguinte os dias voltam a ser mais curtos e o fumo cobre-nos o corpo, entranha-se na roupa, tolhe-nos a visão.
in 'Na morte de Solvstag'
(Debbie Caffery)
Relembrar
Greenpeace alerta
para degelo acelerado de glaciar na Gronelândia
Investigadores da Universidade do Maine, Estados Unidos, descobriram que o glaciar Kangerdlugssuag, na costa oriental da Gronelândia está a derreter-se a um ritmo mais rápido do que o esperado, alertou hoje a organização ecologista Greenpeace.
A Greenpeace lembrou que mais de 70 por cento da população mundial vive nas zonas costeiras e que onze das 15 maiores cidades situam-se na costa e nos estuários.
in lua.weblog.com.pt
(Ben Altman)
Investigadores da Universidade do Maine, Estados Unidos, descobriram que o glaciar Kangerdlugssuag, na costa oriental da Gronelândia está a derreter-se a um ritmo mais rápido do que o esperado, alertou hoje a organização ecologista Greenpeace.
A Greenpeace lembrou que mais de 70 por cento da população mundial vive nas zonas costeiras e que onze das 15 maiores cidades situam-se na costa e nos estuários.
in lua.weblog.com.pt
(Ben Altman)
quinta-feira, julho 21, 2005
Faço minhas estas palavras
«(...) A direita não pode perdoar ao Ministro dos Negócios Estrangeiros a sua participação num Governo PS; a esquerda não lhe perdoa nem o seu passado nem a sua independência presente.
Uma entrevista notável -- nomeadamente na parte que se refere à política externa -- é transformada num acto de traição ao Governo e de candidatura à Presidência. Mas basta ler a entrevista na sua integralidade para se perceber que nada disso tem qualquer fundamento. Solidariedade governamental: repetidamente afirmada; mesmo quando há laivos de crítica, Freitas do Amaral apresenta-se como co-responsável pelos eventuais erros cometidos -- que se relacionariam, aliás, mais com a estratégia de comunicação do que com o conteúdo das medidas difíceis adoptadas pelo executivo. Candidatura presidencial: Freitas do Amaral não exclui a hipótese de se candidatar (e porque deveria fazê-lo) mas afirma claramente que esse assunto não é prioritário para si. (...) Por outro lado, não há qualquer inibição no apoio às medidas impopulares tomadas pelo Governo que são consideradas necessárias, justas e equilibradas. Tudo foi feito «com muita ponderação, conta, peso e medida»...
(...) Freitas do Amaral é um homem que tem um currículo que envergonha a maior parte dos seus actuais críticos. Seria, para mim, um excelente Presidente da República (e eu não teria qualquer dúvida em votar nele), como será um excelente Ministro dos Negócios Estrangeiros. O que espanta é que este país prefira certas nulidades a pessoas com passado, cultura e inteligência. Isso é que é o sinal da (falta de) qualidade das nossas elites (...).»
José Pedro Pessoa e Costa - Correio dos leitores
no 'Causa Nossa'
Inserido por VM (Vital Moreira) 21.7.05
Até que enfim!
Confesso que me tenho fartado de ver/ouvir/ler tanto burburinho a propósito de nada.
Uma entrevista notável -- nomeadamente na parte que se refere à política externa -- é transformada num acto de traição ao Governo e de candidatura à Presidência. Mas basta ler a entrevista na sua integralidade para se perceber que nada disso tem qualquer fundamento. Solidariedade governamental: repetidamente afirmada; mesmo quando há laivos de crítica, Freitas do Amaral apresenta-se como co-responsável pelos eventuais erros cometidos -- que se relacionariam, aliás, mais com a estratégia de comunicação do que com o conteúdo das medidas difíceis adoptadas pelo executivo. Candidatura presidencial: Freitas do Amaral não exclui a hipótese de se candidatar (e porque deveria fazê-lo) mas afirma claramente que esse assunto não é prioritário para si. (...) Por outro lado, não há qualquer inibição no apoio às medidas impopulares tomadas pelo Governo que são consideradas necessárias, justas e equilibradas. Tudo foi feito «com muita ponderação, conta, peso e medida»...
(...) Freitas do Amaral é um homem que tem um currículo que envergonha a maior parte dos seus actuais críticos. Seria, para mim, um excelente Presidente da República (e eu não teria qualquer dúvida em votar nele), como será um excelente Ministro dos Negócios Estrangeiros. O que espanta é que este país prefira certas nulidades a pessoas com passado, cultura e inteligência. Isso é que é o sinal da (falta de) qualidade das nossas elites (...).»
José Pedro Pessoa e Costa - Correio dos leitores
no 'Causa Nossa'
Inserido por VM (Vital Moreira) 21.7.05
Até que enfim!
Confesso que me tenho fartado de ver/ouvir/ler tanto burburinho a propósito de nada.
America
'America is the only country that went from barbarism to decadence without civilization in between.'
(Oscar Wilde)
(Oscar Wilde)
Ignorância e tacanhez americana
Contestação ao Nobel de Egas Moniz nos EUA
Fundação Nobel diz não às exigências de alguns familiares de lobotomizados
Setenta anos depois de o primeiro Prémio Nobel português ter iniciado as suas investigações sobre psicocirurgia, reacende-se o debate sobre a prática da lobotomia. Familiares de pacientes que foram submetidos a lobotomias querem que o Nobel atribuído a Egas Moniz seja revogado. A fundação que atribui o prémio mais prestigiado do mundo já garantiu que isso "é impossível".
Para o neurologista e investigador português Alexandre Castro Caldas, que nos últimos 25 anos dirigiu o Centro de Estudos Egas Moniz, no Hospital de Santa Maria, a reivindicação desse grupo de familiares revela "uma grande ignorância científica". E explica "O prémio Nobel foi-lhe atribuído por um trabalho que abriu portas a um desenvolvimento científico e não pela prática clínica. Nos anos 30, a leucotomia representou um progresso enorme no conhecimento de funções cerebrais. Foi aí que se estabeleceu pela primeira vez uma relação directa entre a doença mental e a estrutura cerebral".
Egas Moniz começou a praticar a leucotomia pré-frontal em 1936, em Lisboa, em pacientes com problemas psiquiátricos graves. A operação consistia em realizar incisões em fibras nervosas que ligam o lobo frontal a outras regiões do cérebro e era praticada através de orifícios feitos no crânio.
Pioneiro da angiografia cerebral, e internacionalmente respeitado por isso, Egas Moniz participara em 1935 no II Congresso Internacional de Neurologia, em Londres, onde foram apresentados os trabalhos de James Watts e Carlyle Jacobson, da Universidade de Yale, sobre os resultados da destruição em laboratório dos lobos frontais de chimpanzés. A capacidade de aprendizagem dos animais ficava substancialmente reduzida e os seus estados emocionais alterados. Isso levou Egas Moniz a perguntar se a remoção do lobo frontal poderia evitar o desenvolvimento de neuroses experimentais em animais, eliminando os sintomas de frustração. "Não será viável diminuir os estados de ansiedade no homem por meios cirúrgicos?", questionou o neurologista português. A resposta de Watts de que isso seria "um passo formidável", levou-o a iniciar os estudos que conduziriam à leucotomia, assim que regressou a Lisboa. Em 1949 recebia o Nobel.
Ao saber das experiências realizadas em Portugal, o médico americano Walter Freeman apressou--se a divulgar o método nos Estados Unidos. A leucotomia, que foi depois designada por lobotomia, tornou-se ali muito popular e nos 40 anos seguintes foram feitas umas 50 mil lobotomias nos EUA.
Freeman fazia-as onde calhava. Primeiro no seu escritório, depois numa carrinha transformada, na qual percorria o país, o "lobotomobile". Watts, que inicialmente fez parelha com Freeman, afastou-se por não concordar com a rudeza dos instrumentos usados por aquele para fazer as aberturas nos crânios, por vezes com picões de gelo e maletes de borracha comprados na loja da esquina.
Em 10% das cirurgias os pacientes mostraram melhoras. Mas nos outros 90% os resultados foram mais ou menos desastrosos. Familiares de alguns desses casos de insucesso querem agora o que consideram ser a reposição da justiça. Como é tarde para compensações financeiras ou outras, lançaram um movimento para que seja retirado o Nobel a Egas Moniz.
Iniciado por Christine Johnson, cuja avó, Behula Jones, foi lobotomizada em 1954 e passou o resto da vida internada em estabelecimentos psiquiátricos, até morrer, em 1989, o movimento para tirar o prestigiado galardão a Egas Moniz ganho terreno.
Michael Sohl, o director-executivo da Fundação Nobel, já descartou completamente, no entanto, essa hipótese. "Não há qualquer possibilidade de o fazermos", garantiu publicamente. E sublinhou não se recordar de nenhum outro Nobel da Medicina que tenha sido contestado.
A Carta Nobel, por outro lado, não contém nenhuma cláusula que preveja a revogação de um prémio e a fundação ignora habitualmente as críticas, como aconteceu quando foi atribuído a Yasser Arafat o Nobel da Paz.
Depois disso, o movimento liderado por Johnson tentou que fosse retirado do site da Fundação Nobel o artigo em que Bengt Jansson faz o elogio do cientista português, e no qual explica que o português "iniciou e conseguiu entusiasmo para a importância da leucotomia pré-frontal no tratamento de algumas psicoses". Para concluir "De facto, não tenho dúvidas de que Moniz mereceu o Prémio Nobel".
Mas também a essa pretensão do grupo de familiares a fundação já respondeu com um rotundo não. Perante esta nova recusa, Johnson quer agora obter a adesão de outros galardoados com o Nobel à sua campanha. Aparentemente sem qualquer sucesso, também.
"A aplicação errada da técnica desenvolvida por Egas Moniz não lhe pode ser imputada", sublinha, por seu lado, Castro Caldas.
De outra maneira - ironia das ironias - Alfred Nobel, que por testamento deixou ao mundo o prémio com o seu nome, sairia beliscado pela sua própria invenção da dinamite.
Enquanto neurologista, Egas Moniz escreveu diversos livros , destacando-se Diagnóstico dos tumores cerebrais (1931), Angiografia cerebral (1934), Leucotomia prefrontal (1937) e Ao lado da Medicina (1940). Egas Moniz recebeu diversas condecorações. Faleceu seis anos depois de ter recebido o Nobel,a 13 de Dezembro de 1955.
(DN online)
(angiografia cerebral - foto do 'Barnabé')
Fundação Nobel diz não às exigências de alguns familiares de lobotomizados
Setenta anos depois de o primeiro Prémio Nobel português ter iniciado as suas investigações sobre psicocirurgia, reacende-se o debate sobre a prática da lobotomia. Familiares de pacientes que foram submetidos a lobotomias querem que o Nobel atribuído a Egas Moniz seja revogado. A fundação que atribui o prémio mais prestigiado do mundo já garantiu que isso "é impossível".
Para o neurologista e investigador português Alexandre Castro Caldas, que nos últimos 25 anos dirigiu o Centro de Estudos Egas Moniz, no Hospital de Santa Maria, a reivindicação desse grupo de familiares revela "uma grande ignorância científica". E explica "O prémio Nobel foi-lhe atribuído por um trabalho que abriu portas a um desenvolvimento científico e não pela prática clínica. Nos anos 30, a leucotomia representou um progresso enorme no conhecimento de funções cerebrais. Foi aí que se estabeleceu pela primeira vez uma relação directa entre a doença mental e a estrutura cerebral".
Egas Moniz começou a praticar a leucotomia pré-frontal em 1936, em Lisboa, em pacientes com problemas psiquiátricos graves. A operação consistia em realizar incisões em fibras nervosas que ligam o lobo frontal a outras regiões do cérebro e era praticada através de orifícios feitos no crânio.
Pioneiro da angiografia cerebral, e internacionalmente respeitado por isso, Egas Moniz participara em 1935 no II Congresso Internacional de Neurologia, em Londres, onde foram apresentados os trabalhos de James Watts e Carlyle Jacobson, da Universidade de Yale, sobre os resultados da destruição em laboratório dos lobos frontais de chimpanzés. A capacidade de aprendizagem dos animais ficava substancialmente reduzida e os seus estados emocionais alterados. Isso levou Egas Moniz a perguntar se a remoção do lobo frontal poderia evitar o desenvolvimento de neuroses experimentais em animais, eliminando os sintomas de frustração. "Não será viável diminuir os estados de ansiedade no homem por meios cirúrgicos?", questionou o neurologista português. A resposta de Watts de que isso seria "um passo formidável", levou-o a iniciar os estudos que conduziriam à leucotomia, assim que regressou a Lisboa. Em 1949 recebia o Nobel.
Ao saber das experiências realizadas em Portugal, o médico americano Walter Freeman apressou--se a divulgar o método nos Estados Unidos. A leucotomia, que foi depois designada por lobotomia, tornou-se ali muito popular e nos 40 anos seguintes foram feitas umas 50 mil lobotomias nos EUA.
Freeman fazia-as onde calhava. Primeiro no seu escritório, depois numa carrinha transformada, na qual percorria o país, o "lobotomobile". Watts, que inicialmente fez parelha com Freeman, afastou-se por não concordar com a rudeza dos instrumentos usados por aquele para fazer as aberturas nos crânios, por vezes com picões de gelo e maletes de borracha comprados na loja da esquina.
Em 10% das cirurgias os pacientes mostraram melhoras. Mas nos outros 90% os resultados foram mais ou menos desastrosos. Familiares de alguns desses casos de insucesso querem agora o que consideram ser a reposição da justiça. Como é tarde para compensações financeiras ou outras, lançaram um movimento para que seja retirado o Nobel a Egas Moniz.
Iniciado por Christine Johnson, cuja avó, Behula Jones, foi lobotomizada em 1954 e passou o resto da vida internada em estabelecimentos psiquiátricos, até morrer, em 1989, o movimento para tirar o prestigiado galardão a Egas Moniz ganho terreno.
Michael Sohl, o director-executivo da Fundação Nobel, já descartou completamente, no entanto, essa hipótese. "Não há qualquer possibilidade de o fazermos", garantiu publicamente. E sublinhou não se recordar de nenhum outro Nobel da Medicina que tenha sido contestado.
A Carta Nobel, por outro lado, não contém nenhuma cláusula que preveja a revogação de um prémio e a fundação ignora habitualmente as críticas, como aconteceu quando foi atribuído a Yasser Arafat o Nobel da Paz.
Depois disso, o movimento liderado por Johnson tentou que fosse retirado do site da Fundação Nobel o artigo em que Bengt Jansson faz o elogio do cientista português, e no qual explica que o português "iniciou e conseguiu entusiasmo para a importância da leucotomia pré-frontal no tratamento de algumas psicoses". Para concluir "De facto, não tenho dúvidas de que Moniz mereceu o Prémio Nobel".
Mas também a essa pretensão do grupo de familiares a fundação já respondeu com um rotundo não. Perante esta nova recusa, Johnson quer agora obter a adesão de outros galardoados com o Nobel à sua campanha. Aparentemente sem qualquer sucesso, também.
"A aplicação errada da técnica desenvolvida por Egas Moniz não lhe pode ser imputada", sublinha, por seu lado, Castro Caldas.
De outra maneira - ironia das ironias - Alfred Nobel, que por testamento deixou ao mundo o prémio com o seu nome, sairia beliscado pela sua própria invenção da dinamite.
Enquanto neurologista, Egas Moniz escreveu diversos livros , destacando-se Diagnóstico dos tumores cerebrais (1931), Angiografia cerebral (1934), Leucotomia prefrontal (1937) e Ao lado da Medicina (1940). Egas Moniz recebeu diversas condecorações. Faleceu seis anos depois de ter recebido o Nobel,a 13 de Dezembro de 1955.
(DN online)
(angiografia cerebral - foto do 'Barnabé')
Contra a limitação das liberdades individuais
Com a 'Linha dos Nodos': Ferozmente contra a limitação das liberdades individuais
Igualdade na morte
1/3 dos 25.000 civis mortos no Iraque desde o início da intervenção para acabar com o terrorismo internacional foram vítimas das tropas da coligação.
São mais de oito mil mortos civis.
Esta notícia mereceu breves segundos nos serviços informativos das várias televisões.
Fica uma pergunta inspirada noutra de Sartre em "O Diabo e o Bom Deus": quantos mortos civis iraquianos serão precisos para se obter o impacto informativo das bombas de Londres?
E isto não quer dizer que eu apoie o terrorismo ou o considere justificado pelas mortes iraquianas ou a questão da Palestina, seus comentadores precipitados: apenas acho que os civis iraquianos e os londrinos são igualmente pessoas.
Ou não?
Ou os fins justificam os meios? E as vítimas...
Texto do 'Votem nas putas que nos filhos não resultou'
(Thomas Dworzak - IRAQ. Falluja. June 13, 2005. al-Anbar province. Joint patrol. 2nd MEF (Second Marine Expeditionary Force), US Marines from Camp Lejune, North Carolina. 4th Marine Reserve)
São mais de oito mil mortos civis.
Esta notícia mereceu breves segundos nos serviços informativos das várias televisões.
Fica uma pergunta inspirada noutra de Sartre em "O Diabo e o Bom Deus": quantos mortos civis iraquianos serão precisos para se obter o impacto informativo das bombas de Londres?
E isto não quer dizer que eu apoie o terrorismo ou o considere justificado pelas mortes iraquianas ou a questão da Palestina, seus comentadores precipitados: apenas acho que os civis iraquianos e os londrinos são igualmente pessoas.
Ou não?
Ou os fins justificam os meios? E as vítimas...
Texto do 'Votem nas putas que nos filhos não resultou'
(Thomas Dworzak - IRAQ. Falluja. June 13, 2005. al-Anbar province. Joint patrol. 2nd MEF (Second Marine Expeditionary Force), US Marines from Camp Lejune, North Carolina. 4th Marine Reserve)
quarta-feira, julho 20, 2005
Fronteiras
ARAME FARPADO: 1 - POEIRA PARA OS OLHOS: Já se sabe que os tempos não estão para liberdades. Ainda assim, surpreende-me que ninguém esteja muito ralado com a suspensão dos Acordos de Schengen pela França. Por várias razões.
Em primeiro lugar, porque não devemos olhar para aquela decisão como meros observadores externos, que comentam actos alheios: Portugal é Parte na Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen. Uma convenção cria direitos e obrigações e, até ao momento, os cidadãos portugueses tinham direito a entrar em França sem estar sujeitos a controlos fronteiriços (obviamente, desde que não viessem de fora do Espaço Schengen). O que significa que a decisão da França afecta a liberdade de circulação dos cidadãos portugueses.
Seguidamente, há que saber se ela foi tomada de acordo com o que se prevê na Convenção de Aplicação (art. 2º, nº 2), onde, de facto, se permite a reintrodução temporária dos controlos fronteiriços por razões de "ordem pública ou de segurança nacional". A este propósito, é elucidativo o soundbyte emitido por Sarkozy: "se não reforçarmos os controlos nas fronteiras quando cerca de 50 pessoas são mortas em Londres, não sei quando o faremos".
Sim, esta justificação é muito apelativa na sua manhosa simplicidade. Mas se a olharmos mais detidamente, vemos que: 1) a França não reintroduziu os controlos fronteiriços no 11 de Março, onde morreu mais gente, mais perto, e não parece que isso lhe tenha trazido grandes problemas; 2) o problema da França com as bombas de Londres não parece ser maior do que o (ou diferente do) dos restantes países europeus - pode até ser menor, atendendo à sua política externa relativamente ao Iraque e ao conflito israelo-palestiniano; 3) é uma manipulação levantar o medo contra o que vem de fora a propósito de atentados cometidos por quem era de dentro; 4) ninguém no seu perfeito juízo acredita que os controlos fronteiriços sejam um meio eficaz de evitar a entrada de terroristas daquele calibre.
De maneira que a França, dando rédea solta ao pior da sua tradicional pulsão isolacionista, acaba de violar, com o beneplácito dos restantes Países, os deveres que assumiu na Convenção de Aplicação de Schengen.
Claro, há sempre quem se sinta mais seguro por ter de mostrar o passaporte quando vai comprar caramelos a Fuentes d'Oñoro.
PS: A suspensão da liberdade de circulação não implica a suspensão do Sistema de Informação Schengen (SIS), que continua a funcionar em pleno. Obviamente.
No 'Mar Salgado'
Em primeiro lugar, porque não devemos olhar para aquela decisão como meros observadores externos, que comentam actos alheios: Portugal é Parte na Convenção de Aplicação do Acordo de Schengen. Uma convenção cria direitos e obrigações e, até ao momento, os cidadãos portugueses tinham direito a entrar em França sem estar sujeitos a controlos fronteiriços (obviamente, desde que não viessem de fora do Espaço Schengen). O que significa que a decisão da França afecta a liberdade de circulação dos cidadãos portugueses.
Seguidamente, há que saber se ela foi tomada de acordo com o que se prevê na Convenção de Aplicação (art. 2º, nº 2), onde, de facto, se permite a reintrodução temporária dos controlos fronteiriços por razões de "ordem pública ou de segurança nacional". A este propósito, é elucidativo o soundbyte emitido por Sarkozy: "se não reforçarmos os controlos nas fronteiras quando cerca de 50 pessoas são mortas em Londres, não sei quando o faremos".
Sim, esta justificação é muito apelativa na sua manhosa simplicidade. Mas se a olharmos mais detidamente, vemos que: 1) a França não reintroduziu os controlos fronteiriços no 11 de Março, onde morreu mais gente, mais perto, e não parece que isso lhe tenha trazido grandes problemas; 2) o problema da França com as bombas de Londres não parece ser maior do que o (ou diferente do) dos restantes países europeus - pode até ser menor, atendendo à sua política externa relativamente ao Iraque e ao conflito israelo-palestiniano; 3) é uma manipulação levantar o medo contra o que vem de fora a propósito de atentados cometidos por quem era de dentro; 4) ninguém no seu perfeito juízo acredita que os controlos fronteiriços sejam um meio eficaz de evitar a entrada de terroristas daquele calibre.
De maneira que a França, dando rédea solta ao pior da sua tradicional pulsão isolacionista, acaba de violar, com o beneplácito dos restantes Países, os deveres que assumiu na Convenção de Aplicação de Schengen.
Claro, há sempre quem se sinta mais seguro por ter de mostrar o passaporte quando vai comprar caramelos a Fuentes d'Oñoro.
PS: A suspensão da liberdade de circulação não implica a suspensão do Sistema de Informação Schengen (SIS), que continua a funcionar em pleno. Obviamente.
No 'Mar Salgado'
O Regresso do 'Lápis Azul' ?...ou pior?
O Governo quer dar poderes à nova Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) para entrar nas redacções e instalações das empresas dos media sem mandado judicial, para proceder à sua fiscalização. De acordo com a proposta de lei do Governo, colocada online pelo Executivo no seu portal, a ERC fica livre para proceder à "divulgação das informações obtidas" e da "identidade dos operadores sujeitos a processos ainda em fase de investigação", bem como da "matéria a investigar".
O mesmo documento propõe que "os funcionários e agentes da ERC, os respectivos mandatários, bem como as pessoas ou entidades qualificadas devidamente credenciadas que desempenhem funções de fiscalização no exercício das suas funções e que apresentem título comprovativo" possam "aceder às instalações, equipamentos e serviços das entidades sujeitas à supervisão e regulação da ERC; requisitar documentos para analisar e requerer informações escritas; identificar todos os indivíduos que infrinjam a legislação e regulamentação, cuja observância devem respeitar, para posterior abertura de procedimento".
Os artigos 40.º ( Funções de Fiscalização) e 48.º (Exercício da Supervisão, alíneas 5 e 6) da proposta de lei definem ainda que os agentes da ERC podem, depois das investigações nas redacções, "reclamar a colaboração das autoridades competentes quando o julguem necessário ao desempenho das suas funções".
CRÍTICAS. Estes artigos, entre muitos outros, já mereceram da Confederação Portuguesa de Meios de Comunicação Social (CPMCS) duras críticas, em documento entregue ao Governo e num resumo enviado aos diferentes grupos parlamentares. Segundo esta associa- ção, que agrega ainda a Associação Portuguesa de Imprensa (AIND), os dois artigos "permitem buscas (que devem, em todos os casos, ser objecto de mandado judicial) sem qualquer aviso prévio, desproporcionais, pelo que é indispensável salvaguardar o segredo comercial, o segredo das fontes de informação e o próprio funcionamento normal da actividade comunicacional".
"De qualquer forma", acrescenta a mesma associação, "esta competência não é adequada aos objectivos da regulação do sector dos meios de comunicação social", sublinhando que "as referidas buscas só deverão ter lugar mediante a exibição de mandado judicial para o efeito, nos termos do Código de Processo Penal, e sob pena de violação de direitos constitucionalmente consagrados". Relativamente à divulgação das informações recolhidas nas buscas, da identidade dos operadores ou da matéria a investigar, a Confederação de Meios considera-a uma situação inaceitável. Sobretudo "enquanto não houver qualquer acusação ou imputação formal", pelo que "estes números devem ser eliminados da lei", conclui.
Em declarações ao DN, o secretário-geral da confederação, Francisco van Zeller, reforça a dúvida quanto a legalidade da proposta, acrescentando que a mesma reflecte "alguma falta de bom senso".
INCONSTITUCIONAL? Consultado pelo DN, o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia explica que a lei "pode ser inconstitucional no caso de a intervenção da ERC afectar os direitos fundamentais da inviolabilidade do domicílio ou do sigilo profissional, ambos passíveis de ser investigados apenas com autorização dos juízes". Porém, "a partir do momento em que a Assembleia da República proceda a uma alteração constitucional para criação de uma entidade reguladora, é legítimo que esta exija a cooperação de todos", conclui.
Sindicato. Para o Sindicato dos Jornalistas (SJ), a questão do sigilo profissional é incontornável e limita qualquer tipo de fiscalização.
"O sigilo profissional preserva a redacção ou os arquivos do jornal. Mas um motorista também está impedido de dizer aonde se deslocou com uma equipa de reportagem", disse ao DN Alfredo Maia, presidente do SJ. O jornalista referiu que a questão do sigilo foi acolhida pelo Governo em alguns pontos do projecto de lei da ERC.
O dirigente sindical frisa que esse tipo de fiscalização só pode ser feito com um mandado judicial autorizado por um juiz , segundo critérios precisos, quer se trate da Entidade Reguladora ou da PJ".
(DN online)
O mesmo documento propõe que "os funcionários e agentes da ERC, os respectivos mandatários, bem como as pessoas ou entidades qualificadas devidamente credenciadas que desempenhem funções de fiscalização no exercício das suas funções e que apresentem título comprovativo" possam "aceder às instalações, equipamentos e serviços das entidades sujeitas à supervisão e regulação da ERC; requisitar documentos para analisar e requerer informações escritas; identificar todos os indivíduos que infrinjam a legislação e regulamentação, cuja observância devem respeitar, para posterior abertura de procedimento".
Os artigos 40.º ( Funções de Fiscalização) e 48.º (Exercício da Supervisão, alíneas 5 e 6) da proposta de lei definem ainda que os agentes da ERC podem, depois das investigações nas redacções, "reclamar a colaboração das autoridades competentes quando o julguem necessário ao desempenho das suas funções".
CRÍTICAS. Estes artigos, entre muitos outros, já mereceram da Confederação Portuguesa de Meios de Comunicação Social (CPMCS) duras críticas, em documento entregue ao Governo e num resumo enviado aos diferentes grupos parlamentares. Segundo esta associa- ção, que agrega ainda a Associação Portuguesa de Imprensa (AIND), os dois artigos "permitem buscas (que devem, em todos os casos, ser objecto de mandado judicial) sem qualquer aviso prévio, desproporcionais, pelo que é indispensável salvaguardar o segredo comercial, o segredo das fontes de informação e o próprio funcionamento normal da actividade comunicacional".
"De qualquer forma", acrescenta a mesma associação, "esta competência não é adequada aos objectivos da regulação do sector dos meios de comunicação social", sublinhando que "as referidas buscas só deverão ter lugar mediante a exibição de mandado judicial para o efeito, nos termos do Código de Processo Penal, e sob pena de violação de direitos constitucionalmente consagrados". Relativamente à divulgação das informações recolhidas nas buscas, da identidade dos operadores ou da matéria a investigar, a Confederação de Meios considera-a uma situação inaceitável. Sobretudo "enquanto não houver qualquer acusação ou imputação formal", pelo que "estes números devem ser eliminados da lei", conclui.
Em declarações ao DN, o secretário-geral da confederação, Francisco van Zeller, reforça a dúvida quanto a legalidade da proposta, acrescentando que a mesma reflecte "alguma falta de bom senso".
INCONSTITUCIONAL? Consultado pelo DN, o constitucionalista Jorge Bacelar Gouveia explica que a lei "pode ser inconstitucional no caso de a intervenção da ERC afectar os direitos fundamentais da inviolabilidade do domicílio ou do sigilo profissional, ambos passíveis de ser investigados apenas com autorização dos juízes". Porém, "a partir do momento em que a Assembleia da República proceda a uma alteração constitucional para criação de uma entidade reguladora, é legítimo que esta exija a cooperação de todos", conclui.
Sindicato. Para o Sindicato dos Jornalistas (SJ), a questão do sigilo profissional é incontornável e limita qualquer tipo de fiscalização.
"O sigilo profissional preserva a redacção ou os arquivos do jornal. Mas um motorista também está impedido de dizer aonde se deslocou com uma equipa de reportagem", disse ao DN Alfredo Maia, presidente do SJ. O jornalista referiu que a questão do sigilo foi acolhida pelo Governo em alguns pontos do projecto de lei da ERC.
O dirigente sindical frisa que esse tipo de fiscalização só pode ser feito com um mandado judicial autorizado por um juiz , segundo critérios precisos, quer se trate da Entidade Reguladora ou da PJ".
(DN online)
E os cidadãos só se lembram de processar as tabaqueiras...
Existem 28 mil pacemakers com problemas de fabrico implantados em doentes de todo o mundo, de nove tipos de aparelhos fabricados entre 1997 e 2000 pela empresa norte-americana Guident. O número de portugueses com estes dispositivos defeituosos - que podem provocar complicações cardíacas graves -, rondará "algumas centenas", afirmou ontem ao DN o presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia. Manuel Carrageta acrescentou que os hospitais estão a fazer o levantamento e vão contactar os doentes para substituir o aparelho. Contudo, a Guident recusou-se ontem a adiantar informações.
A empresa anunciou ter detectado problemas em pacemakers de uma geração anterior que não são comercializados há quatro anos. Um material que serve para selar hermeticamente o dispositivo deteriora-se com o passar do tempo, "provocando uma concentração de humidade superior ao normal". Foram identificados 69 casos em que os pacemakers falharam depois de 44 meses de funcionamento. Um deles poderá mesmo ter levado à morte de um paciente.
Aquele que é o segundo maior fabricante mundial de aparelhos para o coração adianta ainda que houve 20 registos de perda de estimulação cardíaca, incluindo cinco doentes que registaram síncopes e pré-sincopes que tiveram de ser hospitalizados.
Os vários hospitais portugueses que fazem esta intervenção estão a recolher informação sobre os doentes que podem ter os modelos com defeito para depois procederem à sua substituição. É o caso de Santa Marta, que já identificou 85 pacientes. Os modelos em causa são o Pulsar Max, Pulsar, Discovery, Meridian, Pulsar II, Discovery II, Virtus Plus II, Intelis e Contak TR. Ao todo, foram comercializados 78 mil, existindo ainda 28 mil implantados em doentes, 18 mil só nos Estados Unidos. No site da empresa estão ainda disponíveis os lotes em causa.
A Guident anunciou que, até ao final do ano, vai substituir gratuitamente os pacemaker e reembolsará os doentes afectados em cerca de dois mil euros. Mas Manuel Carrageta considera que isto não chega. "Há também as despesas de hospitalização e trabalho médico. O Ministério da Saúde devia tomar uma posição sobre a questão". Mesmo porque estas representam metade do custo de uma cirurgia deste tipo, que ronda os cinco mil euros.
Em Portugal, a fiscalização deste tipo de aparelhos está a cargo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. Contudo, ontem, até ao fecho desta edição, não foi possível obter qualquer esclarecimento por parte do organismo.
(DN online)
A empresa anunciou ter detectado problemas em pacemakers de uma geração anterior que não são comercializados há quatro anos. Um material que serve para selar hermeticamente o dispositivo deteriora-se com o passar do tempo, "provocando uma concentração de humidade superior ao normal". Foram identificados 69 casos em que os pacemakers falharam depois de 44 meses de funcionamento. Um deles poderá mesmo ter levado à morte de um paciente.
Aquele que é o segundo maior fabricante mundial de aparelhos para o coração adianta ainda que houve 20 registos de perda de estimulação cardíaca, incluindo cinco doentes que registaram síncopes e pré-sincopes que tiveram de ser hospitalizados.
Os vários hospitais portugueses que fazem esta intervenção estão a recolher informação sobre os doentes que podem ter os modelos com defeito para depois procederem à sua substituição. É o caso de Santa Marta, que já identificou 85 pacientes. Os modelos em causa são o Pulsar Max, Pulsar, Discovery, Meridian, Pulsar II, Discovery II, Virtus Plus II, Intelis e Contak TR. Ao todo, foram comercializados 78 mil, existindo ainda 28 mil implantados em doentes, 18 mil só nos Estados Unidos. No site da empresa estão ainda disponíveis os lotes em causa.
A Guident anunciou que, até ao final do ano, vai substituir gratuitamente os pacemaker e reembolsará os doentes afectados em cerca de dois mil euros. Mas Manuel Carrageta considera que isto não chega. "Há também as despesas de hospitalização e trabalho médico. O Ministério da Saúde devia tomar uma posição sobre a questão". Mesmo porque estas representam metade do custo de uma cirurgia deste tipo, que ronda os cinco mil euros.
Em Portugal, a fiscalização deste tipo de aparelhos está a cargo do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge. Contudo, ontem, até ao fecho desta edição, não foi possível obter qualquer esclarecimento por parte do organismo.
(DN online)
Um pequeno passo
Há 36 anos atrás três homens davam voltas em torno da Lua dentro de duas pequenas naves. Depois o Eagle separou-se do Columbia e começou lentamente a descer em direcção à Lua. Dentro da nave seguiam Armstrong e Aldrin prestes a dar um pequeno passo para o Homem, mas um salto gigantesco para a Humanidade.
Em 'Estrela Cansada'
Em 'Estrela Cansada'
E uma carga de porrada no Ratz?
Terrorismo na enfermidade
O Papa Ratzinger exortou os médicos a ensinarem aos doentes «o sentido transcendente da dor e da enfermidade». Nessa carta, B16 incita «os médicos católicos a exercerem sua profissão acompanhando os enfermos com uma atitude de caridade, ensinando-os a aceitar os próprios limites humanos e a enfermidade e animando-os a oferecer ao Senhor seus sofrimentos, unindo assim ao sacrifício redentor de Cristo».
Olhando para o nosso pequeno país à beira-mar plantado, o pedido de Ratzinger, antes de acontecer, já tinha visto acolhimento nos nossos hospitais: temos capelanias hospitalares, assistência espiritual e religiosa, objecções de consciência por parte de médicos que se recusam a praticar o aborto permitido ou cópias da Bíblia. Como se isto não bastasse, e para além da doença, corremos o sério risco de encontrarmos um médico que nos quer fazer ver o «sentido transcendente da dor e da enfermidade».
um artigo de Mariana Pereira da Costa, visto em 'Diário Ateísta'
EU ACHO QUE ALGUÉM DEVERIA OFERECER OS SEUS PRÉSTIMOS NO SENTIDO DE DAR A EXPERIMENTAR AO RATZ O 'SENTIDO TRANSCENDENTE DA DOR'.
O Papa Ratzinger exortou os médicos a ensinarem aos doentes «o sentido transcendente da dor e da enfermidade». Nessa carta, B16 incita «os médicos católicos a exercerem sua profissão acompanhando os enfermos com uma atitude de caridade, ensinando-os a aceitar os próprios limites humanos e a enfermidade e animando-os a oferecer ao Senhor seus sofrimentos, unindo assim ao sacrifício redentor de Cristo».
Olhando para o nosso pequeno país à beira-mar plantado, o pedido de Ratzinger, antes de acontecer, já tinha visto acolhimento nos nossos hospitais: temos capelanias hospitalares, assistência espiritual e religiosa, objecções de consciência por parte de médicos que se recusam a praticar o aborto permitido ou cópias da Bíblia. Como se isto não bastasse, e para além da doença, corremos o sério risco de encontrarmos um médico que nos quer fazer ver o «sentido transcendente da dor e da enfermidade».
um artigo de Mariana Pereira da Costa, visto em 'Diário Ateísta'
EU ACHO QUE ALGUÉM DEVERIA OFERECER OS SEUS PRÉSTIMOS NO SENTIDO DE DAR A EXPERIMENTAR AO RATZ O 'SENTIDO TRANSCENDENTE DA DOR'.
Cinema
"Olá, sou o Albertino, director de uma empresa de distribuição de cinema e sou atrasado mental..."
Esta frase não é uma citação fidedigna, mas é quase... Quando existe tanto cinema mundial de qualidade e somos brindados com filmes como "O filho da Máscara" ou aquele da Jennifer Lopez que vai estrear, algo vai mal. Desde filmes de qualidade com anos de atraso, à inserção nas salas de todas as comédias românticas que conseguem arranjar (mesmo que não apareça o Hugh Grant), as salas de cinema portuguesas continuam a ser uma desolação sem fim à vista.
Já ouvi várias teorias de que temos o cinema que o público merece, mas também não há educação, um certo brio das distribuidoras nacionais. É o sindrome tipicamente português de quem abre um negócio: ganhar tudo de uma vez sem pensar em futuros ou no cliente. A crítica também não ajuda, porque o elitismo tem atingido pontos quase gritantes por parte dos profissionais.
O cinema nas nossas salas resume-se a produções em massa baseadas em templates testados e comprovados. Tudo americano e de Hollywood. Cinematografias asiáticas, europeias e sul-americanas quase nem aparecem. E são cinematografias comerciais... Já nem falo em cinema africano, iraniano ou Indiano, já ficava satisfeito com qualquer coisa que não me faça lembrar os actores do Dallas. Não admira que o pessoal "importe" cada vez mais cinema, passando ao lado do circuito nacional da distribuição.
visto no 'Cinema Xunga'
Esta frase não é uma citação fidedigna, mas é quase... Quando existe tanto cinema mundial de qualidade e somos brindados com filmes como "O filho da Máscara" ou aquele da Jennifer Lopez que vai estrear, algo vai mal. Desde filmes de qualidade com anos de atraso, à inserção nas salas de todas as comédias românticas que conseguem arranjar (mesmo que não apareça o Hugh Grant), as salas de cinema portuguesas continuam a ser uma desolação sem fim à vista.
Já ouvi várias teorias de que temos o cinema que o público merece, mas também não há educação, um certo brio das distribuidoras nacionais. É o sindrome tipicamente português de quem abre um negócio: ganhar tudo de uma vez sem pensar em futuros ou no cliente. A crítica também não ajuda, porque o elitismo tem atingido pontos quase gritantes por parte dos profissionais.
O cinema nas nossas salas resume-se a produções em massa baseadas em templates testados e comprovados. Tudo americano e de Hollywood. Cinematografias asiáticas, europeias e sul-americanas quase nem aparecem. E são cinematografias comerciais... Já nem falo em cinema africano, iraniano ou Indiano, já ficava satisfeito com qualquer coisa que não me faça lembrar os actores do Dallas. Não admira que o pessoal "importe" cada vez mais cinema, passando ao lado do circuito nacional da distribuição.
visto no 'Cinema Xunga'
Reputações
Noventa por cento dos políticos dão aos restantes dez por cento uma péssima reputação.
(Henry Kissinger)
visto no 'A Razão tem sempre cliente'
(Henry Kissinger)
visto no 'A Razão tem sempre cliente'
Silly Season
O mais forte indício de que já começou a silly season é a SIC noticiar que foram apreendidos 23 quilos de salsichas e uma quantidade indeterminada de vinho (uns bons garrafões imagino) ocultados num camião que transportava palha para a Suiça.
(visto na 'Grande Loja dos Trezentos')
Esclareçam-me...será que a 'silly season' dos noticiários da SIC e (arrgh) da TVI não é todo o ano?
(visto na 'Grande Loja dos Trezentos')
Esclareçam-me...será que a 'silly season' dos noticiários da SIC e (arrgh) da TVI não é todo o ano?
segunda-feira, julho 18, 2005
'Robotarium'
Primeiro 'robotarium' do mundo abre no Outono
O que será o primeiro robotarium do mundo está a ser instalado num novo jardim de Alverca, estando a inauguração deste projecto inovador, que alia a arte à ciência, previsto para o próximo Outono. A comunidade robótica que vai nascer no Jardim de Arcena/Bom Sucesso, nos arredores de Alverca, será constituída por 30 a 40 elementos de várias espécies e tamanhos, com formas de pequenos carrinhos, de bolas, de insectos e outros animais de pequeno porte. Os robots, que vão usar tecnologia em tudo semelhante à dos congéneres da NASA, terão capacidade para se movimentarem e irão identificar obstáculos. Este projecto de arte pública, que começou a ser desenvolvido em Maio de 2004, pelo arquitecto e artista plástico Leonel Moura, será incluído no programa de requalificação urbana Proqual em curso nos dois bairros alverquenses. A implementação de robótica está a cargo da empresa portuguesa IdMind, com o apoio da Câmara de Vila Franca de Xira. Para demonstrar como irão circular os robots que idealizou, o autor usa a imagem de um aquário gigante que "em vez de ter peixes tem robots lá dentro". Para distinguir as várias espécies de robots que vão viver no "robotarium", Leonel Moura utiliza "aquilo que é mais relevante na sua existência o movimento; isto é, se usam rodas, rastejam, dão saltos. Também são usadas referências de tipo genético: alguns robots simulam comportamentos parecidos com insectos, outros com veículos, outros imaginários", descreve. Os robots foram concebidos de forma a resistirem ao tempo, aos embates e à poluição, na perspectiva de terem uma "esperança de vida" longa. Os autómatos serão movidos a energia solar e por isso as estruturas terão limitações na sua forma, no peso e no modo de se deslocarem. Para poupar a energia que acumulam com a luz do sol, descansam à noite. Leonel Moura diz que esta intervenção artística é indissociável do lado lúdico gerado por este projecto, porque "as pessoas vão ver os robots a movimentarem-se e será também uma forma de estimular o interesse dos jovens pela ciência". O autor já divulgou o "robotarium" em várias cidades europeias e meios universitários estrangeiros. Évora, Pequim, Berlim, Roterdão, Lyon e Paris foram algumas delas. Também Madrid e Bolonha já estiveram na rota do projecto.
(Kim Hunter)
O que será o primeiro robotarium do mundo está a ser instalado num novo jardim de Alverca, estando a inauguração deste projecto inovador, que alia a arte à ciência, previsto para o próximo Outono. A comunidade robótica que vai nascer no Jardim de Arcena/Bom Sucesso, nos arredores de Alverca, será constituída por 30 a 40 elementos de várias espécies e tamanhos, com formas de pequenos carrinhos, de bolas, de insectos e outros animais de pequeno porte. Os robots, que vão usar tecnologia em tudo semelhante à dos congéneres da NASA, terão capacidade para se movimentarem e irão identificar obstáculos. Este projecto de arte pública, que começou a ser desenvolvido em Maio de 2004, pelo arquitecto e artista plástico Leonel Moura, será incluído no programa de requalificação urbana Proqual em curso nos dois bairros alverquenses. A implementação de robótica está a cargo da empresa portuguesa IdMind, com o apoio da Câmara de Vila Franca de Xira. Para demonstrar como irão circular os robots que idealizou, o autor usa a imagem de um aquário gigante que "em vez de ter peixes tem robots lá dentro". Para distinguir as várias espécies de robots que vão viver no "robotarium", Leonel Moura utiliza "aquilo que é mais relevante na sua existência o movimento; isto é, se usam rodas, rastejam, dão saltos. Também são usadas referências de tipo genético: alguns robots simulam comportamentos parecidos com insectos, outros com veículos, outros imaginários", descreve. Os robots foram concebidos de forma a resistirem ao tempo, aos embates e à poluição, na perspectiva de terem uma "esperança de vida" longa. Os autómatos serão movidos a energia solar e por isso as estruturas terão limitações na sua forma, no peso e no modo de se deslocarem. Para poupar a energia que acumulam com a luz do sol, descansam à noite. Leonel Moura diz que esta intervenção artística é indissociável do lado lúdico gerado por este projecto, porque "as pessoas vão ver os robots a movimentarem-se e será também uma forma de estimular o interesse dos jovens pela ciência". O autor já divulgou o "robotarium" em várias cidades europeias e meios universitários estrangeiros. Évora, Pequim, Berlim, Roterdão, Lyon e Paris foram algumas delas. Também Madrid e Bolonha já estiveram na rota do projecto.
(Kim Hunter)
RAPOSA
Robô teleoperado para auxílio aos bombeiros em operações de busca e salvamento, o RAPOSA foi criado no Instituto Superior Técnico (IST), em parceria com a empresa IDMind, e "chega onde o homem não pode", nas palavras de Isabel Ribeiro, directora do projecto.
Na apresentação da máquina, na semana passada, no IST, Pedro Lima, do Instituto de Sistemas e Robótica, do Técnico, garantiu que o robô será um parceiro fundamental dos bombeiros. "Um prédio cai, e o RAPOSA vai para o terreno para ver se há sobreviventes, transmitindo através dos seus sensores todas as informações ao operador. Um bombeiro demora mais tempo porque pode também correr perigo", explicou o investigador.
O RAPOSA foi concebido para actuar em ambientes tóxicos, de fraca visibilidade e irrespiráveis, como os escombros de um prédio. Com as medidas perfeitas para poder aceder a espaços pequenos, o robô está equipado com duas webcam, ligação com e sem cabo, câmara térmica, sensores de inclinação, humidade, temperatura e gases nocivos, e envia informações ao operador através do computador de bordo.
Depois de vários testes, que decorreram na Escola do Regimento de Sapadores dos Bombeiros, em Chelas, Isabel Ribeiro garantiu que o RAPOSA já pode ser usado num cenário real de desastre. "Vamos melhorá-lo, queremos instalar um microfone para que se ouça a vítima, mas já está em condições de ajudar". No fim da apresentação, houve alguma dificuldade em pôr o RAPOSA a funcionar, mas Isabel Ribeiro não se mostrou preocupada. "As máquinas também podem falhar, não são só os homens".
(Fredrick Marsh)
Na apresentação da máquina, na semana passada, no IST, Pedro Lima, do Instituto de Sistemas e Robótica, do Técnico, garantiu que o robô será um parceiro fundamental dos bombeiros. "Um prédio cai, e o RAPOSA vai para o terreno para ver se há sobreviventes, transmitindo através dos seus sensores todas as informações ao operador. Um bombeiro demora mais tempo porque pode também correr perigo", explicou o investigador.
O RAPOSA foi concebido para actuar em ambientes tóxicos, de fraca visibilidade e irrespiráveis, como os escombros de um prédio. Com as medidas perfeitas para poder aceder a espaços pequenos, o robô está equipado com duas webcam, ligação com e sem cabo, câmara térmica, sensores de inclinação, humidade, temperatura e gases nocivos, e envia informações ao operador através do computador de bordo.
Depois de vários testes, que decorreram na Escola do Regimento de Sapadores dos Bombeiros, em Chelas, Isabel Ribeiro garantiu que o RAPOSA já pode ser usado num cenário real de desastre. "Vamos melhorá-lo, queremos instalar um microfone para que se ouça a vítima, mas já está em condições de ajudar". No fim da apresentação, houve alguma dificuldade em pôr o RAPOSA a funcionar, mas Isabel Ribeiro não se mostrou preocupada. "As máquinas também podem falhar, não são só os homens".
(Fredrick Marsh)
Lisboa - Dakar
O Rally Lisboa/Dakar, cuja partida está marcada para 1 de Janeiro de 2006, sob o impulso do empresário João Lagos, vai proporcionar um fim de ano em grande na cidade de Portimão, que será a sede algarvia do mítico evento, o qual, ao fim de 27 anos, passará pela primeira vez em Portugal. O programa de animação, a cargo da câmara local, da Região de Turismo do Algarve (RTA) e de associações empresariais do sector, só ficará concluído no final de Agosto. Mas segundo apurou o DN está em aberto a possibilidade de estender um vasto leque de iniciativas por toda a região, nessa altura - desde a gastronomia até acções lúdicas, culturais e outras de música popular, como por exemplo o folclore e um Festival de Charolas (provavelmente em Estói, no concelho de Faro). Isto além de incluir no programa o habitual concerto de final de ano em Albufeira.
O "circo" do rally será montado na zona ribeirinha de Portimão, que, de resto, tem funcionado como palco de eventos internacionais. "Queremos ter aquele espaço disponível para as pessoas contactarem com as máquinas e com os pilotos. E pretendemos ter ali, também, uma animação muito grande de passagem-de-ano, provavelmente um grande concerto com artistas portugueses ou estrangeiros", disse ao DN Manuel da Luz, presidente da autarquia portimonense, que investe cerca de 350 mil euros naquela organização. O Parque de Feiras e Exposições da cidade poderá receber parte da animação.
O rally, que nesta edição alcançou o número máximo de inscrições com um total de 725 veículos, entre automóveis, motos, camiões e viaturas de assistência, deverá juntar no Algarve cerca de 3 mil pessoas, nomeadamente pilotos, co-pilotos, mecânicos e outros acompanhantes. Hélder Martins, presidente da RTA, aposta em dois tipos de animação uma voltada para a classe A, com um concerto de topo de fim-de-ano, "para atrair empresários e outras pessoas que apreciam um produto de grande qualidade de forma a transmitir a imagem do Algarve como destino onde se realizam grandes eventos"; e em paralelo uma "animação sobretudo de massas", com um espectáculo musical e o contacto com o "circo" que poucas horas estará a caminho de Espanha para atravessar o continente africano.
A caravela Boa Esperança vai estar iluminada e atracada em Portimão, podendo ser visitada por quem o desejar. E se as condições atmosféricas o permitirem, haverá festa e animação no interior. Por outro lado, estuda-se a hipótese de o Douro Azul, navio hotel que inaugurou cruzeiros no litoral algarvio, proporcionar um réveillon no rio Arade. "Esperamos encher o Algarve no fim-de-ano e caberá no pacote de animação tudo o que são eventos a esse nível nesta região, a qual, terá de se rever neste projecto", sublinha Hélder Martins.
O responsável da RTA só espera que os hoteleiros saibam aproveitar as oportunidades de negócios, proporcionando preços equilibrados, por exemplo entre o Natal e fim-de-ano, para "não acontecer o que sucedeu no Euro-2004, em que muitos visitantes foram dormir a Espanha". Para a divulgação deste rally, a Associação para a Promoção do Turismo Algarve, de que fazem parte a RTA e empresários, vai despender 500 mil euros. "O Algarve recebe o Dakar" deverá ser o slogan.
(Tim Andrews)
O "circo" do rally será montado na zona ribeirinha de Portimão, que, de resto, tem funcionado como palco de eventos internacionais. "Queremos ter aquele espaço disponível para as pessoas contactarem com as máquinas e com os pilotos. E pretendemos ter ali, também, uma animação muito grande de passagem-de-ano, provavelmente um grande concerto com artistas portugueses ou estrangeiros", disse ao DN Manuel da Luz, presidente da autarquia portimonense, que investe cerca de 350 mil euros naquela organização. O Parque de Feiras e Exposições da cidade poderá receber parte da animação.
O rally, que nesta edição alcançou o número máximo de inscrições com um total de 725 veículos, entre automóveis, motos, camiões e viaturas de assistência, deverá juntar no Algarve cerca de 3 mil pessoas, nomeadamente pilotos, co-pilotos, mecânicos e outros acompanhantes. Hélder Martins, presidente da RTA, aposta em dois tipos de animação uma voltada para a classe A, com um concerto de topo de fim-de-ano, "para atrair empresários e outras pessoas que apreciam um produto de grande qualidade de forma a transmitir a imagem do Algarve como destino onde se realizam grandes eventos"; e em paralelo uma "animação sobretudo de massas", com um espectáculo musical e o contacto com o "circo" que poucas horas estará a caminho de Espanha para atravessar o continente africano.
A caravela Boa Esperança vai estar iluminada e atracada em Portimão, podendo ser visitada por quem o desejar. E se as condições atmosféricas o permitirem, haverá festa e animação no interior. Por outro lado, estuda-se a hipótese de o Douro Azul, navio hotel que inaugurou cruzeiros no litoral algarvio, proporcionar um réveillon no rio Arade. "Esperamos encher o Algarve no fim-de-ano e caberá no pacote de animação tudo o que são eventos a esse nível nesta região, a qual, terá de se rever neste projecto", sublinha Hélder Martins.
O responsável da RTA só espera que os hoteleiros saibam aproveitar as oportunidades de negócios, proporcionando preços equilibrados, por exemplo entre o Natal e fim-de-ano, para "não acontecer o que sucedeu no Euro-2004, em que muitos visitantes foram dormir a Espanha". Para a divulgação deste rally, a Associação para a Promoção do Turismo Algarve, de que fazem parte a RTA e empresários, vai despender 500 mil euros. "O Algarve recebe o Dakar" deverá ser o slogan.
(Tim Andrews)
domingo, julho 17, 2005
Eles 'andem' aí...
Octopus Dei
Robert Hutchinson, um jornalista inglês radicado na Suíça, escreveu há alguns anos um livro polémico sobre a Opus Dei. Nesse livro, ele sustenta a tese que "a Opus Dei permanece vivamente interessada em influenciar a opinião pública ao colocar determinados dos seus membros em posições chave dos media". Para dar corpo à tese, o autor também cita um relatório sobre a composição da Opus Dei enviado ao Papa João Paulo II há quase 20 anos. Os números falam por si: "(o documento) apresentava estatísticas incluindo a força exacta da Opus Dei-72 375 membros, casados ou solteiros, homens ou mulheres, representando 87 nacionalidades, dos quais apenas dois por cento eram sacerdotes(...)". O memorando desvendava também alguns pormenores das actividades do Opus Dei: "Membros do Opus Dei trabalham já nos seguintes empreendimentos profissionais... 479 universidades e institutos de ensino superior em cinco continentes; 604 jornais, revistas e publicações científicas; 52 estações de rádio e televisão; 38 agências de notícias e publicidade; 12 companhias produtoras e distribuidoras de filmes".
Palavra de honra que dava dinheiro para saber quais são as estatísticas actualizadas e quem são estes senhores das sombras.
Copiado da 'Grande Loja dos Trezentos'
(Janet Neuhauser)
Robert Hutchinson, um jornalista inglês radicado na Suíça, escreveu há alguns anos um livro polémico sobre a Opus Dei. Nesse livro, ele sustenta a tese que "a Opus Dei permanece vivamente interessada em influenciar a opinião pública ao colocar determinados dos seus membros em posições chave dos media". Para dar corpo à tese, o autor também cita um relatório sobre a composição da Opus Dei enviado ao Papa João Paulo II há quase 20 anos. Os números falam por si: "(o documento) apresentava estatísticas incluindo a força exacta da Opus Dei-72 375 membros, casados ou solteiros, homens ou mulheres, representando 87 nacionalidades, dos quais apenas dois por cento eram sacerdotes(...)". O memorando desvendava também alguns pormenores das actividades do Opus Dei: "Membros do Opus Dei trabalham já nos seguintes empreendimentos profissionais... 479 universidades e institutos de ensino superior em cinco continentes; 604 jornais, revistas e publicações científicas; 52 estações de rádio e televisão; 38 agências de notícias e publicidade; 12 companhias produtoras e distribuidoras de filmes".
Palavra de honra que dava dinheiro para saber quais são as estatísticas actualizadas e quem são estes senhores das sombras.
Copiado da 'Grande Loja dos Trezentos'
(Janet Neuhauser)
E a Madeira é um Jardim...
Finalmente, Alberto João Jardim começa a ser reconhecido no estrangeiro, como figura(o) de vulto! Conseguiu a contracapa do El Mundo da passada 5ª feira.
Via: Diário de Notícias da Madeira
El Mundo apelida Jardim de "professor do insulto"
Um artigo publicado quinta-feira no matutino espanhol, fala dos «excessos verbais» de Alberto João Jardim
Alberto João Jardim anda, a bem dizer, nas bocas d’"El Mundo". Um artigo publicado anteontem, naquele que é um dos maiores jornais espanhóis, faz o retrato do presidente do Governo Regional da Madeira, através da escrita da jornalista Sonia Dominguez. Com o título «O professor português do insulto», a página começa com uma frase de apresentação «o zoo do século XXI: Alberto João Jardim/ O presidente regional da Madeira caracteriza-se pelos seus excessos verbais e pelo seu ataque sistemático à metrópole».
Começando a peça jornalística com uma caracterização do povo português, o "El Mundo" considera que este é um povo «muito diplomático que, todavia, mantém tratamentos como "senhor doutor" e "se me dá licença". No entanto, o país treme sempre que ressoam ecos da Madeira, uma vez que o seu presidente tem um comportamento contrário ao do povo português, «dizendo o que lhe chega directamente à cabeça». Na óptica da jornalista, chamar «loucos e incompetentes» aos políticos de Lisboa é apenas o início de «uma lista de impropérios» que pelo meio conta com os «bastardos e filhos da puta» e que nos últimos dias tem culminado com as críticas aos comerciantes chineses. O "El Mundo" refere, neste extenso artigo, que os comentários do líder insular têm provocado uma crise interna e externa que se converteu na actualidade política do Verão. O artigo recorda ainda que o actual líder do partido de Alberto João Jardim foi recentemente eleito e já é considerado pelo madeirense como «"persona non grata" na ilha».
Os espanhóis consideram que esta atitude não é estranha e recordam que, ao longo de todos estes anos de governação, Jardim enfrentou Presidentes da República, primeiros-ministros e líderes do seu próprio partido e há 27 anos que «os portugueses tratam de lidar com as suas excentricidades». Apesar de Jardim ser interpretado como um «cacique, arrogante, autoritário e populista», o artigo do "El Mundo" também refere que lhe é reconhecido o valor de ter fomentado o desenvolvimento económico das ilhas que governa no Atlântico.
As desavenças com Freitas do Amaral, ministro dos Negócios Estrangeiros, a propósito do pedido de desculpas à China, também são abordadas neste artigo que foi publicado na última página do matutino espanhol. A jornalista deixa ainda a expectativa de Jardim voltar a ser «demasiado expressivo» na festa do Chão da Lagoa. A peça jornalística de Sonia Dominguez termina com a explicação de que «em casa, o defendem com capa e espada» e com o reconhecimento de que o Governo Regional da Madeira «tem sabido transformar uma região empobrecida, que vivia do comércio das bananas, num pólo turístico de primeira».
(Miguel Torres Cunha)
visto no 'Fumaças'
Via: Diário de Notícias da Madeira
El Mundo apelida Jardim de "professor do insulto"
Um artigo publicado quinta-feira no matutino espanhol, fala dos «excessos verbais» de Alberto João Jardim
Alberto João Jardim anda, a bem dizer, nas bocas d’"El Mundo". Um artigo publicado anteontem, naquele que é um dos maiores jornais espanhóis, faz o retrato do presidente do Governo Regional da Madeira, através da escrita da jornalista Sonia Dominguez. Com o título «O professor português do insulto», a página começa com uma frase de apresentação «o zoo do século XXI: Alberto João Jardim/ O presidente regional da Madeira caracteriza-se pelos seus excessos verbais e pelo seu ataque sistemático à metrópole».
Começando a peça jornalística com uma caracterização do povo português, o "El Mundo" considera que este é um povo «muito diplomático que, todavia, mantém tratamentos como "senhor doutor" e "se me dá licença". No entanto, o país treme sempre que ressoam ecos da Madeira, uma vez que o seu presidente tem um comportamento contrário ao do povo português, «dizendo o que lhe chega directamente à cabeça». Na óptica da jornalista, chamar «loucos e incompetentes» aos políticos de Lisboa é apenas o início de «uma lista de impropérios» que pelo meio conta com os «bastardos e filhos da puta» e que nos últimos dias tem culminado com as críticas aos comerciantes chineses. O "El Mundo" refere, neste extenso artigo, que os comentários do líder insular têm provocado uma crise interna e externa que se converteu na actualidade política do Verão. O artigo recorda ainda que o actual líder do partido de Alberto João Jardim foi recentemente eleito e já é considerado pelo madeirense como «"persona non grata" na ilha».
Os espanhóis consideram que esta atitude não é estranha e recordam que, ao longo de todos estes anos de governação, Jardim enfrentou Presidentes da República, primeiros-ministros e líderes do seu próprio partido e há 27 anos que «os portugueses tratam de lidar com as suas excentricidades». Apesar de Jardim ser interpretado como um «cacique, arrogante, autoritário e populista», o artigo do "El Mundo" também refere que lhe é reconhecido o valor de ter fomentado o desenvolvimento económico das ilhas que governa no Atlântico.
As desavenças com Freitas do Amaral, ministro dos Negócios Estrangeiros, a propósito do pedido de desculpas à China, também são abordadas neste artigo que foi publicado na última página do matutino espanhol. A jornalista deixa ainda a expectativa de Jardim voltar a ser «demasiado expressivo» na festa do Chão da Lagoa. A peça jornalística de Sonia Dominguez termina com a explicação de que «em casa, o defendem com capa e espada» e com o reconhecimento de que o Governo Regional da Madeira «tem sabido transformar uma região empobrecida, que vivia do comércio das bananas, num pólo turístico de primeira».
(Miguel Torres Cunha)
visto no 'Fumaças'
Portugal visto de fora
DESARROLLO-PORTUGAL:
Lejos de Europa. Mario de Queiroz
LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el ”club de los ricos” del continente.
Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.
La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.
A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del ”grupo de los pobres” de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.
En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.
”La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona”, afirma la organización.
En el sector privado, ”los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas”, afirma la OCDE.
”La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental”, señala el documento.
Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.
Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios.
Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.
¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.
Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.
El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que ”el mercado decide los salarios”. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. ”Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado”, dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, ”los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia”, explicó Cravinho.
Estos mismos grandes accionistas, ”son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos”, lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años ”está siendo pagada por las clases menos favorecidas”, dijo.
Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.
Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.
Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.
Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos ”están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo”.
Para muchos ”es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión”, dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.
”Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país”, opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.
Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones ”obscenas” y ”escandalosas”, según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
”En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro”, criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, ”le roban nueve a la comunidad”, pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos ”roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo”, comentó con sarcasmo.
Si un país ”permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad”, sentenció. (FIN/2004)
visto no 'Gotika'
(Cynthia Greig)
Lejos de Europa. Mario de Queiroz
LISBOA, 21 sep (IPS) - Indicadores económicos y sociales periódicamente divulgados por la Unión Europea (UE) colocan a Portugal en niveles de pobreza e injusticia social inadmisibles para un país que integra desde 1986 el ”club de los ricos” del continente.
Pero el golpe de gracia lo dio la evaluación de la Organización para la Cooperación y el Desarrollo Económicos (OCDE): en los próximos años Portugal se distanciará aún más de los países avanzados.
La productividad más baja de la UE, la escasa innovación y vitalidad del sector empresarial, educación y formación profesional deficientes, mal uso de fondos públicos, con gastos excesivos y resultados magros son los datos señalados por el informe anual sobre Portugal de la OCDE, que reúne a 30 países industriales.
A diferencia de España, Grecia e Irlanda (que hicieron también parte del ”grupo de los pobres” de la UE), Portugal no supo aprovechar para su desarrollo los cuantiosos fondos comunitarios que fluyeron sin cesar desde Bruselas durante casi dos décadas, coinciden analistas políticos y económicos.
En 1986, Madrid y Lisboa ingresaron a la entonces Comunidad Económica Europea con índices similares de desarrollo relativo, y sólo una década atrás, Portugal ocupaba un lugar superior al de Grecia e Irlanda en el ranking de la UE. Pero en 2001, fue cómodamente superado por esos dos países, mientras España ya se ubica a poca distancia del promedio del bloque.
”La convergencia de la economía portuguesa con las más avanzadas de la OCE pareció detenerse en los últimos años, dejando una brecha significativa en los ingresos por persona”, afirma la organización.
En el sector privado, ”los bienes de capital no siempre se utilizan o se ubican con eficacia y las nuevas tecnologías no son rápidamente adoptadas”, afirma la OCDE.
”La fuerza laboral portuguesa cuenta con menos educación formal que los trabajadores de otros países de la UE, inclusive los de los nuevos miembros de Europa central y oriental”, señala el documento.
Todos los análisis sobre las cifras invertidas coinciden en que el problema central no está en los montos, sino en los métodos para distribuirlos.
Portugal gasta más que la gran mayoría de los países de la UE en remuneración de empleados públicos respecto de su producto interno bruto, pero no logra mejorar significativamente la calidad y eficiencia de los servicios.
Con más profesores por cantidad de alumnos que la mayor parte de los miembros de la OCDE, tampoco consigue dar una educación y formación profesional competitivas con el resto de los países industrializados.
En los últimos 18 años, Portugal fue el país que recibió más beneficios por habitante en asistencia comunitaria. Sin embargo, tras nueve años de acercarse a los niveles de la UE, en 1995 comenzó a caer y las perspectivas hoy indican mayor distancia.
¿Dónde fueron a parar los fondos comunitarios?, es la pregunta insistente en debates televisados y en columnas de opinión de los principales periódicos del país. La respuesta más frecuente es que el dinero engordó la billetera de quienes ya tenían más.
Los números indican que Portugal es el país de la UE con mayor desigualdad social y con los salarios mínimos y medios más bajos del bloque, al menos hasta el 1 de mayo, cuando éste se amplió de 15 a 25 naciones.
También es el país del bloque en el que los administradores de empresas públicas tienen los sueldos más altos.
El argumento más frecuente de los ejecutivos indica que ”el mercado decide los salarios”. Consultado por IPS, el ex ministro de Obras Públicas (1995-2002) y actual diputado socialista João Cravinho desmintió esta teoría. ”Son los propios administradores quienes fijan sus salarios, cargando las culpas al mercado”, dijo.
En las empresas privadas con participación estatal o en las estatales con accionistas minoritarios privados, ”los ejecutivos fijan sus sueldos astronómicos (algunos llegan a los 90.000 dólares mensuales, incluyendo bonos y regalías) con la complicidad de los accionistas de referencia”, explicó Cravinho.
Estos mismos grandes accionistas, ”son a la vez altos ejecutivos, y todo este sistema, en el fondo, es en desmedro del pequeño accionista, que ve como una gruesa tajada de los lucros va a parar a cuentas bancarias de los directivos”, lamentó el ex ministro.
La crisis económica que estancó el crecimiento portugués en los últimos dos años ”está siendo pagada por las clases menos favorecidas”, dijo.
Esta situación de desigualdad aflora cada día con los ejemplos más variados. El último es el de la crisis del sector automotriz.
Los comerciantes se quejan de una caída de casi 20 por ciento en las ventas de automóviles de baja cilindrada, con precios de entre 15.000 y 20.000 dólares.
Pero los representantes de marcas de lujo como Ferrari, Porsche, Lamborghini, Maserati y Lotus (vehículos que valen más de 200.000 dólares), lamentan no dar abasto a todos los pedidos, ante un aumento de 36 por ciento en la demanda.
Estudios sobre la tradicional industria textil lusa, que fue una de las más modernas y de más calidad del mundo, demuestran su estancamiento, pues sus empresarios no realizaron los necesarios ajustes para actualizarla. Pero la zona norte donde se concentra el sector textil, tiene más autos Ferrari por metro cuadrado que Italia.
Un ejecutivo español de la informática, Javier Felipe, dijo a IPS que según su experiencia con empresarios portugueses, éstos ”están más interesados en la imagen que proyectan que en el resultado de su trabajo”.
Para muchos ”es más importante el automóvil que conducen, el tipo de tarjeta de crédito que pueden lucir al pagar una cuenta o el modelo del teléfono celular, que la eficiencia de su gestión”, dijo Felipe, aclarando que hay excepciones.
”Todo esto va modelando una mentalidad que, a fin de cuentas, afecta al desarrollo de un país”, opinó.
La evasión fiscal impune es otro aspecto que ha castrado inversiones del sector público con potenciales efectos positivos en la superación de la crisis económica y el desempleo, que este año llegó a 7,3 por ciento de la población económicamente activa.
Los únicos contribuyentes a cabalidad de las arcas del Estado son los trabajadores contratados, que descuentan en la fuente laboral. En los últimos dos años, el gobierno decidió cargar la mano fiscal sobre esas cabezas, manteniendo situaciones ”obscenas” y ”escandalosas”, según el economista y comentarista de televisión Antonio Pérez Metello.
”En lugar de anunciar progresos en la recuperación de los impuestos de aquellos que continúan riéndose en la cara del fisco, el gobierno (conservador) decide sacar una tajada aun mayor de esos que ya pagan lo que es debido, y deja incólume la nebulosa de los fugitivos fiscales, sin coherencia ideológica, sin visión de futuro”, criticó Metello.
La prueba está explicada en una columna de opinión de José Vitor Malheiros, aparecida este martes en el diario Público de Lisboa, que fustiga la falta de honestidad en la declaración de impuestos de los llamados profesionales liberales.
Según esos documentos entregados al fisco, médicos y dentistas declararon ingresos anuales promedio de 17.680 euros (21.750 dólares), los abogados de 10.864 (13.365 dólares), los arquitectos de 9.277 (11.410 dólares) y los ingenieros de 8.382 (10.310 dólares).
Estos números indican que por cada seis euros que pagan al fisco, ”le roban nueve a la comunidad”, pues estos profesionales no dependientes deberían contribuir con 15 por ciento del total del impuesto al ingreso por trabajo singular y sólo tributan seis por ciento, dijo Malheiros.
Con la devolución de impuestos al cerrar un ejercicio fiscal, éstos ”roban más de lo que pagan, como si un carnicero nos vendiese 400 gramos de bife y nos hiciese pagar un kilogramo, y existen 180.000 de estos profesionales liberales que, en promedio, nos roban 600 gramos por kilo”, comentó con sarcasmo.
Si un país ”permite que un profesional liberal con dos casas y dos automóviles de lujo declare ingresos de 600 euros (738 dólares) por mes, año tras año, sin ser cuestionado en lo más mínimo por el fisco, y encima recibe un subsidio del Estado para ayudar a pagar el colegio privado de sus hijos, significa que el sistema no tiene ninguna moralidad”, sentenció. (FIN/2004)
visto no 'Gotika'
(Cynthia Greig)
África
A propósito das comemorações do 30º aniversário da independência do seu país, o escritor moçambicano Mia Couto proferiu na Suiça, no passado dia 16 de Junho, uma conferência subordinada ao tema: 'No passado, o futuro era melhor?' onde aborda alguns dos difíceis problemas da construção da soberania daquele país. Aqui fica um extracto para aguçar a curiosidade:
«O FALSO SENTIMENTO DE DESPERDÍCIO
A opinião pública na Europa e nos EUA mantém a ideia de que África pode sair da situação de crise se gerir bem os fundos doados. A ajuda apenas é insuficiente porque é mal usada.
É certo que parte das doações tem sido desviada em benefício de elites minoritárias. Algumas dessas fortunas roubadas estão aqui, bem no coração da Europa, na forma de criminosas contas bancárias. Mas a grande verdade é que, mesmo bem usada, a actual ajuda não resolveria os problemas vitais das nações empobrecidas. Pelo contrário, o actual quadro da ajuda poderá estar agravando a condição de miséria do Terceiro Mundo.
Regressemos à ideia dominante de que os valores da ajuda são astronómicos. Na verdade, é necessário colocar essas quantias no devido contexto. Os cidadãos americanos acreditam, por exemplo, que o seu país destina 15 a 20 por cento do seu Orçamento para a ajuda externa. Estão errados. Os EUA gastam menos de 1 por cento nessa ajuda, uma ninharia comparada com os milhões que o governo paga por ano aos fornecedores de armamento.
Um escritor sabe contar, não sabe fazer contas. Mas um economista amigo ajudou-me a fazer umas somas e gostaria de partilhar os resultados convosco. Com os 175 biliões de USD que os EUA já gastaram na guerra do Iraque desde Marco de 2003 seria possível fazer o seguinte:
1) Instalar 40.000 pequenas e médias empresas produtivas relativamente modernas e competitivas na África Sub-Sahariana, gerando directamente 12 milhões de novos postos de trabalho com salários e condições de trabalho acima da actual média. Deste modo se arrancaria de forma permanente cerca de 60 milhões de Africanos das malhas da pobreza. Além disto, este investimento tornaria possível às economias africanas tirarem proveito efectivo das oportunidades comerciais que hoje já existem, como sejam o caso do AGOA (comércio preferencial com os EUA) e o EBA (everything-but-arms, comércio preferencial com a União Europeia). Isto significa que num espaço de tempo relativamente curto, o Produto Interno Bruto per capita da África Sub-Sahariana poderia ser triplicado, não à custa de ajuda mas com base em desenvolvimento e crescimento real da economia e uma melhor distribuição do rendimento gerado.
2) Além dessas empresas, com o dinheiro gasto no Iraque seria possível também construir mais 600 escolas técnico-profissionais de alta qualidade, onde poderiam ser formados, todos os anos, cerca de 300.000 trabalhadores qualificados para impulsionarem o desenvolvimento da agricultura, agro-indústria, pesca, indústria, turismo, serviços, etc. Este treinamento permitiria que as empresas mencionadas acima pudessem funcionar bem com força de trabalho qualificada, com repercussões imediatas na produtividade e do nível de vida da maioria dos Africanos.
Ou refazendo as contas: os biliões de dólares gastos no Iraque são suficientes para empregar mais 4 milhões de professores primários por um ano, ou para imunizar todas as crianças do Mundo contra diferentes doenças por 58 anos, ou para alimentar o Mundo durante os próximos 7 anos, ou ainda para terminar com o flagelo da malária em África e construir 2 milhões de novas habitações básicas.
Estes outros destinos a serem concedidos aos biliões de dólares talvez fossem uma forma mais efectiva de combater a insegurança. Porque há um terror invisível que pode estar alimentando o terrorismo internacional. Esse é o terror da fome, da pobreza, da ignorância, o terrorismo do desespero perante a impossibilidade de mudar a vida.
Caros senhores,
Finalmente, quase nenhuma das nações desenvolvidas cumpriu aquilo que foi estipulado há trinta anos pelas Nações Unidas: destinar 0.7 por cento do seu orçamento para a ajuda externa. Em média, esse apoio não ultrapassa hoje os 0.25 por cento. Como se pode ver, não são apenas os países pobres que não estão cumprindo as obrigações internacionalmente assumidas.
O mais grave, porém, é que aquilo que nos é dado numa mão nos é retirado pela outra mão. Calcula-se que o proteccionismo e os subsídios retiram aos países pobres 2050 milhões de euros. Ou seja muitíssimo mais daquilo que é o valor da ajuda. Para além disso, os subsídios agrícolas na Europa e EUA representam um contra-senso na lógica que nos é imposta em relação aos mecanismos reguladores da economia. Numa palavra, os profetas do liberalismo de mercado não fazem em casa aquilo que propalam publicamente.
Mais grave ainda: está provado que 40 por cento do valor que se acredita dar aos países pobres é destinado a pagar a consultores internacionais. Na realidade, há hoje mais expatriados em África do que havia no tempo colonial. Quer dizer: uma parte do dinheiro está sendo absorvido pelo circuito dos países ricos. Com este dado, o valor da ajuda desce de 0.25 do orçamento para menos de 0.1 por cento. Afinal, não se está dando tanto quanto os cidadãos dos países ricos acreditam.»
(Frank Baudino)
«O FALSO SENTIMENTO DE DESPERDÍCIO
A opinião pública na Europa e nos EUA mantém a ideia de que África pode sair da situação de crise se gerir bem os fundos doados. A ajuda apenas é insuficiente porque é mal usada.
É certo que parte das doações tem sido desviada em benefício de elites minoritárias. Algumas dessas fortunas roubadas estão aqui, bem no coração da Europa, na forma de criminosas contas bancárias. Mas a grande verdade é que, mesmo bem usada, a actual ajuda não resolveria os problemas vitais das nações empobrecidas. Pelo contrário, o actual quadro da ajuda poderá estar agravando a condição de miséria do Terceiro Mundo.
Regressemos à ideia dominante de que os valores da ajuda são astronómicos. Na verdade, é necessário colocar essas quantias no devido contexto. Os cidadãos americanos acreditam, por exemplo, que o seu país destina 15 a 20 por cento do seu Orçamento para a ajuda externa. Estão errados. Os EUA gastam menos de 1 por cento nessa ajuda, uma ninharia comparada com os milhões que o governo paga por ano aos fornecedores de armamento.
Um escritor sabe contar, não sabe fazer contas. Mas um economista amigo ajudou-me a fazer umas somas e gostaria de partilhar os resultados convosco. Com os 175 biliões de USD que os EUA já gastaram na guerra do Iraque desde Marco de 2003 seria possível fazer o seguinte:
1) Instalar 40.000 pequenas e médias empresas produtivas relativamente modernas e competitivas na África Sub-Sahariana, gerando directamente 12 milhões de novos postos de trabalho com salários e condições de trabalho acima da actual média. Deste modo se arrancaria de forma permanente cerca de 60 milhões de Africanos das malhas da pobreza. Além disto, este investimento tornaria possível às economias africanas tirarem proveito efectivo das oportunidades comerciais que hoje já existem, como sejam o caso do AGOA (comércio preferencial com os EUA) e o EBA (everything-but-arms, comércio preferencial com a União Europeia). Isto significa que num espaço de tempo relativamente curto, o Produto Interno Bruto per capita da África Sub-Sahariana poderia ser triplicado, não à custa de ajuda mas com base em desenvolvimento e crescimento real da economia e uma melhor distribuição do rendimento gerado.
2) Além dessas empresas, com o dinheiro gasto no Iraque seria possível também construir mais 600 escolas técnico-profissionais de alta qualidade, onde poderiam ser formados, todos os anos, cerca de 300.000 trabalhadores qualificados para impulsionarem o desenvolvimento da agricultura, agro-indústria, pesca, indústria, turismo, serviços, etc. Este treinamento permitiria que as empresas mencionadas acima pudessem funcionar bem com força de trabalho qualificada, com repercussões imediatas na produtividade e do nível de vida da maioria dos Africanos.
Ou refazendo as contas: os biliões de dólares gastos no Iraque são suficientes para empregar mais 4 milhões de professores primários por um ano, ou para imunizar todas as crianças do Mundo contra diferentes doenças por 58 anos, ou para alimentar o Mundo durante os próximos 7 anos, ou ainda para terminar com o flagelo da malária em África e construir 2 milhões de novas habitações básicas.
Estes outros destinos a serem concedidos aos biliões de dólares talvez fossem uma forma mais efectiva de combater a insegurança. Porque há um terror invisível que pode estar alimentando o terrorismo internacional. Esse é o terror da fome, da pobreza, da ignorância, o terrorismo do desespero perante a impossibilidade de mudar a vida.
Caros senhores,
Finalmente, quase nenhuma das nações desenvolvidas cumpriu aquilo que foi estipulado há trinta anos pelas Nações Unidas: destinar 0.7 por cento do seu orçamento para a ajuda externa. Em média, esse apoio não ultrapassa hoje os 0.25 por cento. Como se pode ver, não são apenas os países pobres que não estão cumprindo as obrigações internacionalmente assumidas.
O mais grave, porém, é que aquilo que nos é dado numa mão nos é retirado pela outra mão. Calcula-se que o proteccionismo e os subsídios retiram aos países pobres 2050 milhões de euros. Ou seja muitíssimo mais daquilo que é o valor da ajuda. Para além disso, os subsídios agrícolas na Europa e EUA representam um contra-senso na lógica que nos é imposta em relação aos mecanismos reguladores da economia. Numa palavra, os profetas do liberalismo de mercado não fazem em casa aquilo que propalam publicamente.
Mais grave ainda: está provado que 40 por cento do valor que se acredita dar aos países pobres é destinado a pagar a consultores internacionais. Na realidade, há hoje mais expatriados em África do que havia no tempo colonial. Quer dizer: uma parte do dinheiro está sendo absorvido pelo circuito dos países ricos. Com este dado, o valor da ajuda desce de 0.25 do orçamento para menos de 0.1 por cento. Afinal, não se está dando tanto quanto os cidadãos dos países ricos acreditam.»
(Frank Baudino)
Imprevistos...
O sistema informático do Centro Hospitalar de Lisboa (H. São José, S. António dos Capuchos e Desterro) não funciona desde o dia 08 de Julho.
Segundo Jornal Público (on line, 17.07.05), José Carneiro de Almeida, assessor de Nuno Cordeiro Ferreira, coordenador do grupo Hospitais Civis de Lisboa, a avaria constitui um imprevisto cuja solução "não está nas mãos da administração do centro hospitalar" e "não tem tido qualquer efeito sobre o funcionamento normal dos serviços, excepto uma maior demora no registo dos doentes, que é feito manualmente."
A avaria constitui um imprevisto e a solução não está nas mãos da Administração do Centro Hospitalar !
Esta é boa! Um imprevisto ?
Um imprevisto era se tivesse caído um raio sobre o Hospital de São José. Um imprevisto era se os Hospitais de São José, Santo António dos Capuchios e Desterro tivessem sido alvo de ataques terroristas. Onde poderá estar o imprevisto do funcionamento de um sistema informático que foi adquirido, montado, assistido de acordo com as decisões dos órgãos de gestão do Centro Hospitalar?
Não está nas mãos do Centro Hospitalar ?
Então está nas mãos de quem ?
Se os ventiladores da Unidade de Cuidados intensivos pararem, este senhor vem dizer que foi um imprevisto e que não está nas mãos da Administração do Hospital salvar a vida dos doentes ventilados ...
Para que situações destas não aconteçam é que existem nos Hospitais do SNS, gestores para cuidarem da gestão de compras de molde a seleccionarem os fornecedores mais aptos, com capacidade de assegurar a continuidade do funcionamento dos equipamentos. Para cuidarem da gestão da assistência Técnica, responsável pela supervisão dos contratos de assistência técnica contratados com empresas externas. No SPA não há "holdings" que obriguem a contratar empresas sem qualidade (limpeza, assistência técnica, alimentação, distribuição de produtos) só pelo facto de pertencerem ao grupo.
Mais um disparate: A paragem do sistema informático não tem qualquer influência no funcionamento normal do hospital.
Se estão a fazer a inscrição dos doentes da Urgência à mão e não processam pagamentos a fornecedores desde o dia 08 de Julho. Será isto funcionamento normal?
A situação que vivemos leva-nos a pensar que não podemos ter contemplações por desempenhos incompetentes da Gestão Hospitalar, incapazes de assegurar o "normal" funcionamento dos Hospitais do SNS.
Visto no 'Saúde SA'
Nota: Parece que pode ser ainda pior, se a falha informática tiver 'apagado' as informações sobre os dontes, as listas de espera, etc...
(Quino)
Segundo Jornal Público (on line, 17.07.05), José Carneiro de Almeida, assessor de Nuno Cordeiro Ferreira, coordenador do grupo Hospitais Civis de Lisboa, a avaria constitui um imprevisto cuja solução "não está nas mãos da administração do centro hospitalar" e "não tem tido qualquer efeito sobre o funcionamento normal dos serviços, excepto uma maior demora no registo dos doentes, que é feito manualmente."
A avaria constitui um imprevisto e a solução não está nas mãos da Administração do Centro Hospitalar !
Esta é boa! Um imprevisto ?
Um imprevisto era se tivesse caído um raio sobre o Hospital de São José. Um imprevisto era se os Hospitais de São José, Santo António dos Capuchios e Desterro tivessem sido alvo de ataques terroristas. Onde poderá estar o imprevisto do funcionamento de um sistema informático que foi adquirido, montado, assistido de acordo com as decisões dos órgãos de gestão do Centro Hospitalar?
Não está nas mãos do Centro Hospitalar ?
Então está nas mãos de quem ?
Se os ventiladores da Unidade de Cuidados intensivos pararem, este senhor vem dizer que foi um imprevisto e que não está nas mãos da Administração do Hospital salvar a vida dos doentes ventilados ...
Para que situações destas não aconteçam é que existem nos Hospitais do SNS, gestores para cuidarem da gestão de compras de molde a seleccionarem os fornecedores mais aptos, com capacidade de assegurar a continuidade do funcionamento dos equipamentos. Para cuidarem da gestão da assistência Técnica, responsável pela supervisão dos contratos de assistência técnica contratados com empresas externas. No SPA não há "holdings" que obriguem a contratar empresas sem qualidade (limpeza, assistência técnica, alimentação, distribuição de produtos) só pelo facto de pertencerem ao grupo.
Mais um disparate: A paragem do sistema informático não tem qualquer influência no funcionamento normal do hospital.
Se estão a fazer a inscrição dos doentes da Urgência à mão e não processam pagamentos a fornecedores desde o dia 08 de Julho. Será isto funcionamento normal?
A situação que vivemos leva-nos a pensar que não podemos ter contemplações por desempenhos incompetentes da Gestão Hospitalar, incapazes de assegurar o "normal" funcionamento dos Hospitais do SNS.
Visto no 'Saúde SA'
Nota: Parece que pode ser ainda pior, se a falha informática tiver 'apagado' as informações sobre os dontes, as listas de espera, etc...
(Quino)
A Esquerda e as Presidenciais
Por serem tão bons, texto e imagem literalmente roubados do 'Tugir':
"Godot, o candidato presidencial da esquerda
A esquerda está a perder, isto é se não perdeu já, o comboio presidencial.
Criam-se conjecturas, avança o deputado ou o Ministro?
O deputado manifestou disponibilidade e até agora apenas os mudos lhe respondem. O Ministro não se prenunciou e, quanto a mim, é melhor nem dizer nada. Mais vale um bom Ministro que um candidato perdedor, de acordo a máxima de um pássaro na mão do que dois a voar.
No caso do deputado, seria interessante ter um Presidente poeta, nesta pátria de poetas. Se a Checoslováquia e depois a República Checa já teve um Presidente dramaturgo, um defensor da Liberdade, e o Chefe de Estado conseguiu dar uma enorme projecção ao país, pela carreira profissional do seu Presidente, por que não Portugal ter um homem de letras como Chefe de Estado?
Que diferença! Entre um tecnocrata e um homem de letras. A forma como a política é exercida por cada um é da noite para o dia. Um sabe que para trabalhar apenas lhe basta a secretária e que lhe cheguem os dados necessários para fazer o seu serviço. O outro, para trabalhar, precisa, indispensavelmente, de ir à rua, sentir o que nela se passa, ouvir, falar, em suma, dialogar, para depois expressar o ponto de vista.
O Ministro tem surpreendido pela positiva. Confesso. Coloquei algumas reticências no início, não quanto à competência pessoal, essa jamais estaria em causa, mas quanto à pasta, muito por causa de um eixo indispensável para os Assuntos Externos portugueses: o Atlântico norte. Esta semana ficou patente na capital norte-americana que há posições que se alteram (como sempre). Um nas palavras, os outros nos actos. Ambos alteraram de posição e convergem no mesmo objectivo. Porém, o passado ideológico conta. Duas décadas em política não são nada. E quem se recorda, a maioria dos eleitores, pode entender ser incompreensível apostar numa corrida na pista completamente diferente daquela que foi percorrida, sem sucesso, há 20 anos.
Os dois dariam excelentes Presidentes. Disso não tenho dúvidas. Só que se a discussão fosse entre estes dois senhores, tudo estaria bem, para a esquerda. Todavia a esquerda perdeu três anos. Abriu e entregou à direita um caminho triunfal. Hoje, a direita, sem candidato assumido na praça pública, praticamente tem a corrida presidencial assegurada.
O candidato da esquerda já devia estar no terreno. A falar com e do país. A desmantelar uma candidatura que praticamente nada fez mas que surge como imbatível, fruto de três anos consecutivos a passar a mensagem: o nosso candidato é o melhor. Sabe-se, diz-nos o adágio, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. E o furo, no eleitorado, está feito e bem aberto, com poucas probabilidade de ser fechado ou confrontado por outra candidatura.
Recorde-se, foram três anos ao longo dos quais se foi consolidando uma candidatura sem o candidato nunca ter expresso uma palavra. Há ano e meio havia uma pessoa que queria dar o salto em Lisboa. Pretendia, então, o inquilino do edifício público próximo da Praça do Comércio saltar para Belém. O mundo dá muitas voltas e no meio do percurso, entre o Terreiro do Paço e Belém fica São Bento. Numa reviravolta inesperada, o salto foi mais curto. E como fui curto, também foi de pouca duração. Constatou-se (para os que ainda duvidavam das capacidades da personalidade) que havia mais barriga do que olhos. Quando o estômago não está preparado para trabalhos de maior carga este não aguenta. E não resistiu. Num dia tinha tudo e noutro nada.
É bem certo que em política muito muda. O último ano é prova disso. Até Janeiro muito pode acontecer, contudo no caso presidencial duvido que haja significativas alterações. Ao candidato (da direita) ainda não assumido, basta-lhe seguir com precauções, aliás precaução é palavra e princípio característico da personalidade referida, para que a candidatura tenha uma maioria absoluta na primeira volta.
A esquerda despede o tempo, pensando que este poderá jogar a seu favor. Mas o tempo não joga. E quanto mais adiar uma candidatura, mais favorece o candidato que não se assume. E não se assumirá, pelo menos enquanto não houver adversário para esgrimir no campo político e enquanto o adversário não o incomodar. Para quê gastar energia?
Por este andar e com esta atitude seria mais sensato, à esquerda, propor uma cerimónia de passagem administrativa no Palácio Ratton em meados de Janeiro de 2006.
Umas fatias de bolo-rei acompanhadas de um Porto de honra, ficaria muito mais barato aos cofres nacionais que realizar uma campanha.
Se a esquerda perder as presidenciais, como tudo indica, pode agradecer a si mesma.
Talvez Godot venha a ser o candidato presidencial da esquerda. Para já é o único que se perfila."
"Godot, o candidato presidencial da esquerda
A esquerda está a perder, isto é se não perdeu já, o comboio presidencial.
Criam-se conjecturas, avança o deputado ou o Ministro?
O deputado manifestou disponibilidade e até agora apenas os mudos lhe respondem. O Ministro não se prenunciou e, quanto a mim, é melhor nem dizer nada. Mais vale um bom Ministro que um candidato perdedor, de acordo a máxima de um pássaro na mão do que dois a voar.
No caso do deputado, seria interessante ter um Presidente poeta, nesta pátria de poetas. Se a Checoslováquia e depois a República Checa já teve um Presidente dramaturgo, um defensor da Liberdade, e o Chefe de Estado conseguiu dar uma enorme projecção ao país, pela carreira profissional do seu Presidente, por que não Portugal ter um homem de letras como Chefe de Estado?
Que diferença! Entre um tecnocrata e um homem de letras. A forma como a política é exercida por cada um é da noite para o dia. Um sabe que para trabalhar apenas lhe basta a secretária e que lhe cheguem os dados necessários para fazer o seu serviço. O outro, para trabalhar, precisa, indispensavelmente, de ir à rua, sentir o que nela se passa, ouvir, falar, em suma, dialogar, para depois expressar o ponto de vista.
O Ministro tem surpreendido pela positiva. Confesso. Coloquei algumas reticências no início, não quanto à competência pessoal, essa jamais estaria em causa, mas quanto à pasta, muito por causa de um eixo indispensável para os Assuntos Externos portugueses: o Atlântico norte. Esta semana ficou patente na capital norte-americana que há posições que se alteram (como sempre). Um nas palavras, os outros nos actos. Ambos alteraram de posição e convergem no mesmo objectivo. Porém, o passado ideológico conta. Duas décadas em política não são nada. E quem se recorda, a maioria dos eleitores, pode entender ser incompreensível apostar numa corrida na pista completamente diferente daquela que foi percorrida, sem sucesso, há 20 anos.
Os dois dariam excelentes Presidentes. Disso não tenho dúvidas. Só que se a discussão fosse entre estes dois senhores, tudo estaria bem, para a esquerda. Todavia a esquerda perdeu três anos. Abriu e entregou à direita um caminho triunfal. Hoje, a direita, sem candidato assumido na praça pública, praticamente tem a corrida presidencial assegurada.
O candidato da esquerda já devia estar no terreno. A falar com e do país. A desmantelar uma candidatura que praticamente nada fez mas que surge como imbatível, fruto de três anos consecutivos a passar a mensagem: o nosso candidato é o melhor. Sabe-se, diz-nos o adágio, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. E o furo, no eleitorado, está feito e bem aberto, com poucas probabilidade de ser fechado ou confrontado por outra candidatura.
Recorde-se, foram três anos ao longo dos quais se foi consolidando uma candidatura sem o candidato nunca ter expresso uma palavra. Há ano e meio havia uma pessoa que queria dar o salto em Lisboa. Pretendia, então, o inquilino do edifício público próximo da Praça do Comércio saltar para Belém. O mundo dá muitas voltas e no meio do percurso, entre o Terreiro do Paço e Belém fica São Bento. Numa reviravolta inesperada, o salto foi mais curto. E como fui curto, também foi de pouca duração. Constatou-se (para os que ainda duvidavam das capacidades da personalidade) que havia mais barriga do que olhos. Quando o estômago não está preparado para trabalhos de maior carga este não aguenta. E não resistiu. Num dia tinha tudo e noutro nada.
É bem certo que em política muito muda. O último ano é prova disso. Até Janeiro muito pode acontecer, contudo no caso presidencial duvido que haja significativas alterações. Ao candidato (da direita) ainda não assumido, basta-lhe seguir com precauções, aliás precaução é palavra e princípio característico da personalidade referida, para que a candidatura tenha uma maioria absoluta na primeira volta.
A esquerda despede o tempo, pensando que este poderá jogar a seu favor. Mas o tempo não joga. E quanto mais adiar uma candidatura, mais favorece o candidato que não se assume. E não se assumirá, pelo menos enquanto não houver adversário para esgrimir no campo político e enquanto o adversário não o incomodar. Para quê gastar energia?
Por este andar e com esta atitude seria mais sensato, à esquerda, propor uma cerimónia de passagem administrativa no Palácio Ratton em meados de Janeiro de 2006.
Umas fatias de bolo-rei acompanhadas de um Porto de honra, ficaria muito mais barato aos cofres nacionais que realizar uma campanha.
Se a esquerda perder as presidenciais, como tudo indica, pode agradecer a si mesma.
Talvez Godot venha a ser o candidato presidencial da esquerda. Para já é o único que se perfila."
Censura na net
A Microsoft e a Cisco Systems apoiam o governo da República Popular da China na limitação das liberdades individuais e colectivas do seu povo. Neste caso, está em causa a liberdade de acesso à informação e, eventualmente, de expressão. É a falta de consciência social do capitalismo no seu melhor (ou pior, conforme se queira ver a coisa) — o que interessa são os dólares.
(visto no 'viagens em terra alheia')
(visto no 'viagens em terra alheia')
sexta-feira, julho 15, 2005
In Memoriam
"Os grandes vultos de Azeredo e Madalena Perdigão foram os motores de uma instituição com um prestígio e dignidade notáveis. O amor pelas pessoas e pela cultura de Azeredo Perdigão obrigava a preços muito económicos nos concertos, Perdigão se visse pessoas à porta do grande auditório sem bilhete, muitas vezes jovens sem dinheiro, dizia aos porteiros: “deixem entrar toda a gente, não fica ninguém à porta na Fundação Gulbenkian”. Longe estão os dias de Azeredo Perdigão, longe está a elegância e a qualidade do homem que fez da instituição o verdadeiro ministério da cultura de Portugal. Hoje em dia a administração da Gulbenkian decide acabar com um património, que já não é pertença de uma instituição mas universal, de um dia para o outro, sem reflexão pública, de forma autoritária e como se tratasse de uma empresa que se quer deslocalizar. O respeito pelo público e pelos artistas foi o primeiro património a desaparecer o que se seguirá?"
Texto de http://criticomusical.blogspot.com
Texto de http://criticomusical.blogspot.com
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Estreia hoje na Espanha documentário "Cineastas contra magnates" do realizador catalão Carlos Benpar. Seria interessante divulgar por cá este documentário, fomentar a polémica e confrontar as autoridades que regulam a comunicação social.
"Se compro um Picasso, isso não me dá o direito de o cortar ou de pintar sobre ele e alterar as suas cores sob o pretexto de que é meu, de que o paguei e me pertence", Woody Allen.
"Interromper um filme, mortifica-lo com a inserção de spots publicitários, é uma acção criminal que deve ser regulada pelo código penal", Federico Fellini.
(notícia vista em 'o vicio da arte')
(Quino)
"Se compro um Picasso, isso não me dá o direito de o cortar ou de pintar sobre ele e alterar as suas cores sob o pretexto de que é meu, de que o paguei e me pertence", Woody Allen.
"Interromper um filme, mortifica-lo com a inserção de spots publicitários, é uma acção criminal que deve ser regulada pelo código penal", Federico Fellini.
(notícia vista em 'o vicio da arte')
(Quino)
Bússola política
Vi no blog da Carla de Elsinore a bússola política do 'Público'
Resultados sem surpresas:
Esquerda / Direita: -7.38
Autoritarismo / Libertarianismo: -6.82
de esquerda e libertária, pois claro!
Resultados sem surpresas:
Esquerda / Direita: -7.38
Autoritarismo / Libertarianismo: -6.82
de esquerda e libertária, pois claro!
quarta-feira, julho 13, 2005
Há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não
Manuel Alegre celebra 40 anos de vida literária
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
(Manuel Alegre)
(Jessica Jacobs)
«Trova do Vento que Passa»
Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio - é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.
(Manuel Alegre)
(Jessica Jacobs)
terça-feira, julho 12, 2005
Citador volta a ser notícia
O site Citador (www.citador.pt) é um banco de informação sobre temas relacionados com a leitura e o pensamento, cujo objectivo é despertar ou aumentar o interesse por estas áreas. Esta página comporta milhares de citações catalogadas por autor e tema, com constante actualização mensal de novas aquisições, permitindo ainda ao utilizador criar o seu próprio Citário (colecção de citações preferidas). "Navegue. Simplesmente navegue", são estas as instruções dadas pelos seus criadores, para que a viagem por este site seja tão interessante e construtiva quanto possível. O acesso a este sítio pode ter diversos focos de interesse, seja ele profissional, seja por lazer ou por curiosidade. É garantida a descoberta de novidades, que irão enriquecer a carteira de conhecimentos dos visitantes do Citador.
(DN online)
(DN online)
RTP 1 - Grande Entrevista
A irmã de Álvaro Cunhal, Maria Eugénia Cunhal, é a convidada de Judite de Sousa no Especial Grande Entrevista, amanhã às 23.30, na RTP1. Para além da irmã do antigo líder do Partido Comunista Português, participa no programa o escritor Urbano Tavares Rodrigues, amigo de Álvaro Cunhal.
Os créditos de Diana Andringa
Na era das novas tecnologias, foi a Internet que arrastou a polémica sobre os incidentes verificados em Carcavelos a 10 de Junho. O caso começou no dia 30 do mês passado, quando a jornalista Diana Andringa, antiga profissional da RTP e presidente do sindicato da classe entre 1996 e 98, apresentou na Videoteca de Lisboa um documentário sobre o alegado arrastão naquela praia da Linha.
O documentário "Era uma vez um arrastão", disponível no site www.eraumavezumarrastão.net, "passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa", conforme é descrito no texto de apresentação.
A divulgação do trabalho jornalístico, coordenado por Diana Andringa, actualmente desempregada e portadora da carteira profissional 169, correu célere na Web, de
e-mail em e-mail e com várias remissões e hiperligações em sites e blogues diversos. O site oficial do Bloco de Esquerda, pelo qual a jornalista se candidatará, como independente, à Câmara Municipal da Amadora, foi uma das páginas que divulgaram o trabalho, dando azo a discussões de natureza deontológica e político-partidária.
A entrevista ao comandante da PSP de Lisboa, efectuada a 7 de Julho último, foi o rastilho final que incendiou o processo. A sua disponibilização na Rede amplificou a controvérsia. A jornalista refuta, porém, as críticas. "Estou desempregada, mas não deixei de ser cidadã deste País."
VALE A PENA LER A ENTREVISTA:
Jornalista e candidata do Bloco de Esquerda à Amadora, Diana Andringa está debaixo de fogo. Em entrevista ao DN, explica que fez tudo por cidadania e critica a classe profissional dos jornalistas
Porque decidiu fazer um documentário sobre o arrastão e uma entrevista ao comandante da PSP de Lisboa?
Quando se deram os incidentes em Carcavelos, verificámos que se estava a levantar um clima de racismo e entendemos que era necessária, por um lado, uma reflexão sobre o caso e, por outro, fazer uma defesa dos direitos das minorias étnicas residentes em Portugal.
Foi apenas um acto de cidadania?
Sim, claro. Porque achámos que ali havia qualquer coisa mal contada. Inclusivamente, pareceu-nos que o comandante Oliveira Pereira, nos dias que se seguiram aos incidentes, já estava a diminuir a dimensão dos acontecimentos e ninguém na imprensa ligou ao assunto.
Porquê?
Porque, apesar dos relatos contraditórios, ninguém quis investigar. A pressa e a concorrência criam um clima de imprensa de pacote. Investigam em pacote e tiram conclusões em pacote. Há que parar para pensar e os jornalistas não fizeram isso.
Falta sentido crítico ao jornalismo?
Claro que falta. Há muito tempo que falta. Eu não critico os jornalistas que estão no terreno. Faltam é editores com experiência e sangue frio, que pensem. E foi por isso que achámos que podíamos e devíamos fazer um documentário para desmontar toda essa situação.
Depois do documentário veio a entrevista ao comandante da PSP de Lisboa.
Foi uma entrevista de grande urbanidade e muita coragem. É preciso que isto se diga num país onde é tão raro reconhecer os erros, ele merece ser prezado, reconheceu que tinha havido um excesso da polícia e reafirmou-nos tudo aquilo que tinha tentado explicar nos dias seguintes aos incidentes.
Mas fez a entrevista a que título? Como jornalista?
Sim, claro. Eu sou jornalista. Estou no desemprego, mas não deixei de ser jornalista.
Em declarações ao Expresso deste sábado, Oliveira Pereira diz-se indignado com o "inqualificável aproveitamento político" das suas declarações, "prestadas a alguém que pensava ser uma jornalista com ética"...
Pois, fico triste. Quase aos 58 anos, depois de ter sido presidente do Sindicato dos Jornalistas, ser primeira página do Expresso não me deixa feliz. Nunca tinham colocado em causa a minha ética profissional.
Explicou ao comandante Oliveira Pereira os objectivos do seu trabalho?
Claro que sim. Não percebo como é que ele diz que pensou que a entrevista era para um estudo. Ele perguntou-me se ia para alguma televisão e eu disse-lhe que não, que ia ser apresentado publicamente e, depois, provavelmente seria colocado num site na Internet.
E quanto às críticas de aproveitamento político que lhe fazem, pelo facto de ser candidata do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal da Amadora?
Mas qual aproveitamento político? É mentira que os documentários estejam no site do Bloco. O que há lá, e há desde o primeiro documentário, a 30 de Junho, é uma remissão para o site "Era Uma Vez um Arrastão", onde colocámos esses conteúdos.
Foi a Diana que ligou para o Expresso a dar a informação da entrevista?
Quando saímos do encontro com o comandante, pensámos que tínhamos ali uma grande entrevista. E ligámos para vários jornais, para dizer que a íamos colocar online. O Expresso foi um deles.
E trouxe a história na primeira página...
E só por isso é que voltou a ser notícia. E é falso que a entrevista tenha sido colocada no site do Bloco. Isso sim, é manipulação política. Há uma espécie de loucura da classe jornalística, sempre que um dos seus entra num combate político.
Porquê?
Não sei, é intrínseco à classe. Ora, o que acontece é que não é a primeira vez que eu me meto em política. Passei a minha vida em comissões de trabalhadores, fui presidente do Sindicato dos Jornalistas, estive presa com 22 anos. Sempre estive do lado da cidadania política.
É diferente de um combate político, como candidata a uma autarquia...
E qual é o mal? Parece que estar ligada à política é uma peste. Parece que fazer política é um acto feio, como a pedofilia.
Mas é inegável que lhe trouxe notoriedade pública...
Notoriedade, sim, mas não foi boa. Nem rende votos. Todos nós sabemos que os imigrantes e os de segunda geração, que não têm nacionalidade portuguesa, não votam. Portanto, não estou a garantir mais votos. É um pensamento mesquinho. Nunca variei, sempre assumi as minhas opções políticas.
Se não fosse candidata do Bloco de Esquerda à Câmara da Amadora teria feito à mesma estas reportagens?
Claro que sim. Não tem nada a ver. Aborrece-me, sinceramente, que passem essas coisas pela cabeça das pessoas.
Mas não se livra, pelo menos, de haver quem pense que é falta de ética...
Não vejo porquê. Estou desempregada. Eu não estou no exercício da profissão, estou no exercício do desemprego. Pouco ético era se eu estivesse a fazer política na RTP, acompanhar uma acção do PSD e, ao mesmo tempo, candidatar-me pelo Bloco de Esquerda.
E a campanha eleitoral?
Ainda não começou. E só vou anunciar a candidatura em breve. Tenho toda a liberdade de ser candidata.
Vai entregar a carteira profissional de jornalista, suspendendo assim a sua actividade profissional?
Enquanto candidata, não tenho de entregar a carteira. Apenas não posso fazer coisas incompatíveis. E por lei só terei de entregar a carteira profissional se for eleita para a vereação da autarquia.
Portanto, não vai suspender a actividade a partir do momento em que assumir a candidatura?
Ainda estou a pensar. Não sou obrigada, mas perante o mal-estar que isto causa, admito que sim.
(DN online)
O documentário "Era uma vez um arrastão", disponível no site www.eraumavezumarrastão.net, "passa em revista um crime que nunca existiu, a atitude dos media perante uma história explosiva e as consequências políticas e sociais de uma notícia falsa", conforme é descrito no texto de apresentação.
A divulgação do trabalho jornalístico, coordenado por Diana Andringa, actualmente desempregada e portadora da carteira profissional 169, correu célere na Web, de
e-mail em e-mail e com várias remissões e hiperligações em sites e blogues diversos. O site oficial do Bloco de Esquerda, pelo qual a jornalista se candidatará, como independente, à Câmara Municipal da Amadora, foi uma das páginas que divulgaram o trabalho, dando azo a discussões de natureza deontológica e político-partidária.
A entrevista ao comandante da PSP de Lisboa, efectuada a 7 de Julho último, foi o rastilho final que incendiou o processo. A sua disponibilização na Rede amplificou a controvérsia. A jornalista refuta, porém, as críticas. "Estou desempregada, mas não deixei de ser cidadã deste País."
VALE A PENA LER A ENTREVISTA:
Jornalista e candidata do Bloco de Esquerda à Amadora, Diana Andringa está debaixo de fogo. Em entrevista ao DN, explica que fez tudo por cidadania e critica a classe profissional dos jornalistas
Porque decidiu fazer um documentário sobre o arrastão e uma entrevista ao comandante da PSP de Lisboa?
Quando se deram os incidentes em Carcavelos, verificámos que se estava a levantar um clima de racismo e entendemos que era necessária, por um lado, uma reflexão sobre o caso e, por outro, fazer uma defesa dos direitos das minorias étnicas residentes em Portugal.
Foi apenas um acto de cidadania?
Sim, claro. Porque achámos que ali havia qualquer coisa mal contada. Inclusivamente, pareceu-nos que o comandante Oliveira Pereira, nos dias que se seguiram aos incidentes, já estava a diminuir a dimensão dos acontecimentos e ninguém na imprensa ligou ao assunto.
Porquê?
Porque, apesar dos relatos contraditórios, ninguém quis investigar. A pressa e a concorrência criam um clima de imprensa de pacote. Investigam em pacote e tiram conclusões em pacote. Há que parar para pensar e os jornalistas não fizeram isso.
Falta sentido crítico ao jornalismo?
Claro que falta. Há muito tempo que falta. Eu não critico os jornalistas que estão no terreno. Faltam é editores com experiência e sangue frio, que pensem. E foi por isso que achámos que podíamos e devíamos fazer um documentário para desmontar toda essa situação.
Depois do documentário veio a entrevista ao comandante da PSP de Lisboa.
Foi uma entrevista de grande urbanidade e muita coragem. É preciso que isto se diga num país onde é tão raro reconhecer os erros, ele merece ser prezado, reconheceu que tinha havido um excesso da polícia e reafirmou-nos tudo aquilo que tinha tentado explicar nos dias seguintes aos incidentes.
Mas fez a entrevista a que título? Como jornalista?
Sim, claro. Eu sou jornalista. Estou no desemprego, mas não deixei de ser jornalista.
Em declarações ao Expresso deste sábado, Oliveira Pereira diz-se indignado com o "inqualificável aproveitamento político" das suas declarações, "prestadas a alguém que pensava ser uma jornalista com ética"...
Pois, fico triste. Quase aos 58 anos, depois de ter sido presidente do Sindicato dos Jornalistas, ser primeira página do Expresso não me deixa feliz. Nunca tinham colocado em causa a minha ética profissional.
Explicou ao comandante Oliveira Pereira os objectivos do seu trabalho?
Claro que sim. Não percebo como é que ele diz que pensou que a entrevista era para um estudo. Ele perguntou-me se ia para alguma televisão e eu disse-lhe que não, que ia ser apresentado publicamente e, depois, provavelmente seria colocado num site na Internet.
E quanto às críticas de aproveitamento político que lhe fazem, pelo facto de ser candidata do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal da Amadora?
Mas qual aproveitamento político? É mentira que os documentários estejam no site do Bloco. O que há lá, e há desde o primeiro documentário, a 30 de Junho, é uma remissão para o site "Era Uma Vez um Arrastão", onde colocámos esses conteúdos.
Foi a Diana que ligou para o Expresso a dar a informação da entrevista?
Quando saímos do encontro com o comandante, pensámos que tínhamos ali uma grande entrevista. E ligámos para vários jornais, para dizer que a íamos colocar online. O Expresso foi um deles.
E trouxe a história na primeira página...
E só por isso é que voltou a ser notícia. E é falso que a entrevista tenha sido colocada no site do Bloco. Isso sim, é manipulação política. Há uma espécie de loucura da classe jornalística, sempre que um dos seus entra num combate político.
Porquê?
Não sei, é intrínseco à classe. Ora, o que acontece é que não é a primeira vez que eu me meto em política. Passei a minha vida em comissões de trabalhadores, fui presidente do Sindicato dos Jornalistas, estive presa com 22 anos. Sempre estive do lado da cidadania política.
É diferente de um combate político, como candidata a uma autarquia...
E qual é o mal? Parece que estar ligada à política é uma peste. Parece que fazer política é um acto feio, como a pedofilia.
Mas é inegável que lhe trouxe notoriedade pública...
Notoriedade, sim, mas não foi boa. Nem rende votos. Todos nós sabemos que os imigrantes e os de segunda geração, que não têm nacionalidade portuguesa, não votam. Portanto, não estou a garantir mais votos. É um pensamento mesquinho. Nunca variei, sempre assumi as minhas opções políticas.
Se não fosse candidata do Bloco de Esquerda à Câmara da Amadora teria feito à mesma estas reportagens?
Claro que sim. Não tem nada a ver. Aborrece-me, sinceramente, que passem essas coisas pela cabeça das pessoas.
Mas não se livra, pelo menos, de haver quem pense que é falta de ética...
Não vejo porquê. Estou desempregada. Eu não estou no exercício da profissão, estou no exercício do desemprego. Pouco ético era se eu estivesse a fazer política na RTP, acompanhar uma acção do PSD e, ao mesmo tempo, candidatar-me pelo Bloco de Esquerda.
E a campanha eleitoral?
Ainda não começou. E só vou anunciar a candidatura em breve. Tenho toda a liberdade de ser candidata.
Vai entregar a carteira profissional de jornalista, suspendendo assim a sua actividade profissional?
Enquanto candidata, não tenho de entregar a carteira. Apenas não posso fazer coisas incompatíveis. E por lei só terei de entregar a carteira profissional se for eleita para a vereação da autarquia.
Portanto, não vai suspender a actividade a partir do momento em que assumir a candidatura?
Ainda estou a pensar. Não sou obrigada, mas perante o mal-estar que isto causa, admito que sim.
(DN online)
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